sexta-feira

Confesso ter uma certa solidariedade por Carmona: foi o sub-produto do PsD, acabou trucidado por ele. Hoje quer respirar sem máquina

CARMONA RODRIGUES EM EQUAÇÃO. ANÁLISE E REFLEXÃO POLÍTICA
Carmona hoje é um pássaro ferido das duas asas. Sente-se traído depois de jogar o jogo da cadeira, os veradores de serviços - os pequenos Líparis Abranhos - foram os primeiros a executar as pequenas traições e a servir o partido e o líder de MMendes, quando antes estavam com Carmona. A política, a baixa política é assim, feita por gente pouco qualificada,técnica e moralmente. Infelizmente, conheço pessoalmente alguns desses pigmeus de veração canina subordinados à S. Caetano sem terem uma única ideia na cabeça.
Mas Carmona cometeu o erro de se rodear e deixar enredar por esses pequenos caciques que o iam manietando, gradualmente e isso tolheu o espaço de manobra de Carmona - cuja vocação política também não é muita. E a propósito da amizade em política - recorremos a Aristótelese escrevemos aqui esta pequena reflexão (pedindo desde já desculpa por me citar):
Curiosamente, hoje Carmona tem vindo a produzir discursos mais assertivos, mais combativos, mais estruturados, mais políticos. Ele apela à juventude, pede-lhe para rejeitar a vaidade e os jogos partidários. Tudo coisas em que ele se deixou enredar pelos vereadores do PsD mafioso que o cercou, o minou e o infiltrou de assessores, cunhas a ponto de paralisarem o homem, as decisões e a estratégia (inexistente para a cidade de Lisboa). Apelou ainda à dedicação dos milhares de funcionários camarários que, curiosamente, simpatizam com Carmona. E quando lhe perguntam o que vai fazer amanhã em termos políticos Carmona - que está agora a fazer o verdadeiro estágio político, nada responde. Faz bem..
Ora, é aqui que podemos registar a evolução do Carmona técnico para o Carmona político. Ou seja, Carmona começa a dizer menos do que o necessário, aprendeu com a cambada que o rodeava. Que significado é que isto tem?
Cremos que esta evolução no profile de Carmona se deve, essencialmente, ao facto de estar, sobretudo agora - ferido e com a honra por defender. Hoje revela ambições políticas, razão por que procurará impressionar as pessoas com palavras, revelando o essencial, ressaltando certos valores: juventude (não partidária, naturalmente, porque dessa deve estar ele farto), profissionalismo, não à vaidade, etc. Mesmo que Carmona diga o banal, vai parecer original se o tornar vago, enigmático. Aqui o propósito de Carmona é só um: deixar MMendes o aparelho do PsD politicamente cego e reservar para si um espaço de autonomia para protagonizar uma candidatura verdadeiramente independente. Será que consegue?
Será que este despertar para a política não será demasiado tardio?
Seja como for, Carmona tem uma certeza: sabe que quanto mais fala maiores são as probabilidades de dizer asneiras, daí passar a falar pouco, porque só assim intimida e mostra ser poderoso e enigmático. Creio, portanto, que Carmona está no bom caminho. E agora que cessou funções é que ele começou a ser político.
Não é isto admirável!!!??
PS: Se calhar Carmona já ganhou uns posts de apoio. Não pela sua vocação política, que não demonstrou nestes 2 anos, mas porque está a começar a ser político, doravante.

PS2: Zézinha Nogueira Pinto escreve um artigo interessante aqui sobre Carmona, Lisboa e o PsD de que aqui deixamos um excerto. E por falar em execerto, será que ela foi de facto agredida pelo deputado do seu partido...

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Mas Carmona Rodrigues não reunia, à partida, condições pessoais para governar. Faltou-lhe punch político e liderança, mas sobretudo uma ideia de fundo, uma teoria geral sobre a cidade. Que queria afinal Carmona para Lisboa? Não soubemos e não saberemos. Passada a fase demagogicamente patética das 309 medidas em 150 dias (onde já se viu…) entrou-se rapidamente na fase das decisões casuísticas, do adiar de problemas, da reabertura inevitável de dossiês polémicos. E depois, como se previa, a instabilidade da máquina e o estrangulamento financeiro fizeram o resto.O PSD de Lisboa e Marques Mendes cedo entregaram Carmona à sua sorte, isolaram-no, contrariaram-no, dificultaram as decisões, atrasaram os procedimentos, desgastaram-no. Porquê? A esta pergunta não é fácil dar uma resposta racional. Tinha o PSD de Lisboa outra solução, algum plano de contingência? Pensava poder provocar eleições intercalares sem sofrer um pesado ónus? Acaso não fora esta a sua escolha, a sua melhor oferta a Lisboa?

(...)