sexta-feira

Violência no(s) Parlamento(s)

- Hoje Sócrates mandou calar um deputado do CDS-PP cujo nome me escapa sempre. Esta semana, muito curiosamente, também um jornalista do dn disse, ou melhor escreveu, que dava "dois murros no nariz de Carrilho e depois mandava-o "à merda". Confesso que isto são peanuts...
- Lembro que há uns anos um nosso eurodeputado, Rosado Fernandes (cds) esteve mesmo para enfiar um par de estalos num eurodeputado da Bruxelândia... Depois, infelizmente, não lhos deu. Na universidade, por vezes ocorre uns catedráticos estaladarem-se uns aos outros. O Coissoró que o diga, pois já apanhou e sabe bem o que custa uma palavra fora de sítio. No Parlamento transalpino corre muito sangue na guelrra, e, por vezes, a coisa aquece e há colisões ligeiras; mas é nos parlamentos russo, coreano e nipónico que a coisa assume verdadeiros contornos de ring de box. Dá prazer ver assim os deputados legislarem à força e à pressa. Parece até que funciona como um efectivo reforço da democracia post-Guerra-Fria. Sendo certo que as boas leis precisam sempre duma boa raiva, como diria o genial Winston Churchil reportando-se aos discursos soberbos que nos deixou.
  • - Hoje, Sócrates só por ter dito a um deputado do PP para estar "caladinho" (ele não gostou foi do diminutivo!!!) fez um número como só o partido do táxi gosta de fazer para ver se, assim, arranja um número de circo no país e engrossa o seu caudal eleitoral. Pura ilusão. Sócrates, que não é o Alexandre O'Neill (com aquela do "respeitinho que é muito bonito" para lembrar os tempos salazarengos) - mas também não é parvo, logo circunscreveu o aproveitamento do fogo posto pretendido pela dama ofendida do partido do táxi.
  • - Em suma: em Portugal há por aí uns jornalistas encartados que oferececem murros aos deputados; deputados que se ofendem entre si; PM a mandar calar deputados; deputados a querer obrigar PM a pedir desculpas. Enfim, isto mais parece uma ópera-bufa. Se querem legislar à séria, porque razão o nosso mediano escol político-parlamentar não bota bem os olhos nos "exemplos" japonês e russo... Ao menos aí a coerência com os punhos da democracia é maior e ninguém se sente ofendido antes das cenas de pugilato que oferecem deliciosamente às televisões que assim também vêm aumentados os seus shares de audiência... Algo que hoje interessaria muito à sic de Balsemão. Desde que depois tudo acalme e se passe a fazer boas leis. Em nome da democracia - tudo, ou quase tudo, é permitido.