sábado

Freakonomics, again... Uma novidade (já) velha

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Toda a gente sabe que o menino d'ouro da América económica de 2004 foi Steven Levitt com a sua obra Freakonomics. Não havia montra de aeroporto que não tivesse a capa do livro. Foi um fartar de vendas, e ainda bem para Levitt. Só um economista distraído e desactualizado não o sabe. Mas ainda há muita gente centrada no seu umbigo que depois se esqueça do que se passa em redor do mundo. Mas agora apontamos noutra direcção simultaneamente reconhecedora e crítica.
Vamos, sumariamente, à primeira para de seguida nos atirarmos à segunda. Levitt, de facto, encontra correlações interessantes nos fenómenos sociais que têm interesse público e afectam o curso da vida em sociedade que exige sempre mais e melhores políticas públicas por parte dos governos dos Estados.
Estabelecer correlações entre (a queda da) criminalidade na América e a prática do aborto, os comportamentos dos agentes imobiliários face à vendas das casas que lhes pertencem, o caso dos médicos que fazem cesarianas a mais, o mito das despesas nas campanhas eleitorais, o estudo dos infantários e da obrigatoriedade de respeitar horários e do poderoso efeitos dos incentivos, o caso dos professores que fazem batota nos seus testes, as fraudes nos sumos, as similaridades entre os Ku Klux Klan e os agentes imobiliários, as mentiras eleitorais e o abuso da informação e em mais um sem números de questões e casos - como os dos traficantes de drogas que ainda vivem em casa dos pais - fazem de Steven Levitt um verdadeiro prodigioso das novas correlações entre a sociedade, a economia e a política nesta 1ª década do III milénio.
Levitt vê minhocas, formigas, insectos onde todos só vêem paisagem, nesse sentido o seu trabalho de espistemologica articulado à teoria económica descobrindo a careca a muitos agentes económicos, é verdadeiramente entusiasmante, senão mesmo contagiante e incentivador de outros desenvolvimentos dentro do mesmo filão cognitivo. Ou seja, procurando descobrir novas correlações, novas causas e efeitos e, naturalmente, novas sínteses. Neste sentido é admirável o seu senso comum, tanto mais partindo de questões simples e ao mesmo tempo insólitas, e foi essa estranhesa que deu lugar a esse novo campo que ele cunhou de Freakonomics.
Mas, e agora vem a parte crítica, será que Levitt (não) leu os clássicos do pensamento sociológico!? Que referências ele espelha nesse domínio? É claro que fala em Keynes, em Schumpeter, em John Keneth Galbraith (falecido recentemente), mas da sociologia pura ou aplicada à política poucos alí estão, para não dizer mesmo nenhuns. E é aqui que "a porca torce o rabo". E porquê? Imaginemos que Levitt tivesse lido o engenheiro que também foi sociólogo - Vilfredo Pareto... teria descoberto um montão de coisas, de derivas, articulações, de hipóteses e de sistema intelectuais que enriqueceriam muito o seu estudo. Ou se calhar leu e omitiu cirurgicamente o homem, como faz muito "boa" gentinha... por esse mundo fora. Há anos até o famoso engenheiro de minas francês, e eminente analista político, Alain Minc fora acusado de plágio...
Pareto fala-nos das acções lógicas e de acções não-lógicas. Quando especuladores e engenheiros não se enganam comportam-se de modo lógico. O mesmo se diga do economista. Mas a sociologia tem por missão compreender os efeitos desatinados de uns e de outros quando aqueles se enganam. Quando o especulador se suicida porque o valor das suas acções caíu, ou a situação do engenheiro da ponte Entre-os-rios cujos resultado lamentavelmente conhecemos. No entanto, quer o especulador, quer o engenheiro quando compraram acções ou conceberam pontes fizeram-no tendo em vista um fim a atingir: um fim lógico.
Se eles tiverem sucesso dizemos que houve uma ligação entre os meios e os fins da relação efectiva no real. Ou seja, a ligação subjectiva correspondeu à ligação objectiva. Aqui as operações estiveram ligadas entre si. The big problem começa quando as coisas dão para o torto, i.é, quando o especulador se suicida e o engenheiro sai da ordem - ou ainda o ministro do sector se demite - quando, na verdade, deveria ter ficado até ao fim para apurar responsabilidades. Mas isto é outra "estória" e meter aqui o nome do sr. jorge coelho - que é um pindérico boçal da política lusa, seria até uma heresia. O que Pareto diria se visse o seu nome ao lado de gente dessa, dos organizadores da palmaria para efeitos comicieiros que é para que o sr. Coelho serve. Para isso e para dizer baboseiras na circunferência do quadrado, porque quadrado é também o moderador - que nem a figura do moderador conhece.
Contudo, as acções que mais interessam têm para quem agora começa a estudar o Freakonomics (e o Marketeer500 está nesta onda, creio) reside na compreensão das acções não-lógicas, i.é, aquelas que subjectivamente não têm ligação lógica com as acções objectivas, logo quando a bota não bate com a perdigota. Os fins não são atingidos pelos meios investidos para o efeito. Aqui os meios não estão articulados com os fins, nem na realidade nem na consciência. É o caso daquele menino que nasceu em berço d'ouro e teve uma bela educação e aos 18 anos deu em ladrão de supermercado, de ourivesaria ou até de croquetes em pastelaria de 3ª depois de roubar todo o outro à avó. Aqui o acto não está ligado ao seu background, ninguém imaginaria que aquele rapaz terminasse a vida a gamar pastelinhos de bacalhau numa pastelaria de 3ª na Morais Soares, a caminho do Alto de S. João...
O mesmo se diga quando os cromos da metereologia dizem que para o day-after o Sol vai radiar rejubilando em nossas testas e depois apanhamos uma valente molha porque chuveu a potes. Lembram-se (!!??) de quando o Antímio de Azevedo aparecia com na RTP de antena na mão a interpretar o mapa dizendo sempre a mesma treta, dia após dia, durante décadas, e no dia a seguir a Mãe-Natureza dizia ao povo que o bom do Azevedo não passava dum aldabrão encartado..., porque chovia...
Enfim, o tempo passa e, hoje, a sic mete umas gajas a despirem-se por completo, mostrando o pi-pi e tudo, e daí também não vem melhor acerto em matéria de tempo ou de clima... O facto é conhecido e a menina que se descascava com a anuência do sr. balsemão - que ensina comunicação social numa universidade qualquer, e depois fazia pornografia meterologica em directo a partir do seu canal para assim matar a concorrência e ganhar mais share e receita de Pub. à custa dos grelos alheios. Enfim, uma vergonha. Mas quem lembra isto ao sr. bolsanamão!?
Outros exemplos de acções não lógicas que o sr. Levitt desconhece em absoluto. E porquê?! não leu os clássicos da sociologia moderna e contemporânea, ficou-se pelos economistas, o que fez dele um economista mais limitado apesar de ter sido considerado brilhante. Pelo Macroscópio não é seguramente.
Quem diria que um maoista na década de 70 se tranformaria num empedernido neoliberal - ainda por cima presidente da Comissão Europeia - três décadas depois? Quem diria que Santana - o agitador de congressos - l'enfant terrible - viria a ser PM de Portugal??? nestes casos não existe relação objectiva entre o comportamento e os seus resultados. E é esta discrepância entre a subjectividade do actor e a objectividade do resultado a que se chegou que a sociologia estuda e, de certo modo, está na origem de muitas das correlações de Steven Levitt quando encontra o lado escondido das coisas. Não foi Levitt que foi genial, nós é que fomos parvos...
E mais parvos somos ainda quando homens como barroso, santana - tudo farinha do mesmo saco - mereceram o agreement do povo que os apoiou (e do atávico ex-PR) para fazerem a triste figura que fizeram. Pelo país e pela Europa. Diria que hoje o estudo da política, porque está cheia de gente desta, oportunista e sem valor que se arrasta nos partidos para se servirem deles mediante actos de corrupção e de tráfico de influência (em negociatas à a. Preto que ainda goza da cumplicidade daquele quer vir a ser PM de Portugal) - se deve centrar no estudo das acçoes não-lógicas, imprevisíveis - porque são essas precisamente que servem os seus interesses pessoais, materiais e de status. O resto fica para o Direito...
Em rigor, a história daquele marinheiro que dirige as suas orações a Poseidon antes de se fazer ao mar não realiza um acto que exerça qualquer influência sobre a sua navegação, mas imagina, em função das suas crenças, que esse gesto poderá ter consequências em conformidade com os seus desejos. Nós aqui nem sequer conseguimos imaginar o que barroso terá feito para saltar para a Bruxelas, mas não nos custa adivinhar que a marosca começou logo na Cimeira dos Açores... E hoje o mundo está mais seguro??? Não está.
E tudo isto é importante porquê? Por uma razão simples: é que o estudo das acções não-lógicas exige do sociólogo, do politólogo, do economista de qualquer tipo com dois dedos de testa e que tenha lido alguns clássicos - que não é o caso de Levitt (que tem cultura de supermecado Walmart) - o estudo e compreensão da verdadeira e profunda motivação pelo sentimento, sendo este definido de maneira geral e concreta como qualquer estado de espírito diferente do raciocínio lógico.
Ou melhor, o objectivo hoje de qualquer cientista social é o estudo lógico das acções não-lógicas - de que o exemplo mais lamentável (e até antipatriótico e lesivo para a economia nacional) foi levado a cabo pelo "transmontano de Bruxelas" - também cognominado pelo sr. "fujão".
Talvez estas derivas de lana-caprina coloquem algumas reservas aos estudiosos recentes de Steven Levitt que ora tiveram com ele o 1º rendez-Vous - esquecendo-se que antes dele já muito boa gente descobriu a pólvora. Há apenas quem a actualize, e ainda bem que assim é, senão a vida seria uma repetição insuportável...

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