quarta-feira

Dois em um: a consiStência de Luís Marques Mendes

O analista de sistemas do macroscopio repete aqui o que escreveu em Março de 2005. A propósito de Luís Marques Mendes e da sua liderança no PSD. Ou melhor, no PSD que pensa - como subscreve o amigo J. Covas.
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A propósito de Luís Marques Mendes e destas eleições locais.Image Hosted by ImageShack.us
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Mudar de vida: a nova política do PSD
Être a star, c’est durer Devien ce que tu es, Va au bout de toi même Rest toi.
É com o farol de Seguela que Luís Marques Mendes (LMM) procura conquistar a liderança no PSD, após o caos político-eleitoral lavrado por Durão e agravado por Lopes. O ex-ministro dos Assuntos Parlamentares, conhecido pelo laranja mecânica ao tempo de Cavaco, e um apoiante de Marcelo Rebelo de Sousa, pensa executar o seu programa com as seguintes medidas: denunciar a aliança com o PP de P. Portas, perniciosa para o PSD; apoiar Cavaco Silva para Belém; apostar na mobilização do partido para as eleições autárquicas; recolocar o PSD na área do centro social-democrata subtraindo-o da arena movediça da direita populista. Enfim, pretende renovar e regenerar o partido criando uma alternativa credível em áreas fundamentais, como as finanças públicas, a economia e as políticas sociais. A este conjunto de objectivos designou mudar de vida. Com ele estão algumas figuras e responsáveis políticos: Ferreira do Amaral, Hermínio Loureiro, Amândio de Oliveira, M. Frasquilho, Teresa Zambujo, Azevedo Soares, entre outros. No último congresso de Barcelos, Marques Mendes foi o único crítico a “dar a cara”. Mostrou coragem política quando todos os outros se escondiam, e ainda fez campanha pelo distrito que habitualmente representa. Portanto, ele é, ao invés de F. Menezes (que está em guerra civil permanente consigo e com os outros) e de M. Ferreira Leite (tesoureira do partido e cuja idade e a força anímica não lhe permitem grandes emoções) o candidato mais competitivo da presente conjuntura. Não sei se LMM, que é um workaholic, talvez com mais capacidade de trabalho do que Durão e Lopes juntos, conseguirá executar esse programa e afirmar-se como um líder não provisório. Não sei se será um preserver, um maker, um taker, um changer, um seeker ou um escaper. Mas sei que é correcta, coerente e corajosa a sua atitude: atender a uma urgência política ante o caos instalado. O que implica criar uma nova liderança. Mas será possível num político que já vem do cavaquismo? Vejamos: LMM tem uma extraordinária experiência política; um aguçado espírito de missão de serviço à causa pública; é credível e respeitado perante os pares e na sociedade. Mas será que avançou no tempo, desde o período áureo do cavaquismo? É rigoroso e flexível. O seu improviso decorre do estudo fundamentado dos problemas. É um excelente tribuno, sem ser demagogo e populista. Tem precisão mental revelando conhecer as leis universais. Lembram-se da lei do fogo? Não adianta não gostar do fogo, ser contra o fogo, desconhecê-lo, injuriá-lo, legislar contra ele. Nada fará o fogo deixar de cumprir a sua Lei: queimará. Ora foi toda essa incúria, qui ça ingenuamente, que cilindrou S. Lopes. Hoje, Portugal precisa de alguém que conheça estas Leis Universais, que farão emergir novos governantes, gestores, magistrados. Moralizar a vida pública, fazer regressar a boa moeda e impedir os oportunismos e os neocorporativismos. Eis a vantagem de LMM: conhecer as Leis Universais. LMM é, pois, o que mais legitimidade política tem para construir essa alternativa. Foi também o 1º a marcar o ritmo e é o que mais garantias dá de observar as Leis Universais: da Riqueza, da Saúde, da Educação, enfim, do Bem Comum cujos frutos se verão daqui por 3 anos. Portugal, como o mundo, está em transição, caminhando. Está também em crise, logo em mudança que destabiliza e é o furacão da crise. Foi por isso, aliás, que S. Lopes foi cilindrado e da história não guardará memória. É assim que leio o input representado pela candidatura de LMM: uma saída positiva para Portugal pós-caos. Hoje o PS tem de mostrar o que vale; o PSD tem de arrumar a casa e constituir-se como alternativa credível. Julgo que até o prof. Marcelo, que regressou mais jovem e mais brilhante, não terá dúvidas em reconhecer simultaneamente em Marques Mendes o preserver (defendendo o melhor de Portugal), o maker (fortalecendo os que a dirigem), o taker (tirando partido da globalização), o changer (regenerando e renovando a política), o seeker (buscando algo de mais profundo) e o escaper (vivendo-a com prazer). Até o boneco do contra-informação acredita em LMM, de prancha na mão antevendo nele o homem do momento. O homem do futuro.
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Rui Paula de Matos Texto publicado a 2 de Março de 2005 na imprensa
  • Reflexão extraída do nosso Livro Em Busca da Globalização Feliz, Hugin Editores, 2005.
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Vencedor e vencido
As eleições de ontem tiveram um grande vencedor e um grande vencido. O grande vencedor foi Marques Mendes. Primeiro, porque ganhou categoricamente as eleições. Depois, porque ganhou as eleições tendo corrido enormes riscos. Marques Mendes correu um sério risco quando afastou Santana Lopes da recandidatura a Lisboa. O que diria hoje Santana se Carrilho tivesse ganho a Câmara? Marques Mendes correu um sério risco quando afastou Valentim Loureiro da candidatura a Gondomar, sabendo que ia ser atacado diariamente pelo major e que deveria perder a Câmara. Marques Mendes correu um sério risco quando afastou Isaltino Morais da candidatura a Oeiras, sabendo que Isaltino tinha fortes probabilidades de ganhar. Marques Mendes correu todos estes riscos - e mesmo assim ganhou de forma categórica as eleições de ontem. É assim que os líderes se afirmam: correndo riscos. HÁ seis meses, quando Mendes se assumiu como candidato ao PSD, escrevi um artigo que se chamava «O Homem Certo». Na altura, muitos acharam-no exagerado. Hoje, perceberão porque o escrevi: Marques Mendes era, depois da saída de Santana Lopes, a pessoa mais capaz de unir o partido, de o recolocar no caminho certo, de fazer as melhores opções, de obter os melhores resultados. Com as decisões que tomou, Mendes perdeu Gondomar e Oeiras. Mas quantos votos terá ganho noutras Câmaras com a coragem que demonstrou? O GRANDE derrotado destas eleições foi o PS. Não digo José Sócrates porque não seria justo. Nem digo o Governo porque não seria correcto. Tenho escrito repetidas vezes que é anti-democrático retirar ilações de umas eleições para outras. Não se pode pedir aos eleitores que votem para as Câmaras e depois tirar daí conclusões para a política do Governo. Também por isso António Guterres prestou um péssimo serviço à democracia quando se demitiu de primeiro-ministro em consequência das autárquicas de há 4 anos. E Mário Soares prestou um péssimo serviço à democracia quando disse que o Governo de Durão Barroso tinham ficado fragilizado pela derrota nas eleições europeias. Este tipo de raciocínio inviabilizaria todas as medidas anti-populares. Se os governos estivessem sempre a ser julgados, não poderiam pôr em prática políticas duras: seriam tentados a estar permanentemente em campanha eleitoral, com consequências desastrosas para o futuro. Mas, por isso mesmo, Sócrates devia ter-se envolvido menos na campanha eleitoral. Se não era o Governo que estava a ser julgado nas autárquicas, era desaconselhável o primeiro-ministro envolver-se na campanha, procurando dar força aos candidatos do seu partido com o peso do seu cargo. Indo 4 vezes ao Porto, José Sócrates sujeitou-se a que Rui Rio dissesse que o primeiro-ministro tinha sido derrotado no Porto. MARQUES Mendes foi, portanto, o grande vencedor de ontem, calando as vozes que o minimizavam e já falavam em sucessão; e o PS foi o grande derrotado, conseguindo resultados ainda piores do que quando Guterres se demitiu. É incorrecto, porém, dizer-se que o Governo tem menos legitimidade do que tinha antes das eleições: tem exactamente a mesma. Mas para que sobre isso não restem dúvidas é bom que, no futuro, os primeiros-ministros pensem duas vezes antes de se envolverem em campanhas para as Câmaras ou para a Europa. Se nas eleições autárquicas não está em causa o Governo, então é bom que o primeiro-ministro fique em S. Bento e não jogue o seu peso político a favor de uns candidatos contra outros.
  • 11 Outubro 2005Image Hosted by ImageShack.us