A Política está perigosa em Portugal
Há pra aí uns blogs que detestam Cavaco Silva. Chamam-lhe rural, dizem que veio das berças. E que tem de pagar as favas porque alguns "Loureiros", árvores então em expansão, subiram à conta do algarvio que virou estadista.
Depois tentam colar a imagem do homem à criminalidade económico-financeira que parece graçar por aí, nos maiores bancos privados - BES, BCP, FiniBanco e o mais, e que alguns - em directo para a RTP1 - dizem tratar-se de pequenos lapsos e negligências... Ora, segundo a "estória" em matéria de contabilidade público-privada parece que deus, ou a divindade por ele, jamais se enganou.
Mas a coisa não fica por aqui. A ideia, porque há ódios de estimação que emanam directamente de uma certa Administração Púbica (média e alta - com muitos ressentimentos que já não se tratam no divã do psicanalista), é fazer com que o velho Cavaco entre no casulo deste novel Cavaco presidencial. A técnica é simples: confundir os tempos (passado e presente), misturar os loureiros, os oliveiras & costas e mais uns sujeitos que fizeram (ou fazem) a ponte entre a política e a banca - e dizer que este Cavaco - que até janta na casa do Espírito Santo - não passa dum sub-produto burocrático-financeiro com incursões na política. Dez anos assim - como PM - confesso, é obra. Assim, estes blogueiros técno-conspirativos, prestam grandes favores ao Pai da repúbica, o leão Soares. O exercício é imaginoso, mas uma leitura mais fina descasca-o em dois tempos.
Se alinharmos por essa ordem bacôca e conspirativa de ideias - daqueles que querem ver Cavaco na bolsa dos loureiros e demais espíritos santos neste milénio que passa, a Avioneta que em tempos transportava o filho de um candidato à PR, também estaria - hoje - intimamente ligado à criminalidade diamantífera sul-africana com pernas na Europa e pequenas extensões em Portugal. Disto, os grandes blogueiros, especialistas em virtuais invenções e outras ruralidades, nem debitam uma palavra. São os ossos do ofício de quem só se lembra do que interessa ou é conveniente, a cada momento, lembrar. Pobres de espírito, terão, porventura, ereler o velho Nicolau para evitar, assim, chamar os outros de parvinhos...
Bem como todos aqueles soaristas que subiram à sombra do velho leão também estariam, hoje, a seguir aquela bacôca teoria da conspiração - todos infiltrados nos meandros do poder, tecendo altas conspirações contra a Nação e a favor dos interesses corporativos e das fundições do Portugal interesseiro. Confesso que estes blogues - além de imaginosos - só (re)vivem na imaginação das pessoas que um dia desejariam ter sido 007(s) à portuguesa e, por qualquer motivo, acabaram enjaulados numa qualquer repartição de finanças fazendo contas de cabeça pensando, assim, que sabem de Política.
E mais: que conseguem pensar a política à luz desses canônes teórico-conspirativos. Porventura, a esses meninos de escola do "pinsamento" politicóide, basta relembrar uma coisinha que, ainda assim, não tem muito tempo: a maravilhosa descolonização feita pelo velho leão de trazer por casa e pelo seu sempre e fiel amigo legislador da nação, o Dr. Almeida. Este último com empresas e negócios no ultramar e, ao mesmo tempo, governante na nação. Em causa própria, já se vê. Talvez por aqui possamos infirmar o tipo de democracias políticas, económicas e sociais que graçam hoje pelos meandros da lusofonia e que foram uma consequência quase directa dessa merdosa descolonização. É só corrupção, nepotismo e o mais... E o povo a morrer na miséria, ali mesmo diante das moradias dos grandes empresários que, par hazard, também são ministros dos regimes diamantíferos africanos. Os mesmos para quem a dupla de Soares & Almeida S.a - fizeram a descolonização "exemplar".
Mas para estes senhores - os bloguistas de serviço que têm por missão nacional provar a ruralidade do velho e novel Cavaco - já não têm memória. Ou melhor, a sua memória é selectiva e só é activada contra o Cavaco-rural. Que, por acaso, até têm um aspecto físico bastante atlético e mui invejável para a generalidade dos tufas (que ficam obesos e disformes). Cavaco ainda não tropeça nas palavras como o velhinho Soares quese diz e desdiz a propósito do vento e do ar. Já não vamos aqui comentar as tremendas gaffes do velho leão - paras as contrapôr à novel confusão que Cavaco fez na Un. católica, misturando a Ass. da Répública com a Ass. Nacional. Por este andar, Soares ficaria infinitamente a perder e, com jeitinho, os bloguistas anti-cavaquistas do Cavaco rural ainda nos vão embrulhar a ideia que ele foi ministro do Botas. Ora recorrer a isto é, no mínimo, saloio e curto de vistas.
E porquê???
A resposta é tão simples quanto comezinha: Cavaco tem, de longe, melhor preparação (física, psicológica, humana, profissional) para desempenhar actualmente o cargo de PR - do que o perfil de humanidades de sociedade aberta - e de "estórias" do post guerra fria para estudantes liceais, que o velho leão teria hoje, porventura, para nos contar. Ainda por cima, estórias adulteradas e cheias de gaffes... Pois isto de querer virar professor de ciências políticas aos 80 anos ainda é pior do que querer ser 007 e James Bond à portuguesa e não passar dum fiscalista submerso em processos desinteressantes, repletos de lesmas e caracóis a aguardar recriação por um qualquer Franz Kafka que debite ao mundo estórias bolorentas.. O problema é quando os fiscalistas também querem ser banqueiros... Ou astronautas aos 80 anos de idade... Aí não põem só em perigo a sua vida, questionam toda a tripulação.
Por isso digo: os tempos em Portugal estão perigosos. Mas os velhos leões da política lusa, para lamento de certos bloguistas que apenas têm uma visão financeirística ou economicista da política, ainda podem ser comidos pelos coelhinhos brancos. E em directo num tempo já muito próximo de si. Temo bem que seja isto que possa suceder - no combate político mais aguardado entre o velho leão - e o soit-disant - rural de Boliqueime. E depois, para a estória do séc. XX, a imagem do dr. Soares fique apenas salvaguardada numa nota de pé-de-página, enfeitada com o abraço ao dr. Cunhal na chegada a Stª Apolónia...
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