domingo

A música francesa - por Joaquim Paula de Matos

"Uma amiga tem a paciência de enviar-me mails e um deles foi um endereço com músicas francesas dos anos sessenta que eu sei as pessoas hoje na casa dos 40 anos não apreciam porque são lamechas, românticas, melodiosas, açucaradas mas que muito ajudariam a constituir famílias e a contribuir para resolver o problema demográfico dos dias de hoje. Se, há sempre um "se", claro está, os ouvidos dos jovens de hoje fossem outros…, mas com o barulho da música metálica que faz as suas preferências até os ouvidos e o gosto que dentro deles é suposto existir se estragam... Estão lá todos, a rapaziada do meu tempo, hoje na casa dos 67 anos, não contando com os que já se foram embora: Charles Aznavour, Jaques Brell, Gilbert Bécaud, Salvatore Adamo , Joe Dassin, Léo Ferré, Art Sullivan a grande Mireille mathieu e mais uns trinta e tal… No fundo, a nossa vida é a música que ouvimos quando tínhamos 20 anos” …, e daqui a pouco, quase com setenta, fazemos questão que mais ninguém goste dela, pelo menos tanto, como nós. E assim temos a certeza de que envelhecemos mesmo…, porque essa música nos faz sentir mais vivos que nunca! Pede a opinião de gente da minha idade que tu conheças do mundo da blogaria para ver se não é assim como eu te digo".
  • - por Joaquim Paula de Matos -

:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Estimado Tio,

Que mais te poderei dizer, meu bom Tio, senão agradecer, dedicando-te, desde já duas delas que muito aprecio e que na altura, com 9/10 anos, tentava soletrar num "franciu" de fazer cair a Torre Eifel... Uma delas é a de Joe Dassin, Et si tu n'existais pas. Isto ainda é fenomenal. Daqui por 100 anos ainda se cantará esta pérola da música universal. A outra é mais criançola, de Art Sullivan, Petit demoiselle de 1975. Era todo um Portugal político e cultural empedernido que então se vivia, que bebia apenas as suas raízes na cultura francófona porque os 40 anos de salazarismo nunca gostaram de Coca-Cola... A América era um Continente perigoso, proíbido e, por isso, além de cara também não chegava aos nossos circuitos musicais rurais nos arrebaldes da Europa. Enfim, pela música também revivemos, recriamos o passado e as nossas identidades e eu, pela parte que me toca, e toca bem!!! - hoje confirmo as figuras tristes que fazia cantando aquelas letras num francês de doca que ainda hoje era bem capaz de dobrar a Torre do Tio Eifell... Enfim, Memórias Futuras que tu saberás recontar melhor do que ninguém.