O professor é o professor, o político - nem sempre é (o) político. Fica o professor..
MARCELLO CAETANO visto por José Adelino Maltez:
- O professor é o professor
- O político é o político
- A moral de convicção (kantiana/ os meios) é uma coisa
- A moral de responsabilidade (maquiavélica/razão de Estado/os fins/resultados) é outra coisa
- Kant já morreu:
- - Antes dele Maquiavel
- - Depois dele foi Weber
- Nós ainda cá estamos - a lembrá-los, a eternizá-los - antes de termos o mesmo destino, mas nunca tamanha glória.
- E eu gostei desta devida evocação do grande mestre, docente, investigador, jurista, historiador.. O sublinhado é nosso.
[...]
Ontem foi mais um dia de muitos outros onde não descobri o silêncio nem a falta de paraíso, com mais uma prova de doutoramento onde fui um dos arguentes e uma conferência em memória de um dos maiores professores universitários do século XX que, por acaso foi presidente mandador mor da nossa república. Um dos que viveu a angústia do conflito entre a ética da convicção, como deve ser a razão da Universidade, e a ética da responsabilidade, que faz submergir o humanismo no mar maquiavélico da chamada razão de Estado. E Marcello Caetano, é dele que estamos falando, não conseguiu conciliar o lume da dita racionalidade finalística (a Zweckrationalitat de Weber) com o lume da dita profecia (Padre António Vieira), equivalente à weberiana racionalidade valorativa (Wertrationalitat). Ficou-se pela angústia, pela fidelidade a uma certa ideia eterna de universidade e pelo sonho de um certo patriotismo científico. Faz hoje parte da nossa história dos vencidos e por isso continua eterno.
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