segunda-feira

Resgatar a história

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José Pedro Castanheira com
Raquel Lopes
Arquivo Expresso
"O Secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger (à esquerda) com o Ministro britânico dos Estrangeiros, James Callaghan.
O secretário-geral do PS, inicia um périplo europeu com a intenção de dar a conhecer o novo Portugal. A 2, é recebido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Grã-Bretanha, James Callaghan. O futuro primeiro-ministro inglês escreve ao seu homólogo norte-americano, Henry Kissinger, sobre o “útil encontro” com o português, que sugeriu que “a única pasta que o PS aceitaria” no Governo em formação seria a de primeiro-ministro.
Soares adianta que “declinaria o cargo de ministro dos Estrangeiros” e apresenta o PS como “a única força capaz de resistir aos comunistas, que, em sua opinião, contam com o total apoio da União Soviética”. O dirigente socialista mostra-se “muito impaciente” em avistar-se com Kissinger e visitar os Estados Unidos. Callaghan oferece-se como intermediário para um encontro. Acerca de Soares, o ministro britânico só tem palavras de elogio: “conheço-o há muitos anos e tenho uma grande confiança nele”, pelo que irá oferecer ao PS “ajuda técnica e organizacional, acreditando que um governo com a sua participação é o que melhores perspectivas oferece para o Ocidente”.
Kissinger responde de imediato a Callaghan (que trata por “Dear Jim”), a quem informa que o seu relato coincide com a conversa de Soares com o embaixador dos EUA em Bona, Martin J. Hillenbrand. Na opinião do responsável pela política externa norte-americana, “a situação em Portugal ainda é confusa e as intenções de Spínola não são claras”. Na capital da Alemanha Federal, Soares encontra-se também com o chanceler Willy Brandt, a quem explica as vantagens de integrar membros do PCP no Governo, por forma a “co-responsabilizá-los” pela política governamental. Ainda em Bona, avista-se com o embaixador da URSS, Valentin Falin; o embaixador americano faz questão de acentuar que a iniciativa partiu do soviético.
Segue-se Helsínquia, onde Soares transmite aos líderes sociais-democratas da Escandinávia os seus planos de integrar o futuro Governo, “talvez como primeiro-ministro”. Também aqui apoia a participação comunista no executivo.
A etapa seguinte é o Vaticano, onde é recebido pelo respectivo ministro dos Estrangeiros, o arcebispo Agostino Casaroli, que partilha as suas impressões com o embaixador dos EUA em Roma. Conta John A. Volpe que o número dois do Vaticano “sente-se incapaz de estar verdadeiramente optimista sobre o futuro” de Portugal. Tal como Kissinger, também Casaroli se queixa da falta de informações fidedignas, já que os relatórios do Núncio Apostólico em Lisboa, o arcebispo Giuseppe Maria Sensi, têm por fonte os anteriores contactos junto da Igreja e do Governo. Casaroli conta que esteve duas horas com Soares e que este lhe causou uma “impressão extremamente favorável, de uma pessoa inteligente, moderada e equilibrada”.
Obs. de lana-caprina:

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Pergunte-se ao Albert Henry Kissinger qual foi a sua política para o burgo e o que é que ele pensava da posição (relativa) do então PCP sobre o PS e dos ulteriores desenvolvimentos dos interesses portugueses ultramarinos, designadamente na Ásia - à luz da lente da política externa de Washington d.C. (conluíada com Jakarta e com o ditador e corrupto do lagarto de Comoro). Lembro-me que o dito Albert em 1991 veio a Portugal dar uma conferência ao Hotel Ritz - e só admitia no seu cardápio receber 3 questões. Depois meteu os 10 mil cts ao bolso - por dizer meia dúzia de babuseiras (na altura eram pérolas) e pirou-se para o aeroporto porque já tinha o avião à espera. Aquilo que salientamos é a relatividade das coisas e das pessoas, tudo é perene, tudo definha, tudo perde importância. Na altura ouvir Kissinger era como escutar um oráculo, hoje é um pouco como ouvir o beato César das Neves a explicar ao mundo que a Europa está em crise por causa da fragmentação da família. E do rebanho das alminhas que assim deixam de ir à igreja, que assim vê enfraquecida a sua influência na sociedade. O meu ponto é este: o que o tempo faz às pessoas... E à igreja, e aos beatos!!! Beatos esses que quando vêem um puto esfomeado na rua viram a cara ao lado com receio que a sarna se pegue. Mas lá se aperaltam para ir à igreja aos Domingos, todos engravatadinhos e polidos, mas é só por fora... Porque por dentro são exactamente iguais ao Kissinger. Quero dizer, piores porque entretanto já passaram 30 anos. Tempo que faz aparecer muito parkisson por aí... A última vez que Kissinger foi visto a subir a escadaria do Capitólio levava umas saias escocesas vestidas - dizem. E por cá, alguns restolhos, leia-se, ex-ministros do velho Botas, também passeiam a sua surdez pelos corredores dos micro-poderes. E se amanhã a democracia lusa virasse uma ditadura musculada, seriam os primeiros a dizer que nunca apreciaram a democracia. Com um bocado de sorte a dona Maria Eliza ainda elege um desses "grandes" portugueses apoiado nestes "citeriosos critérios". Às vezes é bom viver em Portugal. Outras vezes até apetece mandar Portugal à merda!!!

  • PS: Hoje não pedimos desculpa por ter mandado a nação à merda. Boa parte dela até merece.