quarta-feira

O boletim meterológico: o agri-doce-tempo-Português

Tempos ouve em que - se bem me lembro (para evocar o genial Vitorino Nemésio e o também o seu assistente universitário - José Machado Pires - era o Anthímio de Azevedo que apresentava o estado do tempo para os próximos dias. Lá aparecia o homem - na tv black & white - com uma antena na mão apontada para aqueles quadros medonhos, todos a cinzento, mostrando ao telespectador que o dia seguinte iria estar côr de rato. Depois veio a tv a cores, a privatização de vários canais, e a estação de Carnaxide - lembrou-se de querer ser original para, assim, mais fácilmente papar a concorrência. E mete - em pleno directo - uma menina - já adulta - despindo-se literalmente, mostrando primeiro os seios e depois a parte púbica. Só falatava virar-se de costas e fazer uma neca hard core e dizer de seguida que por alí iria entra um furacão, e depois o seu anverso no feminino. Ela até nem era má, mas naqueles jeitos - na apresentação do tempo - levava nota zero. Agora estamos no Verão, apesar de ter chovido na Capital e noutros pontos do país. Para amanhã - a promessa é de mais chuva - pela madrugada e pela manhã - e depois amaina... Ainda pensei que a senhora de meia idade que estampou o diagnóstico metereológico começasse ali, em pleno directo, sacando da blusa, depois a calcinha até às peles finais.... ais... Tudo, claro, envolto num strip-tease fantástico. O tempo, de facto, é uma variante terrível. Ainda ontem graçavam fogos terríveis que ameaçavam pessoas, casas e bens, hoje sobrevém a chuva neste carrossel do quente-e-frio. E a conclusão que tiro é que Portugal, até neste capítulo da meterologia, se manifesta como um país deveras atípico. Qualquer dia vem um tufão e somos, definitivamente, engolidos pela Península, e é aí que todos começamos de vez a hablar espanhol... Há Outonos tão longos e chatos que chegamos a pensar que os Invernos são Primaveras, há Verões que são Invernos por dias, há Invernos que mais parecem Primas-Veras, Mónicas, Guidas, Joanas, Marias, Anas, Rosas ao vento - na certeza de que a melhor maneira de não ficar perplexo com esta agitação promíscua das quatro estações - que já não são o que eram - é, de facto, usar o mesmo calendário todos os anos..., tentando esquecer o tempo que efectivamente vai fazendo!!!