Votos de Feliz Natal e um Bom Ano Novo
- O MACROSCOPIO DESEJA A TODOS VOTOS DE UM FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO.
BOAS FESTAS
UM FELIZ NATAL
E QUE O BURRO ESTEJA SEMPRE POUCO CHEIO DE TUDO OQUE DE BOM SE PODE DESEJAR:
AMIZADE, SAÚDE, PAZ E FRATERNIDADE
Não raro passamos a vida a dizer às pessoas Feliz Natal e um Bom Ano Novo. Julgo que o fazemos, além do ritual cristalizado pelos anos, por uma simples razão: nada temos de novo para transmitir ao nosso semelhante.
Conheço até um cromo que ainda está a 150m. já me vem de punho erguido, e de frase pronta: Feliz Natal etc e tal... Por dia, são centenas de felicitações, tantas que perdem sentido. Imagine-se, agora, que se trabalha na caixa de um supermercado, num banco ou em qualquer outro sítio de atendimento público... É uma desgraça sem sentido. É um queimar de palavras que fica falho de operacionalidade quando, de facto, o queremos dizer de forma genuína a alguém.
Julgo que esta traça do tempo decorre da necessidade que temos, mesmo que inconscientemente, em fazer pequenas intromissões quixotescas na vida das outras pessoas. Resulta, de facto, na desgraça daqueles que se desejava ajudar.
Será que os ricos desejam um Feliz Natal aos pobres? e o que pensará o operário, ou o funcionário público despedido ou compulsivamente aposentado - poderão eles desejar um Feliz Natal a alguém? E os milhares de jovens licenciados - com a vida toda atravancada a viverem em casa dos pais até aos 40 anos sem poderem casar e ter filhos - poderá esta boa gente trazer na mente a fórmula mágica: Feliz Natal e um Bom Ano Novo?
Ora, tudo isto já enjoa. As arremetidas impetuosas daqueles que andam sempre com a frase na boca, como quem mastiga chuinga, decorre, quanto a mim, do seguinte: da futilidade da instrusão das pessoas que não conseguem segurar a sua vontade, da sua incapacidade de evitar impôr a sua fé e os seus dogmas nas situações mais estranhas. Além da estupidez natural que a fórmula contém - se dita de forma mecanizada, como quem vai ao multibanco levantar euros..
Nem o campónio poderá desejar um Natal Feliz ao banqueiro rico; nem este, com sinceridade, poderá formular os mesmos votos aquele. Como isto é uma impossibilidade técnica, que se generaliza a todas as camadas e classes da sociedade, caímos num impasse que empurra a sociedade para maiores índices de obscuridade, de cinismo, de hipocrisia e de mentira institucionalizada. É o declínio do homem ocidental que vive nesta mentira há décadas... E parece querer permanecer nela.
Tenho para mim uma receita que poderia pôr alguma ordem nesta desordem mental e social: sempre que cada pessoa, rica ou pobre, desejasse um Feliz Natal a outrém que não correspondesse verdadeiramente ao seu mais profundo pensamento/sentimento pudesse ser espancada alí mesmo, diante todos - em nome da Verdade. Temos, pois, de arranjar um "natalómetro".
Sabemos que esta coisa de andarmos sempre a desejar Feliz Natal às outras pessoas a partir do dia 15 de Dezembro - resulta da maior das infantilidades conhecidas, e que encontra a sua raiz na hipocrisia das nossas crenças, no cinismo de boa parte da educação que tivémos, nos nossos dogmas - que a nossa "querida igrejinha" povoada de padres balofos, incultos e pedófilos - profusamente espalha ao rebanho nos domingos de manhã, etc, etc.
Tenho para mim que temos de moderar o discurso do "Feliz Natal"... doutro modo incorremos nas futilidades do costume, nas frases feitas do homem-massa; no cinismo puro - agora aplicado à rede mais básica e extensa das relações sociais. Tudo, claro está, dentro do negócio da fé e do dogma sem que uma e outra coisa tenham qualquer conexão com a Verdade.
Não tenho qualquer dúvida que as pessoas que trazem na boca a frase mágica - Natal Feliz - são totalmente incapazes de pagar um rissól de camarão a um romeno ou um tuga que lhe o peça à boca de uma igreja, padaria ou rua mais manhosa onde o comércio prolifere...
Também aqui recuperamos a memória, o conhecimento e a sagesse de um velho mestre e amigo - Agostinho da Silva, para reiterar um dos ensinamentos que dele colhi ao vivo - nos idos anos 90. Em África e nas Américas não se cumprimentavam as pessoas com um - Olá, bom dia!
A coisa mais adequada era dizer: Então, já comeste hoje?!
Há dias, no Brasil, em pleno Nordeste, alguém rolava pelo calçadão, e deparou-se com um bando de putos esgravatando numa travessa que continha uns pedacinhos de peixe e muito molho, mais parecia uma calda de tomate. E o que o "pobre disse ao rico" que passava, foi estranho: "você quer comer, cara..." Esta molecada inverteram a fórmula...
Será que estes putos de João Pessoa, da Paraíba, o ponto extremo mais Oriental das Américas e a 2ª cidade mais verde do mundo - conheceram o velho Agostinho da Silva? Pelo menos, fiquei com essa impressão. E também isso daria um Natal Feliz, desta feita genuíno e autêntico..
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