Macro de grande, skopein de observar: observar o infinitamente grande e complexo. Tentar perceber por que razão a ave vive fascinada pela serpente que a paralisa e, afinal, faz dela a sua presa.
quinta-feira
Agostinho, Pessoa e o inexplicável...
Lamentavelmente explicável...
Há dias dei comigo a pensar na razão pela qual certas pessoas tentam ocultar o trabalho de outras. Lembrei-me então das palavras do velho Agostinho da Silva - que, como sempre, é a nau inspiradora do futuro quando o presente não chega.
De facto, Agostinho da Silva colaborou na Seara Nova - juntamente com a gente mais culta e preparada que então havia em Portugal. Estamos em 1920/30. Há quase um século. É muito tempo. Agostinho privara com Jaime Cortesão, António Sérgio, Leonardo Coimbra, Aquilino Ribeiro, Jorge de Sena, Eduardo Lourenço, Hernâni Cidade, Raul Proença e muitos outros ilustres desse tempo. Um tempo que perdurou para além do ciclo de vida dos homens. Receita só para alguns.
Mas depois o bom Agostinho da Silva dizia: talvez não acreditem, mas nunca ninguém me falou do Fernando Pessoa, nunca. Nem o Sérgio, nem o Aquilino, ninguém. Aliás, quase não se sabia que ele (Pessoa) existia, prossegue Agostinho. Ninguém, na realidade, falava nele. Nunca foi chamado para coisa nenhuma nem metido num partido, nada!
E eu pergunto: porque carga d´água é que isto sucedeu. Ou acontece - ainda hoje - nos nossos dias e com gente muito letrada e bem posicionada na sociedade?! É óbvio que tenho a resposta na ponta da língua. Mas deixo ao ciber-leitor essa recriação para perceber, de per se, que a sacanagem continua a rimar com sondagem. É triste, mas é assim. Sem tirar nem pôr... Ovos..
Será que teremos de pedir aos chineses para trazerem martelos para a memória...
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