terça-feira

O grande Freitas e a inspiração da Filosofia: - o pensamento de Xenofonte em acção

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  • O saber de Xenofonte...
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  • I am the star and the system. I am the star-system...
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  • Consta por aí que o grande Freitas do Amaral - pela história, curriculum, saber e status é oposição a tudo e a todos. Até ao próprio governo, ié, é oposição ao seu próprio Primeiro-Ministro - com quem já tem boas relações desde o tempo em que Sócrates lhe pediu um parecer na área do Ambiente. Porém, em declarações ao DN diz que o PM descurou a frente externa, e fundamentou mal o aumento dos impostos e, pior, jamais deveria ter feito uma campanha eleitoral prometendo não aumentar os impostos e depois dar o dito por não dito e ter de o fazer.
  • As rádios e os jornais - que pouca massa crítica têm - são meras correias de transmissão deste tipo de fait-divers. Têm um problema: repetem muito e pensam pouco, e aqueles foros da TFS - elogiados por todo o mundo - não raro, deixam, por vezes, tudo a desejar.
  • Mas regressemos à base. E a base é a (suposta) posição de Freitas contra algumas posições do seu PM e, in concreto, do respectivo Ministro das Finanças - que se viu forçado a aumentar os impostos - quando, na realidade, Sócrates foi eleito com base num programa que não contemplava esse sacrifício aos portugueses. A mentira anda sempre na fronteira da verdade. Como o ódio relativamente ao amor.
  • Mas o curioso é que Freitas - que parece ser o único a pensar Política naquele governo de liberais envergonhados e ainda apelidados de socialistas - tenha recorrido a Xenofonte - que ensinou nas suas Lições da Universidade - para fundamentar mais este favor que presta ao PM, J. Sócrates. Ou seja, Freitas pôs ao seu serviço e ao do Governo o peso das ideias, das instituições e das associações que definem a vida intelectual e espiritual do homem para aí fundamentar uma posição política. É inteligente e sábio. Com Freitas nada fica ao acaso, já que ele procura uma ideia-força para cada situação. Combinando e ajustando os princípios éticos e políticos aos fins do Estado dando a entender, de certo modo, que a política é como a arte de tornar os homens justos e virtuosos. E às vezes consegue.
  • Mas porque razão, afinal, aparece Xenofonte (430-354 A.C.) no bolso de Freitas? Um dos pensadores mais importantes da Antiguidade clássica, a par de Platão, Péricles, Aristóteles e Cícero. Trata-se de um discípulo de Sócrates que depois o seguiu promovendo os seus ensinamentos.
  • Mas Xenofonte era também um estratego militar, que participou em muitas expedições, tal como Freitas que já integrou governos de direita e de esquerda - embora se diga do Centro. Por vezes, nada é mais radical do que ser do centro... Mas é óbvio que Freitas não foi um guerreiro, um aventureiro e muito menos um mercenário - como Xenofonte - que chefiou a célebre Retirada dos dez mil - na sequência do ataque que Esparta fez a Atenas.
  • Mas o núcleo das ideias de Xenofonte estão ilustradas neste trecho:
Também pensaste nos meios de te fazer obedecer pelos teus homens? (...) Em todos os domínios, é aos homens que se reconhece como superiores que os outros consentem em obedecer. Tomemos o exemplo de um doente: é àquele que ele reconheceu como o mais capaz de o curar que o doente se submete de preferência. (...) E, pois, de presumir que é àquele que se vê ser o mais instruído acerca do que importa fazer que os outros se acham mais predispostos a obedecer.
  • Este princípio é aplicável não só na medicina mas também na arte militar e na política. Quem, de entre muitos, se afirmar como o melhor far-se-á melhor obedecer. É através desse tal dom da palavra, entre muitos outros talentos - que Freitas também se faz obedecer. E por seu intermédio o próprio PM. Assim, recorda a Sócrates que apesar de ser ele o PM quem é o cérebro-sombra que pensa tudo - é ele - Freitas. E quando não lhe pedem conselhos ele insinua-se acabando por os dar na mesma. Em directo ou do estrangeiro.
  • Freitas conhece bem as paixões humanas. Conhece Shakespeare, é um amante de música clássica, toca piano, fala francês, é senhor duma vasta cultura, tem um grande efeito de sedução nas pessoas - visível quando vai ao beija mão aos EUA e é recebido por Condoleza "Arroz" na Casa Branca. Tudo isso faz de Freitas um homem de conhecimento na política - que pelo dom é seguido pelos seus soldados. Impondo-se mais pela inteligência do que pela força. E os jornalistas do DN - não percebem isto, que é elementar... E o País - também não, doutro modo falaria noutras coisas bem mais importantes do que uma incursão pela filsofia antiga. No entanto, é sempre útil regressar ao regaço de Sócrates - quem sabe assim os jornalistas do DN aprendem algo acerca de alguma coisa. Ler o conjunto da entrevista não é o mesmo que extrair trechos que são de razoável entendimento, e até de modéstia política e auto-crítica. Começando, desde logo, pelo próprio Freitas. Creio que os jornalistas em causa fizeram uma tempestade no copo d'água. E dão à populaça - que é quase analfabeta em Política - umas manchas que extraíram do quadro sem moldura.
  • Em suma: para Xenofonte - o poder não é um fenómeno jurídico mas um fenómeno psicológico. Não resulta das leis, mas das mentalidades e atitudes dos homens. E é assim que Freitas vai conquistando o quotidiano político em Portugal. Ajudando Sócrates, asseverando o ministro das Finanças que nada sabe de política (como os jornalistas que abispados fazem as manchetes) e os demais que se aprontam para gastar os recursos que o Estado não dispõe. Será isto bom para o DN que, assim, julga criar um caso político e ultrapassar o Público em vendas? Será este o móbil da questão!? Pode ser... A ditadura do mercado é terrível, tornando-se mais feroz que as velhas ditaduras políticas do leste europeu...
  • Mas a lição mais importante desta relação (ascendente) de Freitas sobre Sócrates e o resto do governo (para desgosto de António Vitorino que gostaria de ser ele a conselhar o PM - e terá de se contentar com a Administração da Telecom - substituindo, em breve, Horta e Costa ou Ernâni Lopes), é a seguinte: atrevo-me a dizer que entre o PM e Freitas do Amaral existe mesmo um acordo de cavalheiros para que Freitas intervenha e critique na esfera pública aquilo que vai menos menos bem na condução geral do governo. Fingem, assim, que se desentendem para continuarem amigos e coesos. Só aparentemente conflituam mas, de facto, o propósito é só um: esvaziar todo o poder de fogo da oposição. Assim, Freitas - como é grande - condensa em si o poder de fogo de Marques Mendes, a verborreia de Louçã e de mais uns quantos "artistas e dançarinos" da política lusa de cujo nome agora não me recordo.
  • É, de facto, um tremendo favor que Freitas faz a Sócrates a fim de manter a estabilidade do executivo e evitar desgastes rápidos junto da opinião pública. Ora, é isto que as rádios e os media em geral parecem não entender. Ou porque não têm tempo de pensar e se transformam em papagaios de meros comunicados de imprensa que o Carneiro Jacinto ventila cá para fora; ou - quando pensam não conseguem ir além do diagnóstico que aponta logo para um eventual conflito no seio do governo. No fundo, é como constatar que existe água no oceano ou areia no deserto - e todos ficamos na mesma. Todos, com excepção dos que pensam, é claro. E os que pensam não são, definitivamente, os jornalistas do DN que conduziram a referida entrevista. E a "senhora TSF" - que insuflou de sucesso - também, infelizmente, padece do mesmo defeito ou incúria. Mas é esperta porque põe o país alienado pensar para ela que depois acaba por arrecadar todos os louros.
  • É que governar é ir além de persuadir, como diria Xenofonte - afirmando-se aqui como um pioneiro do marketing político dos nossos dias. Fazer política é, também, simular, dissimular, ocultar, fingir, encenar. E isto também faz parte da política lusa.
  • E assim o governo se faz melhor obedecer - porque gere bem a relação psicológica entre governantes e governados. E é aqui que Freitas se projecta em toda a sua dimensão e esplendor - encantando tudo e todos. Até as estátuas dos EUA se mexem à sua passagem por Washington D.C. É que para além de Ministro dos Negócios Estrangeiros Freitas é, porventura, quem mais influência tem no PM e na condução geral dos negócios públicos. E sempre que precisa - Sócrates - assume o papel de discípulo e pede umas aulas ao Prof. Freitas que lhe as dá com o maior prazer e à borla.... Sim, porque bem sabemos quanto custam os pareceres de Freitas... Por cada página, absorve mais 1000 euros. De caminho vende mais uns livros, oferecendo outros quando vai à América de Bush que tanto criticara. Mudam-se os tempos... Camões tinha (e tem) razão..
  • Qualquer dia, por este andar de sedução em sedução no comboio do glamour - vemos o governo aumentar de novo os impostos. E o povo - que está tão agradecido com estas orações de Freitas via Xenofonte - ainda agradece e bate palmas. No limite, ainda veremos manifestações no Terreiro do Paço pugnando pelo aumento dos impostos... Com os políticos a resistir a essa nova parada - verberando que tudo, afinal, não passara duma gravação para um filme de Speelberg em parceria com o Manoel de Oliveira... Com o povo a insistir - e em armas dizendo: - Queremos mais impostos, queremos mais impostos, queremos mais imp.... Só que pelo trajecto espinhoso há por aí uns marmelos que já não lêem Xenofonte, mas compreendem Maquiavel. E aí é que o caldo se entorna para Freitas. E quando isso suceder nem já Xenofonte nem Sócrates salvam o governo (da cicuta) por força de tanta persuasão, comédia e coreografia de cenas de vida à portuguesa. .
  • Temo que qualquer dia - que não está longe - dado que a governança em contexto de globalização competitiva é profundamente desgastante - veremos Freitas recitar a Autopsicografia de Fernando Pessoa. E perante mais uns aumentos de impostos que Sócrates não sabe ou consegue explicar - lá teremos de ver mais uma encenação de Freitas alí ao Teatro da Cornucópia ou da Barraca citar o que lhe vai na alma. E nesse dia - com toda a sua cultura clássica, com ou sem piano, veremos o grande Freitas dizer:
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.Image Hosted by ImageShack.us Amén.Image Hosted by ImageShack.us Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us
  • Image Hosted by ImageShack.us O velho piano (de pau) de Freitas... Freitas ao piano quando era pequenino e fazia patinagem junto às teclas... Out of space
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