Poema de Deus - por Ginjas Silver
- O tao das flores e do sol Wagner Borges "Ver o mundo num grão de areia E um Céu numa flor selvagem, Ter o infinito na palma da mão E a Eternidade numa hora." - William Blake O motivo pelo qual tenho certeza da existência de uma Inteligência Absoluta como motivo de toda existência é que o meu coração sabe disso! Não preciso de nenhuma teoria ou prova, sinto em mim!Há duas coisas que podem fazer alguém perceber um amor infinito na existência: o brilho do sol e o abrir das flores. Quando uma flor abre suas pétalas, é um momento mágico, verdadeira festa da natureza. Nesse momento único, curvo-me à sabedoria que dá vida a natureza daquela flor expandida. Penso que o universo é um imenso lótus deus em eterna florescência. Quando assisto ao momento da aurora rompendo as trevas da madrugada, pego-me extasiado diante de tal maravilha. No momento do crepúsculo, quando o Rei Sol descende na linha do horizonte, percebo-me admirado com os tons de dourado, laranja e vermelho inundando minha visão. Às vezes, as lágrimas desse momento refractam a luz solar e vejo várias outras cores dançando à minha frente. Sim, há um amor incomensurável como causa dessa beleza. É o mesmo amor que sinto em meu coração. Por isso, a ressonância com a luz do sol e as flores. Não posso provar a existência desse amor absoluto e nem demonstrá-lo em uma academia cheia de céticos irritadiços e intelectuais arrogantes espumando uma pretensa ciência devastadora da própria natureza. Não falo de um cara branco, velho e barbudo sentado num trono celestial e nem de um ser que julga os outros e os manda para o paraíso ou o inferno. Sequer imagino aquela noção antropomórfica e convencional do Criador que os religiosos inventaram por ignorância. Estou falando do amor que inventou aquela flor e aquele brilho do sol. Que homem poderia inventar algo igual? Que cientista poderia elaborar o amor? Que religioso poderia fazer abrir aquela flor que admiro? Que religião ou doutrina poderia me fazer sentir um amor vivo pulsando em tudo? Serei eu um místico só porque amo e tenho coragem e discernimento para assumir esse amor? O intelectual que elabora técnicas, esquemas e nomenclaturas opulentas, que são incapazes de fazer alguém sorrir e admirar o brilho do sol e a beleza das flores, é realmente inteligente ou é apenas alguém técnico e pretensioso exaltando o próprio ego? Há alguns intelectuais capazes de explicar os mecanismos de muitos eventos da natureza e da consciência. Porém, são incapazes de beijar, abraçar e compreender os outros. São intelectuais, mas são tolos! Entendem esquemas e técnicas, mas não compreendem as pessoas. São críticos de tudo, mas tomam de goleada da beleza da flor e dos raios de sol. E os religiosos, empacados em seus dogmas? Conseguirão ver o divino na flor? Conseguirão imaginar que o sol brilha mais do que seus livros pesados de dogmas? O Deus que sinto não é passível de ser quilatado pela mente humana. Não pode ser capturado pelo intelecto sequioso de provas e nem pelo coração bloqueado de fanatismo religioso. No sorriso da criança, nos raios do sol e na luz da lua, nas flores, no beijo, no abraço, na meditação, no amor, na música, na simpatia e na lucidez de sentir além dos pensamentos convencionais, está a prova da existência do divino. Dirá o intelectual: "Isso é misticismo!" Afirmará o fanático religioso: "Você não entendeu o nosso livro sagrado!" Por sua vez, a luz do sol e as flores nada dirão. Não é preciso. Sua beleza já diz tudo
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