segunda-feira

What you see is what you get...

Aquilo que mais apreciamos em António Vitorino além do talento e inteligência naturais que Deus lhe deu decorre da sua autenticidade. Não pelo facto de ele ter evocado a palavra "sincero" duas ou três vezes (a propósito de Cavaco e de Hillary Clinton) - mas porque se intui fácilmente que está alí alguém que não faz fretes e diz o que pensa sem grandes filtragens nem premeditações, não obstante a pequena gaf da semana passada quando disse o que disse sobre o referendo ao aborto no tempo em que Guterres era PM, sabendo-se das ligações e posição daquele face à Igreja e ao aborto, que pesou no resultado.
Também não se pode ser perfeito... Contudo, apreciei a 1ª declaração de Vitorino hoje nas suas Notas Sotas sobre Cavaco: causou logo uma 1ª boa impressão, talvez porque Cavaco seja de facto um profissional da política e não um amador como Durão barroso - em que o paralelismo da frase tem cabimento, basta recordar as abadas que Guterres dava a durão do Parlamento a propósito de tudo e de nada. Lembram-se da cara de barroso (parecia mesmo um cherne...se calhar vem daí..), de como respondia a Guterres nas interpelações na AR, das dificuldades que tinha em impôr-se, da forma quase aviltante como abandonava aquele hemiciclo que abria alas para Guterres passar... Eis o que me evocou esta 1ª frase de António Vitorino relativamente a Cavaco mas que se aplica admiravelmente a fujão barroso quando competia ao lugar de PM enquanto Guterres era PM. Depois desertou inaugurando assim uma fase insólita na democracia pluralista em Portugal - reforçada e degenerada por durão - em que os mandatos de 4 anos passaram a durar apenas dois. Pelos vistos fez doutrina, uma doutrina que Vitorino aqui evocou hoje sem peias.
Também apreciámos o mea culpa de AV sobre o perfil e a performance de Cavaco neste seu 1º ano de mando presidencial. Na realidade, foram os 10 milhões de portugueses que devem ter feito o juízo de Vitorino, na meddia em que era difícil conceber que alguém com um perfil tão executivo como Cavaco esteja a entrusar-se tão bem com o executivo de Socas. Esperemos o que o futuro nos reserva, ou seja, será que no decurso dos próximos três anos haverá alguma tentação de Cavaco em imiscuir-se em S. Bento?! No lo creio... Até pelo perfil psico-político de Sócrates - que tem dado corda larga a Belém e, pela certa, consultado o professor de Finanças em matéria de decisões que envolvam a economia internacional - que é uma espécie de lagosta política para Cavaco.
Assim, ambos navegam em velocidade de cruzeiro, mas as crises espreitam em cada esquina como recordou, e bem, António Vitorino. Lembrando logo de enfiada aquilo que o dr. Sampaio teve de gramar com o abandono de Guterres: uma Manela Ferreira leite completamente obsecada com o défice e as contas públicas sem pensar na economia real e com a agravante de ter metido o Paulo Macedo na DgCI) - e depois o maior logro político post-25 de Abril com a entronização de no Palácio da Ajuda de sLopes em S. Bento. Quem não se lembra daquele espectáculo deprimente em que Lopes procurava acertar na folha do discurso à Fidel Castro - e a toque de Lexotan... Só por isto Sampaio teria ficado louco, apesar de outros defenderem a ideia que já o era antes de ser PR. Nós acreditamos em todas as hipóteses mas com predominância desta última.
Relativamente ao QREN (o novo QCA) há que ser mais criterioso na aplicação dos cerca de 21,5 mil milhões de euros, são muitos zeros... que doravante terão de ser mais eficazmente empregues no planeamento e ordenamento do território, na competitividade das empresas e na qualificação e educação das pessoas, uma outra paixão de Guterres: as pessoas não são números...Quem já se lembra destas formulas do marketing político buriladas por Edson Ataíde, um rapaz brasileiro que sem ser um génio conquistou o coração de Guterres. Ainda assim, AV asseverou que teremos de adoptar critérios que permitam quantificar os resultados desejados para a aplicação daquelas verbas, e os Jeeps, o betão, e a corrupção na (de)formação profissional não serão certamente esses indicadores que permitam aferir esse quantum.
De seguida o Notas Soltas centrou-se nas OPAS amigáveis de Belmiro - que diz só aumentar o valor das acções se descobrir petróleo..., porventura estaria a lembrar-se daquela peça de Raul Solnado com o nome Há petróleo no Beato...A outra versão é: Havia diamantes na jamba, mas o avião caíu... Mas adiante. Vitorino explicou em metade do tempo utilizado por Marcelo a questão da desblindagem dos estatutos da PT - que terá lugar na próxima AG e da forma como os accionistas e demais oferentes possam funcionalizar a tomada de acções em em mercado.
Quanto a Hilária Clinton, Segoléne e Merkel...apenas têm em comum serem do mesmo sexo, ou seja, são ambas mulheres - mas só uma conseguiu chegar a PM, Angela Merckel. Depreendi que dona Hilária - como dizia Agostinho da Silva, será engolida por Obama Barack - ou então poderá até conquistar a melhor posição entre os democratas e bater Barack, mas depois faltar-lhe-á algo que Vitorino também não disse (seria um Ferrer Roché!!!???, uma Mónica Lewinski versão masculina...) mas que o candidato republicano terá. We shall see, ou Wait and see - como diz Vitorino.
Todavia, confesso que só faltou referir-se uma coisinha, que não se prende com os desencontros de datas da viagem do PM à China - com quem terá de fazer a Cimeira na 2ª metade deste ano quando em Julho de 2007 Portugal assumir a Presidência rotativa da UE. E essa coisinha remanescente que pulula na minha cabeça é que com o regresso da família durão Barroso de Bruxelas a mulher deste, para igualar Segoléne e dona Hilária Clinton - apresenta-se a concurso a umas eleições quaisquer. Mesmo que seja para perder, pouco importa. O que relevará então é que tal como Segoléne e Hillary o momento em que estas mulheres decidem avançar e candidatar-se coincide com a morte política dos respectivos maridos.
Sendo certo que isto até será mais válido para o marido de Segoléne, dado que o sr. Durão já estão políticamente morto há muito tempo, só que não sabe..