José Sá Fernandes disfarçado de Homem-aranha: o resolutor de problemas na cidade
O homem disfarça-se de agente secreto e descobre corruptos, identifica violações de planos de pormenor na realização de obras na Capital, descobre reservas ambientais onde patos bravos fizeram planos para construir arranha-céus e o mais.. De facto, Sá Fernandes é uma espécie de Homem-aranha da autarquia de Lisboa, é o símbolo de como um homem apenas, apoiado pela força política mais pequena (o BE) - consegue criar um vendaval político em toda a Lisboa mandando para o psiquiatra, senão mesmo para o Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL, que tem umas belas vistas sobre o Praque Eduardo VII) a maior parte dos vereadores com o mandato suspenso e outros que, porventura, tenham metido as "mãos na massa" e ainda aguardem pelo que situação vai dar...
O homem-aranha disfarçado de José Sá Fernandes...
Foi isto que me fez lembrar aquelas declarações torpes do Sr. Fontão de carvalho que deveria estar caladinho até a sua situação transitar em julgado. Mas ele não consegue calar-se porque a sua ambição é maior do que ele, e o recurso à mentira, ao expediente soez, à simulação e às declarações para baralhar as ideias do zé povinho - que o sr. Fontão julga ser estúpido e alienado - denotam uma outra coisa igualmente grave em democracia: é que o recurso à simulação e mesmo à mentira (ou às meias verdades no jogo das suas omissões) é igual em democracia e em ditadura, o que é preciso é que sejam eficazes.
Mas uma leitura mais fina das palavras do Sr. Fontão revelam ainda uma outra perversidade, na medida em que ele julga que o recurso à mentira e áquelas meias verdades (ou omissões, em que o sr. Fontão já é catedrático) se tornam eficazes em democracia porque permitem captar votos num espectro mais alargado de eleitores, enquanto que na ditadura ao agente político basta impor-se pela força e dominar em lugar de convencer.
Ou seja, o sr. Fontão de Carvalho está numa posição tão delicada quanto dramática, a sua honorabilidade anda pelas ruas da amargura, pode até ir dormir à cadeia se se provarem algumas das alegadas suspeitas, por isso era suposto que ele fosse humilde e não se armasse em "chico-esperto" com declarações torpes daquela natureza. Ante isto, o que é que o homem faz? Ainda se arma em soberbo e arrogante e diz que, em tese, poderia candidatar-se à autarquia de Lisboa.. Coisa verdadeiramente vergonhosa, denotando que Fontão de Carvalho teve bons mestres da mentira, da omissão e da hipocrisia. Até parece que ele está já a pensar nos próximos clientes da autarquia a fim de realizarem mais umas empreitadas etc e tal. E é nesta zona cinzenta - do "etc e tal" - que se jogam as jogadas mais perversas e ilícitas conhecidas dos lisboetas e dos portugueses.
Ao reler estas declarações do Sr. Fontão de Carvalho lembrei-me quão ignorante ele, no fundo, é. Pois se tivesse lido um pouco de Maquiavel teria percebido que não é salutar continuar a dar tiros nos pés, sobretudo porque com aquele verdadeiro mestre do pensamento político - tantas vezes injustiçado - acabou-se a hipocrisia dos bons sentimentos. E aquilo que o sr. Fontão de Carvalho demonstrou nas suas miseráveis declarações, além do profundo desrepeito votado aos munícipes lisboetas, foi uma coisa ainda mais soez e canalha e verdadeiramente inaceitável em democracia pluralista: é que a luta pela conquista do poder não pode violar todos os princípios, mesmo quando as ambições egoístas daqueles que estão sentados no banco dos réus não conseguem refrear esses seus ímpetos egocêntricos.
Em tempos Henry Kissinger dizia que o poder era o maior dos afrodisíacos, por isso o ex-secretário de Estado norte-americano se fazia acompanhar nas suas digressões pelo mundo por bonitas mulheres loiras. Hoje, ao ler as declarações hipócritas de Fontão de Carvalho, constato que ele ainda acredita que o poder é um afrodisíaco...
O que me leva a supor que além dos problemas e suspeitas de corrupção alegadamente conhecidas, certos vereadores com mandato suspenso também sofrem de impotência sexual...
<< Home