Conta-corrente - de Vergílio Ferreira
De Vergílio Ferreira (VF), que ainda conheci na Bertrand da Avenida de Roma, com aquele ar carrancudo branco-amarelo, recordo as lamúrias que há em todo o homem. Esse olhar para dentro, esse medo da morte compensado com palavras. Dele guardo a ideia de que um bom escritor terá também de ser um bom pensador. Sem ser um filósofo puro, nem um historiador, Vergílio que não era nada disso – era isso tudo. Seleccionava tudo e servia-nos depois a receita. Com mais ou menos pessimismo e cor, ali estávamos nós a contemplar o auto-retrato diante do espelho. Bem haja pelo reflexo Vergílio…
Em homenagem à qualidade do Jumento.
Que diria dele se VF fosse vivo?
Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência,
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência!
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