quinta-feira

Filosofices: o poder (inflacionário) dos mitos

Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us • Que seria feito do homem se não dispusesse da sua Liberdade pessoal? Pouco ou nada deveria ser possível realizar de importante, daí a natureza pública da utilização que damos à nossa Liberdade.
• Ora isto já não decorre dos direitos de autor - que analisámos no nosso outro blog, o Culturanalise, mas decorre tão somente da generalidade da importância dos nossos actos com relevância pública. Quer como criadores intelectuais, quer como criadores no domínio industrial. Seja como intelectuais do texto e das ideias, seja como intelectuais dos inventos e dos motores de alta combustão, como o TGV por exemplo - e que significa Transporte de Grande Vapor, mas já não a carvão.
• Einstein, no início da sua vida também trabalhava em patentes, e, ao que julgo saber, em adolescente era um cábula terrível. Ninguém dava nada por ele. Depois...
• Mas este filsofice de feriado decorre da importância exagerada que por vezes o homem atribui ao seu semelhante. Vejamos o caso extremo de Sócrates (o filósofo) que fez um trabalho notável mas terá, porventura, beneficiado de ter sido obrigado a suicidar-se publicamente. Sem esse terrível incidente, que nunca mais se repetiu (e é pena, pois entre nós não haveria cicuta que chegasse para tanto incopetente ali em S. Bento, desde logo pelos deputados cuja maioria mal sabe ler...), julgo que toda a sua obra, todo o seu pensamento jamais teriam seriam divulgados pelo seu ilustre Platão, o homem dos ombros largos - que depois fundou a Academia. Dizem que também gostava de "meninos", não sei!!! Pois este blog não trata de pedófilos ou pederastas, este blog é um blog muito sério!!!
• Julgo que é legítimo pormos hoje esta questão: Sócrates teve o sucesso que teve atendendo às especiais circunstâncias do seu suicídio. Um Sócrates moderno ou post-moderno teria sido logo fuzilado se vivesse na então ex-URSS; ou ignorado se vivesse na antiga RFA, nenhum Platão o safaria, com ou sem meninos... Basta, para observar esta regra de lógica - ceteris paribus, pormos os olhos em M. Maria Carrilho, além de um petulante e vaidoso, a sua filosofia nem para adormecer cágados serve. Aquilo, como aqui temos dito, é intragável .Vejam Os jogos de racionalidade - de Carrilho e comprovem o que digo com os vossos próprios olhos. Dificilmente passarão das páginas iniciais, se é que as conseguirão ler..
• Ainda consegue ser pior do que o Zaramago - que é, como escritor, bastante mediano. Como pessoa, claro está, está um pouco acima do seu amigo, Fidel. Et por cause, sugerimos aqui - a propósito destes dois cromos, que o leitor os utilize como prenda de Natal, assim já tem duas oferendas para as duas pessoas que menos gosta na sua família neste natal. Um pode ser entregue à sogra e o outro fica ao seu critério, talvez ao ministro da Finanças...
• E nós, por cá, como é que é?! Seria Sá Carneiro um mito, que no outro dia perfez 25 anos após a sua trágica morte, se não tivesse desaparecido naquelas dramáticas e obscuras circunstâncias???Julgamos que não. Foi um grande político, sem dúvida; homem de visão, excelente tribuno, combativo, democrata - mas daí a inflacionar a sua genialidade, acho um exagero verdadeiramente desnecessário. Assim como desnecessário seria dizer que Marques Mendes não é um político experiente, ou Cavaco desconhece a economia, ou ainda que Soares é excessivamente demagogo. Cada macacao, portanto, no seu galho.
• Se fosse vivo, Sá Carneiro provavelmente já teria sido esquecido e arrumado numa prateleira. Olhem para o Santana Lopes.., hoje ninguém quer aparecer a seu lado. Óbviamente que entre um e outro não há comparação possível, salvo que eram do mesmo partido. Mas isto tem a sua razão de ser. Olhem, já agora, para Pinto Balsemão..., quem lhe daria importância se ele não fosse patrão da SIC/EXPRESSO/Visão e o mais??? Ninguém... Sejamos realistas e coerentes. E, já, agora sérios!!!
• E essa razão (dos mitos) reside nas sementes da própria história - que tem o dever de alimentar a sua corrente a fim de nutrir a personalidade colectiva de um povo, de uma identidade colectiva. O que seria de Luís Vaz de Camões se não tivesse escrito Os Lusíadas e andasse permanentemente à pancadaria e no engate? Nada, provavelmente hoje não teríamos esse feriado do 10 de Junho que só nos entristece quando calha a um dia de fim-de-semana.
• A história precisa desta seiva para se manter, e fazer germinar outras sementes nesta corrente eterna que é a a história do homem. Dizia-se que o sangue dos mártires é a semente da igreja, mas isso já foi "chão que deu uva", e hoje as modernas técnicas da morte - via terrorismo - que são os novos sistemas da morte - desactualizaram boa parte daquela maquinação da história: a mitologia.
• Hoje a fabricação de mitos obedece a outras regras. Bin Laden, por exemplo, ainda está vivo, e nem precisa de aparecer mas mostrar ao mundo que ele comanda boa parte dessa mitologia anti-Ocidental que condiciona a acção do homem e da história. Basta fazer um vídeo e aspergi-lo ao mundo de seis eem sei meses.
• De facto, quando hoje equaciono os mitos de Sócrates, de Sá Carneiro e de muita outra boa gente que teve um fim triste, concluo que eles não teriam tido definitivamente a influência que tiveram no seio das suas próprias comunidades e lugar da história.
• Mas mais grave ainda - do que esta clarividência a que se chega - é compreendermos a lógica a que preside a montagem dos mitos - a fim de perdurarem nas nossas cabeças e alimentarem a nossa personalidade e história colectivas - e inquirirmos o seguinte: e se ninguém chega a saber aquilo que um certo indivíduo pensa acerca de determinado assunto, como é que é?
• E se, porventura, os portugueses nunca tivessem descoberto a obra e o pensamento de Agostinho da Silva, como teria sido o tratamento que a nação lhe concederia? Isto deixa-me a pensar e preocupado.
• Ora se ninguém vier a saber ou (re)descobrir aquilo que determinado indivíduo pensa, disse ou fez - intra ou extra-muros - esse alguém bem poderá morrer no exílio e (já) sem mito. E mais: se esse determinado indivíduo, qualquer que tenha sido a sua semente ou o terreno em que a tentou lavrar, nunca vier a ser conhecido ou até martirizado (por ex., Agostinho da Silva foi forçado a exilar-se no Brasil para escapar à censura de Salazar - neste sentido foi pressionado e/ou "martirizado" a evadir-se do seu próprio país) essa pessoa terá tombado num terreno pedregoso e estiolado, sem frutificar.
• Ora nós, por cá, também temos um PM com nome de filósofo: Sócrates. Obviamente que não lhe vamos aqui pedir aqui que ele beba a cicuta e morra ante 10 milhões de tugas em transe, como ontem esteve o Estádio da Luz/Glorioso. Mas sempre lhe podemos exigir que mostre à turba o que é o plano tecnológico e que comece a revelar sinais positivos que estamos a sair da cauda do rabo do dinossauro. Doutro modo, nós, o povo, tereremos um dia de lhe pedir que vá alí ao Martinho da Arcada beber um cafésinho, e alguém depois lhe servirá e atal cicuta...
• E se tiver sorte, antes de o matarem ainda lhe cantam uma poesia do Nando, mais conhecido pelo Pessoa - que nas horas livres, antes das traduções, da contabilidade e da Publicidade e das cartas de amor que escrevia, assentava praça no Martinho. Bebia vários penalties e depois lá ia em busca de mais uns heterónimos que hoje também estão devidamente mitificados.

• Aliás, Portugal não existe. Portugal é um país de cêra. Portugal é (outro) mito!!!! • Nota: Por tudo isto ser verdade dedicamos aqui mais este mito ao maior mito vivo (e morto) que conheci e com quem tive o privilégio de privar: Agostinho da Silva. Com uma particularidade: Agostinho da Silva foi foi e é maior do que mito. Nunca foi criado ou inflacionado por ele.

  • O HOMEM MAIOR QUE O MITO.

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