quinta-feira

Condição humana

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Confesso que me dei ao luxo de só ter visto um debate sobre estas eleições presidenciais. Por motivos de força menor e contratempos da geografia - só vi este último debate, ou melhor, entrevista que a troika de jornalistas fez ao prof. Aníbal. E daí resultou um conjunto de asserções que já tinha como certezas relativamente ao grande obreiro desta nossa descolonização falhada e péssimo PM - dr. Mário Alberto Nobre Soares. A dada altura daquela entrevista aquilo já enjoava, tal fora o papel a que Soares se submeteu para tentar dobrar Cavaco - que foi, verdadeiramente, um senhor da calma e da temperança durante todo o tempo em que fora entrevista por aquela troika de jornalistas. Não tanto pelas respostas de génio (que não deu) mas pela paciência de Jo, pela perseverança perante tanta estupidez, narcisimo e luxúria do candidato Soares. Soares tentava invectivar Cavaco de todas as maneiras e feitios, afirmando para tal que era mais culto; mais intelectual (pois até já escreveu imensos livros); tem um bom feitio junto da populaça - que depois despreza; já foi PR uma eternidade; conhece a Europa e o mundo; toca piano e fala francês (mal, como sabemos)... Francamente, tudo aquilo foi um espectáculo deprimente, e rever o dr. Soares alí - fazendo aquele roleplaying - fez-me lembrar o filme Voando sobre um ninho de Cucos interpretado por J. Nicolson... Aquilo é mesmo de loucos. No caso do dr. Soares a gravante decorre do facto de ele já não ter consciência de si nem do qua diz ou faz, ou pretende dizer ou fazer. O dr. Soares deveria estar proíbido de poder concorrer ao que quer que fosse. E digo proíbido por lei - tais foram as enormidades que disse. Quer relativamente à sua modesta pessoa, quer à personalidade do seu oponente. É óbvio que o dr. Soares não tinha alternativa, pois ele sempre foi um vendedor de banha da cobra. Foi-o toda a sua vida, e não é agora aos 80 anos que se muda uma vírgula do seu carácter, feitio o que for.. Um "razoável" economista - dizia Soares de Cavaco... Imagine-se que Cavaco responderia na mesma moeda. O que teria ele para nos dizer? Nada que desconhecessemos, certamente!!! E isso é o seguinte: Soares em tempos foi advogado, creio que do Gen. Sem Medo - Humberto Delgado - mas parece que era tão mau advogado que nunca chegou a exercer. Já o estou a ver a baralhar o código Civil com o Cód. Penal - com ele a dizer que é o mesmo, tanto faz... E também isto é Soares: relativismo. Depois, como PM, em tempos de vacas magras - pediu ao FMI para nos endireitar as finanças públicas. Mas quando tinha de presidir aos Conselhos de Ministros só cometia erros atrás de erros. A tal ponto que teve de pedir a um super-Ministro que o substituísse nessas importantes reuniões, tamanha era a sua ignorância sobre temas económicos, sociais e financeiros. Por isso, não dúvido das gargalhadas que Ernâni Lopes deu no sofá de sua casa assistindo ao debate-entrevista, se é que não teve mais nada de importante para fazer. Soares - um homem de cultura??? Por ter escrito aquelas sebentas/intervenções completamente desinteressantes a partir dos pastéis de Belém? Aqui admito que os livros de Cavaco também não sejam nenhumas prosas de excepção literária, até porque a um político não se pede que seja um bom escritor. Nem todos podem ser como W. Churchill, De Gaulle.. Soares passou a entrevista a tentar assassinar o carácter de Cavaco. Só faltou chamar-lhe estúpido. Admito que qualquer um de nós não tería metade da paciência demonstrada por Cavaco. Sobretudo, nas questões relativas à Europa e aos fundos comunitários integrados no então Pacote Delors...E também nas questões pessoas, de carácter e de estilo. Admito, contudo, que à sombra do cavaquismos proliferou muita corrupção, muito nepotismo, muita irreponsabilidade que deslocou boa parte desse dinheiro comunitário para fins outros do que aqueles que estavam direccionados para o desenvolvimento de infra-estruturas e de modernização da nossa sociedade e da nossa economia. Soares foi agreste, foi incompetente, revelou a sua grande frustração: não ter conseguido ser jornalista. Foi até mal educado e por várias vezes. E perante isso Cavaco respondeu-lhe sempre com mais cultura, com mais educação, com mais conhecimento, com mais fair-play - o que no caso comparativo de Soares também não é difícil. Soares até se deu ao luxo de dizer a Cavaco que lhe poderia ter impedido de prosseguri a sua carreira política, caso não dissolvesse o seu governo minoritário. A arrogância de Soares tornou-se genéticamente estúpida, autodestrutiva. Soares queria rever-se na figura de um cientista social mas ninguém lhe reconhece essa valência de professor; queria mostrar ao mundo que é cosmopolita mas apenas denunciou as suas próprias qualidades de homem público invejoso e belicoso que não tolera que os outros - a seu lado - tenham mais status intelectual e gozem de mais competências formais e informais. Evocava a globalização - mas era Cavaco quem em 15 frases enquadrava o assunto e ilustrava-o com um exemplo - demontrando por que razão Portugal não pode crescer ao mesmo ritmo que Espanha. E assim foram as atoardas de Soares sobre Cavaco, com aquele a ficar prostrado ao relvado, sem capacidade de resposta, sem trazer novidade para o discurso. Estou plenamente convencido que se perguntarem a Soares dois nomes franceses e dois nomes anglo-saxónicos que contribuíram decisivamente para os estudos sobre a globalização - Soares é bem capaz de evocar o Sartre ou o Filipe Gonzalez, e depois ainda diz que Raymond Aron está vivo, é galego e passa a vida a fazer programas de rádio sobre a resistência com Manuel Alegre a partir de Argel. Soares é assim: o trapalhão consentido, um pouco como o Herman José no terreno do humor, tudo se lhe permite dizer, apesar deste estar (também) incaracterizável. Muito mais se poderia referir, mas Cavaco saíu da entrevista - um pouco como todos nós: enjoado e enojado. Soares fez tudo para assassinar o seu carácter e dizer ao mundo que sabe falar francês e tocar piano, mas esquece-se que isso foi moda na década de 60 do séc. XX, e hoje já é um anacronismo. Além de que falar francês como ele fala - também ninguém o entende. Cedo percebi naquela entrevista que Soares precisa urgentemente de ser acompanhado numa consulta de psicologia evolutiva, para corrigir aspectos do seu comportamento. Cavaco, ao invés, percebeu a previsibilidade de Soares - que se comportava como um elefante dentro duma loja de porcelanas. E percebendo isso esperou que Soares começasse a lavar a roupa suja, esperou que o velho leãosinho - já a sangrar e sem juba e expulso pelos machos mais novos - que agora dominam as fêmeas, o território e fazem a patrulha do espaço - tocasse os sinos, as sinetas e os gongos para demonstrar as suas falácias. Cavaco atacou Soares sem ter de lhe dirigir a palavra, sem ter de ofender ou ser insolente para com ele; venceu-o sem o combater. E isto é o máximo da arte política. Soares, ao invés, nada sabe de estratégia nem de tática e só fez uma coisa do início ao fim da sua entrevista: lavar a sua roupinha suja e tentar demonstrar que é mais inteligente que Cavaco. Ora, todos nós já sabemos qual é a resposta. Por esse andar, ainda esperei ver o velho leãosinho tentar demonstrar que tem metade da idade de Cavaco e, nessa medida, poderia até ser filho dele. Soares, além de mal aconselhado não tem amigos. Soares arrisca-se a sair da história política recente, ou se permanecer nela apenas a ilustra como tendo combatido os radicalismos comunistas no quadro do PREC. Soares nunca me enganou. Nunca votei nele; e se um dia tivesse de ser seu aluno - tudo faria para mudar de turma, ou de curso... O problema de Soares é desconhecer que já não existe politicamente há décadas. E é a sua presunção, mitigada com ira, gula pelo poder, inveja e soberba que faz dele uma criatura fora da terra guiado por uma tremenda presunção heróica que o conduzirá contra o muro onde se esborrachará. Temo bem que a figura que Soares irá fazer na matemática eleitoral que se avizinha será semelhante à figura que a Pantera-côr-de-rosa fazia quando era atropelada e ficava colada ao alcatrão. Isto no tempo em que a TV passava desenhos animados. Hoje, servem-nos coisas andrajosas que não consigo nomear. Hoje tudo mudou. Até a natureza dos candidatos e as estranhas formas a que recorrem para se fazerem notados pelas populações que desprezam logo a seguir ao dia das eleições. Vivemos num mundo estranho, num estranho mundo.
PS: Depois de Janeiro o dr. Mário Soares regressará de novo ao trabalho: ser monitor de informática destas jovens que buscam na Fundação com o seu nome - criada com fundos do Estado - logo de todos nós (e é duvidoso o seu carácter de serviço público) - a aprendizagem do pacote Office. Soares pensa começar pelo sistema word e acess, depois evoluirá para o powerpoint e excell. Afinal, a fundação servirá para alguma coisa... E o mais curioso é que na equipa de formadores liderada por Mário Soares também fazem parte o seu amigo M. Alegre, Rui Mateus, Jerónimo e Anacleto Louçã - para ajudar a interpretar a parte dos gráficos e a estatística
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