quarta-feira

Os "instrangeiros"...

  • Infra vemos três factores necessários a qualquer investigação de sucesso:
1) um investigador visto pela frente 2) o seu cérebro visto por trás 3) e o movimento que ele imprime ao que pensa, estuda e faz em prol da Comunidade
Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us Quando procuramos o nosso carro e ele não está lá, geralmente houve algo relacionado com o escape. Talvez por essa razão alguém tenha proposto um livro branco sobre política de inovação para dinamizar a ciência (pura e aplicada) em Portugal. A meta (com o processo de Bolonha no horizonte) é gerar empregabilidade científica. Por isso muitos dos nossos melhores e mais determinados finalistas de cursos universitários vão finalizar as suas formações para o estrangeiro a fim de maximizarem os seus skills. E, regra geral, de lá vêem mais qualificados e representam, a médio e a longo prazos, activos importantes para o país. Para responder aos desafios da modernidade, que coabita com um certo terceiro-mundismo que povoa ainda boa parte do Portugal-tecnológico, o nosso Ministério da Ciência e Ensino Superior, ié, o Estado - ou melhor, os contribuintes - quer atrair investigadores de excelência, acabando com a fuga de cérebros nas ciências exactas e difusas: "basta" que se tenha publicado 100 artigos em revistas internacionais e supervisionado 10 doutoramentos para a "caldeirada" estar no ponto. Eis a receita da ex-Ministra da Ciência e do Ensino Superior do sr. dr. Santana Lopes, que foi, como é consabido, o maior erro e trauma político do post-25 de Abril. Da ministra da pasta, confesso, já nem recordo o nome. Faço mais um esforço, mas só saí ruído... Contudo, a estratégia da dita ministra pareceu excelente: promover o emprego científico e premear o mérito. Agora aquela dos 100 artigos e dos 10 doutoramentos - não lembra o careca... Apesar dos critérios serem apertados e ridículos, a atracção de cérebros nacionais no estrangeiro contribui para o tripé civilizatório que Portugal tanto carece, já que o avanço técnico é indutor de igualdade e de liberdade. São todos esses factores sociais, económicos e tecnológicos que tecem a mola do desenvolvimento sustentável em qualquer sociedade. Daí a importância de um organismo para regular eticamente o avanço tecnológico de molde a aumentar a igualdade e a liberdade entre o bom imigrante e os “instrangeiros”, i.é, estrangeiros dentro do próprio país de origem. Embora nacionais politicamente, são estrangeiros socialmente. Também aqui a globalização faz o seu curso: aumentou o número de cientistas; e facilitou a mudança de país. É preciso é que o refluxo de talentos não reduza as possibilidades de empregabilidade aos "instrangeiros" empurrando-os para a margem do sistema. Havendo sustentabilidade e inclusividade para os melhores, o saber torna-se global. Importa notar que os cientistas de reputação mundial são originários do 3º Mundo, mas vivem e enriquecem culturalmente as megapolis do Ocidente; outros operam nessa aldeia global através de filiais de multinacionais produzindo um saber que poderá segregar os indígenas. Seja como for, o nosso Ministério da Ciência teve um rasgo político ao viabilizar a sedução das estrelas da ciência de que dependem taxas de crescimento, inovação e vantagens competitivas. Só que ao livro branco poderia, agora, criar-se um observatório permanente para fazer o livro amarelo (centro operacional de formulação de propostas); e depois um livro verde (plano estratégico global da empresa-cidade-região) comprometendo eleitos e eleitores. Ao branco da reflexão prospectiva seguia-se o amarelo da mobilização e o verde da acção estratégica. Assim, a política funde-se num corpo de conhecimentos e de saberes que nos permite conhecer o futuro antes dele ocorrer. Esta reflexão já foi publicada na imprensa em Abril de 2004 e agora adaptada para este blog.
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  • Esta é a cultura IKEA... Admito que a cultura-Nokia seja semelhante...
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Eis o comentário de André Mendes (que é eng. informático) directamente da Finlândia.

Bom dia Rui!

Acabei mesmo agora de ler o seu artigo. Ontem cheguei tarde a casa ecomo tal fui só jantar, ler um pouco e deitar-me pois aqui naFinlândia são duas horas a menos e começo a trabalhar logo de manhãcedo ( como é hábito na generalidade dos finlandeses:)). Gostei bastante da sua reflexão: o nosso país tem que colmatar alguns handicaps no que respeita ao insucesso escolar de base e até ao nível universitário. Temos uma classe de reitores que muitas vezes se preocupam em medir a importância das suas universidades por número de estudantes que possuem. Os entraves levantados ao Processo de Bolonha foram imensos revelando a nossa pequenez, mesmo ao mais alto nível universitário. A anterior Ministra da Educação pecou por não ter aplicado um 3+2 de imediato a nível das engenharias. Perdeu-se na formação de comissões de avaliação que posteriormente deram um parecer favorável no que tocaao que era óbvio e lógico (aplicar o 3+2). O Ministro Mariano Gago esteve bem em tomar uma decisão com poucos meses de governação mas esteve mal no sentido de permitir que as universidades optassem entre 3+2 e 4+1... Este impasse com tiques de marasmo é uma factura que se paga bastante caro a nível Europeu. Nãopodemos esquecer que mesmo que tivéssemos sido rápidos a estruturar os nossos cursos não estaríamos adiantados em relação a Países que já tinham um sistema similar a Bolonha e cuja integração foi natural. Os órgãos de gestão das faculdades são dirigidos por Professores cuja formação de base na grande maioria dos casos não tem nada a ver com as tarefas que desempenham. Defendo sim uma profissionalização dos órgãos de gestão. Estes deverão ser compostos por gestores com formação de base para gerar competitividade e construir pontes entre Universidades e Empresas. Uma Universidade bem gerida pode diminuir os encargos do Estado e favorecer a competitividade a sua internacionalização. Temos que, de uma vez por todas, deixar de andar a reboque da Europa e trilhar os caminhos de mãos dadas com os países mais avançados. A nossa dificuldade reside em grande parte na Educação. Ou fazemos uma aposta forte e vencemos as nossas dificuldades já na próxima geração ou então continuaremos mergulhados num país que se entretém a trilhar alunos num 4+1 seguido de um 3+2 e estaremos condenados a trabalhar em condições cada vez mais precárias. E assim termino a minha reflexão matinal:)) Gostei muito do powerpoint que me enviou. Um grande abraço,

André