O risco, os impostos, a liberdade e o homem..
O risco, o homem, a liberdade. São temas bem mais interessantes do que meditar em Soares que faz tempo está ché-ché; em Cavaco que precisa de renovar o vocabulário e as ideias de eucalipto e deixar de fazer um culturismo sôfrego com os maxilares; no poeta Alegre que ainda julga que Salazar está vivo e acampou nas imediações de S. Bento e julga que a política é um fragmento de poesia antifascista que hoje ninguém lê, (excepto ele é claro); ou em Louçã que terá futuro (certamente!!!) - mas é numa sex-shop de Amesterdão fumando charros, dissertando sobre o aborto, a natureza de género e o futuro da homosexualidade na Europa e no mundo, pressupondo que o mundo e a Europa são o Bloco de Esquerda e a ana Drago; e, por fim, o camarada Jerónimo - que não me faz lembrar nada.. Nada, excepto um cangalheiro que conheci em tempos no ferro-velho de Sacavém que desenrascava a malta - aflita com peças baratuchas e de proveniência duvidosa mas que serviam para reparar chaços não menos duvidosos. Pois na década de 80 todos tínhamos carros que mais pareciam uns chaços.
Hoje todos temos bons carros e, ainda assim, a sinistralidade e o civismo na estrada não diminuíram. Logo a começar pelos ministros do sector que dizem aos motoristas para acelerar porque estão atrasados, e são os primeiros a furar o código da estrada. E como eles dão um belo exemplo, o zé povinho, que é mimético e saloio, vai atrás e depois acaba pagando multas para financiar as barriguinhas de vinho de muitos - não todos - alcoólicas dos GNRssss e senhores da BT. Um dia aconteceu-me ser multado por excesso de velocidade, ía a 129 Klm numa descida, e no fim da mesma, à entrada da Costa da Caparica, estava um senhor polícia que me mandou parar. Tinha barriga, ou melhor, era barrigudo, tinha um hálito que tresandava a vinho a martelo e multou-me em 25 cts. Filho da.... A partir daí fiquei com a sensação que muitos oficiais do sector eram alcoólicos, ou quase... Certamente que isto é uma caricatura da realidade, nem todos são alcoólicos, doutro modo haveria também mais acidentes entre eles. E tudo isto a propósito do camarada Jerónimo que me fez lembrar o cangalheiro de Sacavém, etc, etc, etc.. Em todo o caso, julgo conveniente, atendendo à natureza das coisas, que os polícias não deveriam beber em serviço e também não deveriam ser barrigudos. Assim, dificilmente entram nos carros e não conseguem correr atrás de ninguém, caso algum prevaricador pretenda avadir-se da viatura...
Enfim, memórias que remontam já aos idos anos 80, em que Cavaco se afirmava - apesar de ainda não conhecer as virtualidades do bolo-rei e ainda Tomaz Taveira, o pai Tomáz - não era conhecido nem tinha feito as fôrmas para os ditos bolos. Há até quem diga, que essas fôrmas começaram a ser feitas nas Torres das Amoreiras - que, segundo diziam as senhoras do Jet-Leg que frequentavam as ditas lojas - até estremeciam sempre que mais uma fornada de bolo-rei começava a ser fomatada pelo supra-referido arquitecto. Tudo isto, são já cacos de museu, peças de micro-sociologia de chinelo que teceram as avenidas da nossa memória da década de 80 do séc. XX. Entretanto, já galgámos duas décadas, e muitas vinho passou pelas nossas guelas. Continuamos embriagados, portanto..
Mas o tema desta rúbrica, ou, como diria o Raul Durão - o Apontamento de Reportagem, não é disertar sobre aqueles cromos da política lusa, nem sobre os agentes da autoridade que alcoólicos multam os automobilistas... Mas sim reconhecer que na nossa vida dois aspectos são incontornáveis nas nossas vidas: os impostos e a morte.
E é isso que prefigura o risco em que incorremos todos os dias, de manhã à noite, todos os dias do ano, todos os anos da década, todas as décadas da nossa vida. Uma vida cheia de tempo, por vezes sem tempo para nada. Bom, mas é desse "nada" que aqui tratarei em breves notas.
Prometerei ser mais breve que o octogenário Soares que conta aquelas anedotas e estorietas da sua vida, e ainda não as concluiu já se está a rir. Isto, claro, para ter a certeza de que os outros também se rirão convulsivamente.. Senão, da anedota, sempre se poderão rir dele - a rir!!! Soares julga que capta votos na televisão dizendo aquelas bacuradas.. Soares julga que o povo ainda é mais estúpido do que na realidade é. Soares abusa do povo que tem. Soares é um ingrato. Ao ponto a que a República chegou.. O que um homem tem de fazer para conquistar votos... Por vezes olho para tudo isso e confesso que acho a profissão de político a coisa mais decadente do mundo. Mais deprimente até do que ser pedinte à boca do metro dos Anjos, pedindo umas moedas para comer um prato de sopa.., ou uns copos de vinho a martelo. Soares faz, no entanto, aquilo que os outros fazem. Mas como já está ché-ché - a coisa parece mais aguda. Daí o ridículo que nele é mais acentuado.
E por falar nisso, hoje interroguei-me quantos - de entre todos aqueles candidatos ao Palácio de Belém - que se dizem - tão amigos dos pobres e dos mais desfavorecidos, se prontificariam - sem ser em contexto eleitoral - a pagar uma sopa quente, um bolo, uma sandocha, um croquete, o que for - para matar a fome a qualquer um daqueles pedintes??? Julgo que nenhum o faria.. Talvez, o camarada Jerónimo, se soubesse que estaria a ser filmado...
Todos os outros, creio, se afastariam, não fosse o pedinte ter lepra. Por isso, quando vejo aqueles cromos aproximando-se das pessoas, da gente simples, ingénua, pobre de carteira e mais pobre ainda de espírito - catando o seu voto só me apetece entrar na caixa mágica e ter poderes para encostar-lhes um cabo de alta voltagem nos cotovelos daqueles cata-votos e dizer-lhes: não sejam hipócritas nem cínicos... Párem de explorar os sentimentos e os receios alheios destes pobres de espírito e façam-se ao trabalho. Emigrem, desapareçam, fingam que vão ao WC e zarpem para o Iraque ou para o Burundi.. e fiquem por lá uma temporada semeando honestidade.
Mas infelizmente a caixa negra - que é a televisão - ainda não progrediu para patamares tecnológicos tais que permitam esse tipo de interacção. Lá chegaremos..., um dia, um dia!!!
Mas voltemos ao título deste blog: o risco e a liberdade. Logo, a morte e os impostos... Tudo o que de mais certo há neste mundo, se pensarmos bem. E se pensarmos um pouco mais, essa afirmação recorda-nos de que quase todos os acontecimentos que ocorrem no mundo real são incertos, daí a necessidade em aprendermos a lidar com o risco.
E para tal é necessário desistir de olhar o mundo como uma certeza ilusória, doutro modo jamais conseguiremos abrir as portas da compreensão para explorar a complexidade do mundo em que vivemos. Um mundo em que os velhos, já muito velhos, querem de novo voltar a ser homens novos, muitos novos. Ora isto é um non sense perigoso, ou "terrorífico", como agora se diz. E ninguém diz isto ao dr. Soares.. Por isso, temos aqui defendido que ele não tem amigos. Nem um só..., que lhe possa dizer a veradde. A Joana Amaral - por exemplo - não conta, pois ela julga estar numa passagem de modelos permanentemente. E como acredita mesmo que está na passerele nem se apercebe do ridículo em que incorre, fazendo aqueles trejeitos de menina importante, mimada e petulante. Faz-me lembrar Durão Barroso: só têm pose e nariz emproado. Quando se espreme nem leite sai dali... Enfim, também não será de admirar, pois estamos vivendo uma conjutura de "Vacas Magras"...
Também aqui, há jovens que mais parecem velhos; piores ainda do que estes quando se dão ares de muito novos. É o ridículo em movimento, que depois desfila a passo largo, como quem passa à guia aqueles cavalos meio selvagens que já começam a obedecer à voz do dono. Em Portugal tudo já começa a andar trocado. Qualquer dia, contratam Sampaio para treinador do Estoril Sol para implodir o Hotel da avenida marginal e fazer um discurso sobre a racionalidade do absurdo; ou Vitorino para jogar basquete numa equipa norte-ameriacana; ou ainda convidam Zaramago para entregar a medalha da grã-cruz da ordem e da liberdade ao seu amigo distintíssimo e canibalíssimo Fidel Castro. Como diria um amigo meu, "desde que vi um porco andando de bicicleta já acredito em tudo"... E eu para lá caminho.
Ora como as certezas não existem, e as que julgam que existem são muito perigosas, o melhor mesmo será supôr que a certeza não passa duma ilusão que devemos pôr de lado. Por mim, confesso, já coloquei de lado a existência de certos candidatos a Belém. Outros ainda estão a ser avaliados na roda-gigante da dúvida, que criva e peneira tudo, grão a grão, asneira a asneira - até à asneira final.
Neste mundo, como referimos acima, só existem duas certezas: os impostos e a morte. E é a isso que julgo estar a assistir em pleno directo quando avisto os cromos que ora se candidatam a comer os pastelinhos de Belém, alí ao pé do rio Tejo, donde um dia partiram as caravelas que deram novos mundos ao mundo e fizeram os Descobrimentos.. Ideias, projectos nem um só vejo. Tudo aquilo são cargos de manutenção, Portugal parece nada beneficiar com este regime, com este sistema político, com estas soid disant elites paridas há décadas, sem nunca se renovarem. Tenho a sensação - quando equaciono hoje as eleições presidenciais - de estar a caminhar na direcção de um Stand para comprar um carro novo, só que depois acabam por me vender o meu 1º carro, um 2CV - que, em 1986, se negou a subir a serra de Marvão - quando dei boleia a um casal de turistas.. É óbvio que foi "ele" que teve de sair a meio...
Hoje, quando me interpelo o que temos para dar ao mundo, chego à triste conclusão que além dos pastelinhos de nata só temos mesmo aquelas duas coisas: os impostos e o resto... da outra parte da certeza!!!
Eis os desafios de Portugal que estas eleições presidenciais me suscitam... Talvez por isso não vá votar.
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