Voar alto para evitar os Abranhos deste Portugal boçal que cheira mal...
Sempre me fascinou a possibilidade de um dia poder voar. Como não o podemos ainda fazer, resta-me contemplar essa característica nas aves. Muito podemos aprender com elas, por exemplo os gansos só vôam em configuração de "V". E tem um objectivo: fazer com que o batimento das asas nessa configuração permita criar um vácuo para a ave seguinte passar e, desse modo, o bando inteiro gozar dum desempenho 80% melhor do que se voasse sózinha. O mesmo se passa em competição de Fórmula 1, em que o carro de trás procura sempre tirar vantagem da aspiração do motor do carro que segue imediatamente à frente, embora aqui o objectivo seja diverso do dos gansos. Mas isto permite-me pensar como é que um dia nós, o povo, a democracia em que vivemos - que ainda é profundamente imperfeita, injusta e até corrupta e boçal, podemos aplicar o mesmo princípio para nos livrarmos de certos cromos e figurantes do poder local e nacional que andam por aí passeando a sua prepotência, arrogância e soberba... É para esses figurantes menores dum espectáculo decadente e decrépito que os mais lúcidos terão de apontar baterias e impedir que, no futuro, se gerem condições de poder análogas que viabilizem que um sujeito, qualquer que ele seja, possa estar mais de 8/12 anos (no máximo) no poder. Permitir isto no seio das normas que funcionalizam o sistema político democrático é permitir que o ninho da corrupção, do nepotismo, da arrogância e da soberba se instalem e reproduzam nos comandos de poder local e central em Portugal. País que se diz da Europa, moderno e desenvolvido, muito embora careça de aprender a lidar com tais figurantes seguindo à risca as 12 lições de certas aves. Certos "cromos" do poder local actuam de charuto, esbracejando sempre muito; alguns fazem-nos já alcoolizados, para facilitar a desinibição e a ofensa fácil; outros fingem que a vida é um carnaval pegado, e desconhecem que já há muito que são palhaços fora de época, e por isso nos divertem; outros ainda apresentam-se com penteados caricatos - tentando esconder a careca - com o cabelo que já não têm, numa analogia à forma como governam as suas localidades ou regiões. Há de tudo, menos rigor, competência, sinceridade e eficácia nas políticas públicas - a maior parte das quais centradas em rotundas, betão e noutras fachadas para ganhar eleições. E é assim, há 30 anos em Portugal em certas localidades - ante a alienação massiça da populaça. Agora, neste novo ciclo do poder local em Portugal, urge investir em políticas culturais nas localidades. Mas como (???) se as pessoas que estão à frente dessas autarquias são a imagem do paradigma negativo que impede a realização do que deve ser uma actuação de visão estratégica integrada de todas essas políticas públicas. Será, mau grado, como pedir ao coxo que vá para as olimpíadas e traga o título.. O que me faz supôr que certos autarcas são como certas galinhas - que por fora apresentam um look e por dentro outro. E as condições de vida locais das populações desse Portugal-profundo enfermam também dessa dualidade miserável.
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