quarta-feira

Vicente Jorge Silva mostra a sua amizade por Ana Gomes

Sou amigo de Ana Gomes e tenho grande apreço pelas suas qualidades políticas - pela frontalidade, a coragem e a paixão com que se bate pelas causas em que acredita. Ela bateu-se quase sozinha na frente diplomática - primeiro ainda nos bastidores das chancelarias, depois como nossa embaixadora em Jacarta - pela causa de Timor, suscitando o respeito e a admiração de adversários temíveis como o antigo ministro dos Estrangeiros indonésio, Ali Alatas. Agora, deputada europeia, tem-se batido para que se apure a verdade acerca dos voos clandestinos da CIA sobre território português e o estacionamento em aeroportos nacionais de aviões transportando alegados suspeitos de terrorismo para prisões secretas fora do território americano, onde esses prisioneiros seriam sujeitos a torturas e outros tratamentos interditos pelas convenções internacionais. (...)

Concordamos com VJS - mas desta vez é para discordar. Ou melhor, Vicente Jorge Silva deveria ter escrito esta carta mas dirigida a Durão Barroso, a cabeça da hidra que abriu este precedente perigosíssimo que um dia ainda abrirá a porta a que um atentado terrorista ocorra em Portugal. O que se vier a acontecer deverá, desde já, ser imputado a lógica que presidiu à Cimeira dos Azores e ao papel pró-activo que nela Durão teve. Tudo para servir os interesses doentios de Bush e Blair, a arrastadeira. Ainda que alterasse os termos, pois não estou a ver o jornalista a revelar por barroso o mesmo apreço que aqui demonstra pela sua amiga. A qual ainda ontem foi prendada pela sua prestação na avaliação que fez dos actores da História de Portugal.