Herta, Teresinha Joan - por Agostinho da Silva -
- Pois.
- Não, pintura.
- Patrick, como pintor, é cego - interveio Herta; - nunca pinta o que vê; ele acha que imaginar e pintar é o mesmo, fora a técnica.
- O mundo não precisa de mais retratos de coisa nenhuma, sabe senhor - continuou Patrick - o mundo precisa de modelos. Eu pinto, ou tento pintar, dá no mesmo, modelos do mundo.
- Pinta modelos do mundo, mas é do mundo que parte.
- É evidente. Nada pode fugir à sua essência; e se o mundo futuro fosse essencialmente diferente do actual ninguém o reconheceria. Só que eu vejo o mundo talvez melhor e mais belo do que ele é. [...]
Nota: Dedicado à nossa grande referência e amigo cujo legado foi tanto que nem o sabemos avaliar. Fica mais este singelo testemunho da autoria de Agostinho da Silva, Herta, Teresinha Joan. Por vezes, no meio do pó das coisas, tropeçamos em pérolas que nos fazem espirrar. Mas nesse espirro cabe o mundo...
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