sábado

Metáfora da "Política à portuguesa"

  • Esta crónica poderia bem ser um tributo às centenas de crónicas serenas, lógicas,incisivas, estruturadas que o ex-director do Expresso - José António Saraiva - escreveu naquele que foi o maior semanário nacional, e que que hoje é dirigido por jornalistas que inventam títulos que não existem no interior das entrevistas, que cedem a pressões, que são, no fundo, aprendizes de feiticeiros.
Política à portuguesa surge, assim, por alusão à sua rúbrica semanal que, confesso, era quase era 1ª coisa que lia naquele lençol.E por vezes a única..
  • Começo por uma estória:
- Uma vez, numa cidade de província, um padeiro foi ao tribunal e queixou-se do vendedor de queijos, que, segundo ele, o roubava, pois vendia 800 gr. de queijo como se fosse 1quilo. O juíz no tribunal pegou num queijo de 1quilo e constatou, de facto, que ele só tinha aquele peso.
- Mandou então prender o queijeiro, sob a acusação de ter adulterado a balança. Ao ser notificado da acusação, o queijeiro confessou ao juíz que não tinha pesos em casa e, por isso, todos os dias comprava dois pães de meio quilo cada, colocava-os num prato da balança e o queijo noutro. Quando o fiel da balança se equilibrava, ele ficava, então, a saber que tinha um quilo de queijo.
- Para o comprovar, o juíz mandou comprar dois pães na padaria do acusador e constatou que dois de meio quilo não equivaliam a um quilo de queijo.
- O juíz concluiu, desse modo, que quem estava a cometer a fraude era quem acusava o vendedor de queijos, ou seja, o padeiro.
- Isto faz-me lembrar a política à portuguesa. Interpelo-me porque razão, a tempo e horas, o sr. ex-PR Jorge sampaio não pediu a demissão de Souto Moura; porque razão a justiça está uma lástima? Porque razão a nossa economia não se moderniza nem se desenvolve? Porque razão... é que os portugueses elegem estes políticos de palmo e meio...
- Porque razão???
  • PS: Confesso que já tenho saudades de ler José António Saraiva. E para o autor desta história, o A. Rangel e ao ex-director do expresso - seguem estas palavras de singelo mas genuino reconhecimento.