quarta-feira

O estado do Estado: vulnerabilidade total, devassa garantida

- Ante o deserto de factos geradores de notícias - Portugal acordou hoje com um facto-problema que a intelectualidade da espionite lusa já conhecia: o país oficial está completamente vulnerável à confidencialidade das suas comunicações. Qualquer engenhoca em PBX, e não falamos aqui dos árabes radicais - que por vezes até disparam contra eles próprios, tamanha é a formação profissional que carecem na área, adquire um equipamento que lhe permite interceptar as comunicações do Portugal-político. Mas por que razão é que isto ainda ocorre???
- Vejamos os dados do jogo que hoje fez estrelar o dn - que até deve ter vendido mais uns exemplares na silly season..., para pirraça com o Público e para vergonha dos serviços secretos nacionais (civis, militares e paramilitares) bem como a globalidade dos agentes que informam e deformam o sistema político.
- Vejamos o que nos diz o texto do dn:
- Isto é tão grave quanto conhecido. Imagine-se que amanhã são conhecidas as conversas entre o Chefe da PSP e o seu Sub-chefe? as reclamações e pequenas ameaças dentro da GNR; a falta de meios no SEF, nos bombeiros, Hospitais, protecção civil e conexos; nas próprias Forças Armadas ou até em empresas públicas ou participadas pelo Estado?
- Certamente que não seria nada difícil imaginar "o lavar de roupa suja" entre aqueles actores, por entre ameaças, chantagens, acusações e recriminações, invejas e contra-invejas - dando a conhecer ao País um Portugal ainda pior do que aquele que ele já é. Como se costuma dizer: zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades...
- E no âmbito da dita Intelligence lusa, que dizer desta vulnerabilidade (?) - em que qualquer mal-feitor amador em comunicações conheceria, antecipadamente, o trajecto de um alto dignitário que se deslocasse a Belém ou a S. Bento para aí fazer uma visita de Estado? Sendo certo que - essa intercepção de comunicações daria acesso à audição de conversas e a todos os dados capazes de fornecer as informações necessárias para fazer perigar o normal funcionamento das instituições em Portugal e até fazer perigar a segurança pessoal dos altos e demais agentes dos Estados.
- Basta supôr que amanhã Cavaco Silva acorda com uma ideia brilhante: já que burilou na madrugada anterior um plano de paz para o Médio Oriente e com uma vigência útil para um prazo de 24h. Em conformidade, as autoridades israelo-árabes, Kofi Anan, a secretária de Estado dos EUA (a srª "Arroz") e demais staff político - deslocar-se-iam a Portugal a fim de se inteirar do dito plano. A coisa teria lugar alí ao dobrar da esquina dos pastelinhos de Belém, que também já não são o que eram...
- Entretanto, uns "amigos do peito" de Israel chegados nas vésperas a Lisboa - descodificaram todas as comunicações dessas entidades oficiais. E desde a chegada ao aeroporto da Portela até ao destino, e que há meio século juraram a destruição do Estado hebraico, encontram-se alí em Alcântara e na Infante Santo a fazer umas contas de cabeça, entretidos que estão em discutir se haverão de detonar o primeiro engenho no Cais-do-Sodré, na 24 de Julho ou se o farão na Av. da Índia..., ou, como 4ª opção, à entrada ou mesmo nos jardins do palácio Rosa... Ora isto é dramático, e qualquer poder mesmo ser trágico. - O sistema integrado das redes de emergência e segurança do Estado (o famoso SIRESP) foi apenas mais uma promessa do sr. Barroso - que entretanto se pirou para Bruxelas e se lixou literalmente para a segurança do Estado. A encriptação dele é outra...
- A vantagem, no meio deste descalabro, é que Portugal não é um país interessante para os terroristas, por isso é que essa vulnerabilidade ainda não se converteu numa tragédia às mãos dos terroristas - ou apenas dum "carola" que um dia faça uma aposta com uns amigos em como é capaz de aceder às conversar entre os agentes dos Estado português.
- Seria triste que amanhã um jornal de "refª" tipo 24h - fizesse uma manchete com as declarações de Cavaco a Sócrates fazendo promessas que este pode contar com aquele, aumentando as dificuldades de M.Mendes; ou divulgando o que Mário Soares diz em privado de Cavaco; o que Vasco Pulido Valente diz dos seus assessores não é preciso ser descodificado, porque isso já ele escreve nos jornais...
- Mas mais grave do que estes factos, é o contexto que os explicam. E esse é de natureza sociopolitológica. Pois passar duma economia baseada em velhas fábricas para uma economia baseada em computadores, exige, ao mesmo tempo, transferências maciças de saber e de poder, e explica, em boa medida, a vaga de reestruturações financeiras, industriais e tecnológicas que o mundo atravessou nos últimos 20 anos. Rasgando novos caminhos, novos dirigentes à medida em que o Estado, as empresas, as pessoas e a sociedade em geral procuram adaptar-se aos novos imperativos.
- O problema reside naquela colisão de que hoje padece o escol político que dirige Portugal: receberam a deslocação de poder, mas não acumularam o saber e a massa crítica necessária que era suposto sedimentar para gerir e reorganizar a nova economia que hoje opera na esfera da globalidade. Infelizmente, também aqui o Plano Tecnológico não passa duma miragem, e isto não é só culpa do Socas - mas de todos os governos do PsD que o precederam, até daqueles que hoje em Belém têm especiais responsabilidades e, sem saber, até têm as suas conversas e intimidade sob escuta e vigilância - sabe-se lá para quem!?
- Que é como quem diz: o Big brother anda aí, anda-anda..., só que não se vê, mas presente-se!!! E a revolução dos micros não tarda a impôr-se, a tal conectividade tende a desmonopolizar a informação das estruturas clássicas do poder subtraindo também o poder das mãos desse velho "clero" que ainda hoje atrasa Portugal dos caminhos do futuro.