quarta-feira

Longe perto

Orhan Pamuk já há muito era um genial escritor, muito antes desta pequena formalidade de consagração que consiste em fixar o peso do prestígio numa prateleira e numa vitrine que todos podem olhar e ver e nos milhares de euros que engordam a conta bancária. Mas hoje, porque gostamos de livros, estes - de par com os cães - raramente nos traem - chegamos aqui a uma síntese estranha ao mesmo tempo próxima - em que aquele que ainda não vemos ou conhecemos nos entra alma adentro através dum livro. E é duma citação de Ibn Zerhani - que aparece num dos livros do actual nobel da Literatura - que aqui ressalto:
Nada pode ser mais assombroso que a vida. Salvo a escrita.
Cuja reflexão dedicamos alí à Mixikó (uma amiga e leitora do Macro) que - deve ser a surpresa do próprio conceito de surpresa. Nesta surpresa geral que é a própria Vida - que nos é dado viver. Até que o Senhor quiser.. E esse "até" - também não deixará de ser uma outra surpresa, quiça a surpresa das surpresas de entre a incerteza geral dos tempos que todos vamos vivendo...
PS: Há alí uma semelhança de Pamuk com o actor norte-americano Jeff Bridges - que fez vários filmes de qualidade, que "assombra". Sempre que vejo um lembro-me do outro. Ainda penso que são a mesma pessoa, ou que Pamuk antes de ser escritor já era actor, ou vice versa... Seria até interessante constatarmos que o nobel da Literatura foi entregue este ano a um escritor que, verdadeiramente, era actor. Geralmente, o júri do Prémio Alfred Nobel costuma cometer erros bem mais crassos, e um deles até foi cometido em 1998, quando deveria ser Vergílio Ferreira ou outro bom escritor português o nobilizado e o júri, embriagado, doente ou paralítico - aventou-nos um calhau à testa.. O mesmo que vive em Espanha, transpira ódio por todos os buracos da pele, anda há mais de dez anos incompatilizado com Portugal e, ainda por cima, é arrogante e ingrato para com Portugal que o promoveu.Nisto não há nenhuma glória..