terça-feira

Um livro de Eugénio Costa Almeida sobre África

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Só nos resta confrontar o autor com o livro, e ambos com as opiniões que veicula nos links/entrevistas infra. Como diria Maimônides - um dos maiores filósofos do arranque da Idade Medieval - o simbólico é a dimensão principal em que se desenrola o desenvolvimento da ciência e da religião e até da filosofia. Portanto, cabe ao filósofo ler com cuidado o sociólogo - porque um e outro estão - agora - mais do que nunca - em estado de alerta, pois têm a nobre missão de ler e interpretar o mundo à luz dessa magna dimensão - onde o racional e o oculto se misturam... Por isso julgo, ainda sem ter um conhecimento detalhado do livro, que a profecia de que África está sendo olhada com outros olhos, mais abertos e integrativos -, logo - como um Continente de futuro (só não sabemos quando) possa traduzir-se, a prazo, numa hipótese muito plausível, e não um mero wishfull-prophecy do autor. Julgo, e como leigo de África falo - que este Continente esquecido deverá ser, doravante, perspectivado com as categorias e dimensão do simbólico, do imaginário e do real. Talvez daí resulte uma profecia acertada no tempo e no espaço - conjugando eficientemente as dimensões do simbólico com o imaginário.
Pois é a partir dessas duas dimensões que o homem - esse sujeito perplexo e perplexizante que equaciona tudo - pode alcançar o real. Ou seja, o conhecimento de Deus tendo como consequência o conhecimento da Verdade moral e política - de todo aquele Continente esquecido, mormente o de origem lusófono ao qual estamos moral, histórica, familiar e simbólicamente ligados. Só que para que tudo isto suceda com normalidade, é preciso antes ocorrer uma revolução: a revolução da Verdade; depôr os maus da fita/corruptos; democratizar o regime e desenvolver, gradualmente, o continente. Certamente, isto é uma tarefa hercúlea... Será obra de políticos, de estadistas mas também de escritores, de artistas plásticos, de cientistas e demais gente boa que anda exilada pelo mundo buscando Liberdade e Pão. Pois só eles conseguirão eliminar aqueles profetas do lucro fácil, o bando de corruptos que há 30 anos exploram as riquezas naturais daqueles países - mantendo o povo na miséria. São, na maior parte dos casos, os políticos no activo - que também são, estranhamente, os empresários mais ricos e poderosos.
Angola é o expoente desse paradigma negativo - a que a Comunidade internacional não consegue meter nos carris da verdadeira democracia e do desenvolvimento participado das populações. Em suma: a capa deste livro sugere-me um momento chave, de transição do mundo e também daquele Continente. Sem reformas e boas políticas públicas não iremos lá... Mas mais do que isso - a capa desse livro evoca-me de novo a necessidade do dom na ordem do imaginário e do real, o que requer políticos e legisladores à altura. Sem a combinação perfeita destas três dimensões - que vejo subliminarmente na capa daquele livro do Mestre em RI - Eugénio C. Almeida - muito dificilmente antevejo bom porto para aquela profecia. Ao invés, se o Homem - dentro e fora d'África - conseguir alcançar a eficiência naquelas três ordens/categorias - simbólico, imaginário e real - creio que a profecia de que o Continente africano estará no bom caminho se poderá concretizar. E digo mais: extirpados de África os males mais conhecidos - os de origem natural (inundações, secas - que estão fora do alcance do homem mas têm relação com as leis físicas da natureza); sobram apenas os males de origem social (guerras civis e corrupção em larga escala, nepotismo, incompetência e conexos); e os males causados pelo comportamento do indivíduo. Por dependerem da acção do homem - estes dois últimos - (males sociais e individuais) - o homem deveria esforçar-se por remediá-los racionalmente. E, curiosamente, estes dois últimos males são mais frequentes e provocam maiores danos do que os males originários ou causados pela natureza. Em todo o caso, julgo que teremos algumas razões para estar relativamente optimistas - considerando que o mundo é uma totalidade, poderemos ler este livro como um convite dirigido por Deus aos leigos (como eu) que se interessam por África; e também aos especialistas como o autor e muitos como ele - que fazem dessa deriva uma recriação da história, ié, como algo que o "mal" não pode vencer nem dominar por muito mais tempo.
Donde, só poderemos concluir pelo seguinte: este livro é, será, uma batalha pelo bem - e nós sabemos, como nos filmes, que as forças do bem acabam sempre por derrotar as forças do mal. Até porque é técnica (e filosóficamente) impossível vigorar a existência dos dois princípios, o do bem e do mal. Reconhecer tal dualismo seria reconhecer que a missão dos homens bons e justos de nada valeriam.
E é também aqui que todo o Continente africano deve ser equacionado. Quer dizer, além dos problemas de economia e política pura e dura - há, também, os problemas de origem metafísica que nunca foram devidamente equacionados na matriz de desenvolvimento daquele Continente esquecido.
Logo, vemos toda a utilidade em dar extensão a esta tese do mal (para a erradicar logo de seguida) - que tem campeado na África lusófona - como resultado de ausência de bem, de democracia genuína, de desenvolvimento partilhado por todas as populações.
Este "mal" objectivo, latente e doloso, dado que é praticado diáriamente na gestão corrente dos actos políticos e administrativos dos governamentes africanos - decorre - da própria rejeição de Deus pelo homem, e que parece, em parte, inspirado nas doutrinas neoplatónicas, e da própria maldade dos poderosos (que agora se vingam dos brancos-negros à sua mercê) que têm dirigido as rédeas do Continente ante a desgraça daquelas multidões pobres, doentes, iletradas, esfomeadas e sem fé nem esperança. É por isso que a tese do mal - jamais poderá vingar...
Eis o que sinto na mensagem subliminar da capa deste livro de Eugénio Costa Almeida (Mestre em RI e doutorando em Ciências Sociais) - que comprarei logo que o vir.
Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us Leia a entrevista do autor - Eugénio C. Almeida - ao Notícias Lusófonas sobre o seu próprio livro e a cosmovisão que apresenta dos problemas africanos - se bem que inscritos nas circunstâncias e contingências do sistema político emergente que é, à falta de melhor definição, o sistema da globalização competitiva.
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