Os dinossaurios do poder local 30 anos após o 25 de Abril: dois retratos abusivos
Nota prévia: Não conseguimos perceber a razão pela qual desapareceu o restante corpo do autarca (alí na foto) dos arredores de Coimbra - que já dirige a autarquia quase há tantos anos como aqueles que tem, ou metade do dobro. Em Coimbra - dezenas de conhecidos, familiares e amigos já dizem que faz parte da mobília, como aqueles móveis Luís XV em museus decadentes que já ninguém visita: estão velhos, já não dão horas, fazem algum barulho, incomodam porque produzem poluição visual (e sonora) e são albergue de parasitas, ou seja, estão lá, mas já não servem para nada. Em Lisboa, o engº Camona Rodrigues também corporiza esse paradigma invertido do que deveria ser uma boa governança autárquica. Já aqui o aconselhámos - pois sabemos que muitos seus vereadores passam horas no Macro, alguns adormecem ou até se esquecem de desligar o botão - que finga que vá ao WC por forma a libertar Lisboa da onda de inércia, corrupção administrativa, nepotismo e o mais - de que o caso do empreendimento da Infante Santo é um exemplo gritante - e se vá embora definitavemente. Seria a melhor medida política que ele poderia tomar para bem dos lisboetas. Em Coimbra garantem-me que regressariam a felicidade e a democracia a Poiares se o autarca seguisse a mesma trajectória. Mas é como digo: continuamos a não entender a razão por que alguns autarcas do país só enviam para a Internt fotografias a meia dose por forma a ver-se só a cabeça. Em inúmeros casos é até a parte menos produtiva. Será que é para mostrar que poupam muitos recursos ao erário público... Pergunto-me se não será por isso que são tantas vezes eleitos!?
O que aproxima estes dois "dinossauros-rex" do Poder local em Portugal? Para além do charuto, haverá mais semelhanças do que diferenças? No estilo, na obra, nos alvarás, no betão, na betoneira, na teias de cumplicidades perigosas (porque tecidas em 30 anos de rotinas, e nada "melhor" para a corrupção do que as rotinas) no populismo cego, na boçalidade patente na forma como se fala e se tratam indistintamente assuntos públicos com assuntos privados (como quem está sentado numa pia pública e pede o papel higiénico à plateia que assiste), na demagogia, no querer mandar na polis autárquica como se ela fosse meramente um quintal onde os ditos alsam a perninha e fazem caninamente o seu xi-xi. É óbvio que "charutos" destes - que são (mal comparado os nossos "fideis castro" - pela longevidade com que estão no poder, não importando agora se são de esquerda ou de direita, c'est la même merde) interessam tanto à democracia como o sLopes em S. Bento e (des)governar Portugal. São anacronismos da história, abcessos e inchaços da democracia, quais lapas alapados ao poder-zinho local. São, em rigor, os novos quistos da democracia, os "abortos" da teoria democrática, os protoplasmas do pluralismo, porque esta - a Democracia - é, acima de tudo, renovação, rotatividade, inovação e sangue novo e não a manutenção de privilégios que em nada (já) beneficiam as populações. Eles é que se beneficiam da democracia que lhes deu corda comprida. Mas estou convencido que a corda que passou-à-guia aquelas condutas e práticas políticas, em linguagem equestre, será exactamente a mesma corda que se transformará num garrote. Estaremos cá para ver e até para um dia escrever mais a sério sobre estes protoplasmas da vergonha em que, em certos casos, a democracia e o poder local se transformaram hoje em Portugal, 30 anos volvidos do 25 de Abril. Cavaco no seu discurso deve ter passado por cima destes quistos, provavelmente, para evitar algum mau-cheiro, mas saberá como lidar com eles, estou certo disso!!!
<< Home