terça-feira

A Gestão do Significado em Política. Tudo é Política...

  • A SONDAGEM DO EXPRESSO E A GESTÃO DO SIGNIFICADO
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  • O problema do analista ocorre quando ele já não consegue romper com a sua bolha de dependência do passado, onde foram fixadas as teorias que lhe serviram de base à sua formação e às quais ele recorre - quando está aflito - para explicar o presente e interpretar o futuro (de forma tosca, indistinta). O problema reside no peso histórico da sua formação, com as suas rotinas, parcialidades e até falta de cultura politológica abrangentepara integrar o real nas suas teorias já ultrapassadas. O erro do analista/comentador não é igual ao erro das pessoas comuns, pois ele é treinado para pôr de lado as suas emoções e, portanto, os seus interesses particulares organizados. O problema começa quando o analista se ilude a si próprio querendo, assim, contagiar os outros, a sociedade. Julga que está a ajudar uma parte mas está, objectivamente, a ajudar a parte contrária. E o mais grave é que se torna impossível interromper este círculo vicioso da ilusão, visto que ela se confunde com o poder fáctico no interior das organizações e fortalece-se com a ratificação do poder accionista que - talvez ingenuamente - acaba por sufragar essas próprias ilusões. A ilusão do poder de definir e de criar os materiais políticos contemporâneos que fazem a nossa espuma dos dias. Julgamos construir o céu e, afinal, chocamos com o inferno. E o inferno são sempre os "outros", como diria o filósofo...
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  • A gestão do significado
  • Uma sondagem da Eurosondagem para o Expresso, SIC e RR deu uma vantagem de 4 pontos a Isaltino de Morais/IM (independente) sobre Teresa Zambujo (TZ) que se candidata à autarquia de Oeiras com o apoio do PSD. O mesmo semanário publicou também um artigo informando que IM foi constituído arguido, e alinha um conjunto de argumentos já conhecido dos portugueses. Depois, o visado, aguçado, defende-se dizendo que se trata duma campanha vergonhosa do jornal de Balsemão que há muito o persegue politicamente. Como reacção, o director do Expresso, o arq. José A. Saraiva, refere que o jornal além de publicar o referido artigo (contendo os alegados crimes) que deduzirão acusação ou arquivamento, até publicou uma sondagem que dá a IM uma vantagem de 4 pontos sobre TZ. Estranhei esta condicionalidade semântica.
  • Não tanto por o maior semanário português publicar o que Portugal já desconfia mas tem de ser provado em tribunal; nem por um director de um jornal entrar em discurso directo com um ex-ministro, ex-autarca e actual candidato à CMO. O que estranhei foi a articulação feita, dando uma no cravo outra na ferradura: a sondagem e o artigo; a cenoura e o chicote; o prémio e a sanção. Fica-se com a sensação que o artigo aparece (agastando a imagem do ex-autarca que agora é arguído, logo suspeito e sob investigação) - mas logo de seguida - se publica uma sondagem para o compensar por esse estrago à imagem.
  • Julgo que um director de um jornal responsável, qualquer que ele seja (o jornal do Fundão ou o Expresso, o jornal da Amadora ou a revista Visão, a revista Tempo ou a Sábado) - não pode (nem deve) colocar o seu director a dar satisfações aos visados sobre notícias que publica. Ou pede desculpa e retrata-se - se a notícia for falsa; ou então cala-se ou limita-se a confirmar a notícia porque ela é verdadeira. Ora, o que não é saudável para a democracia de opinião em Portugal, é arranjar explicações de umas notícias com o propósito de contrabalançar outras. Daí dizer acima que se deu uma no cravo e a ferradura...
E por causa de um prego perde-se a ferradura Por causa da ferradura perde-se o cavalo Por causa do cavalo perde-se o cavaleiro Por causa do cavaleiro perde-se a batalha E por causa da batalha perde-se o reino...
  • Qualquer analista experiente sabe que são as emoções que tomam conta de nós. Isso é comum quer para políticos como para jornalistas e empresários. Pensei até, por mero tributo à inteligência e ao common sense, que se invocasse que IM perdeu todas as dimensões da inteligência emocional, ficando perturbado: perdeu a autoconsciência (incapacidade de ler as suas próprias emoções e de reconhecer os seus efeitos); perdeu a auto-avaliação (incapacidade de conhecer as suas próprias forças e limites); perdeu o auto-domínio (porque deixou de controlar os seus impulsos mais destrutivos); perdeu adaptabilidade (porque não consegue conviver com ambientes de mudança política e ultrapassar adversidades).
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  • Enfim, pensei que dissessem que o “homem” perdeu consciência social- porque ficou privado de perceber as emoções dos outros e de captar as redes de decisão que atravessam a actual esfera política - não só em Oeiras como no País real. Tudo isto é de extrema importância na medida em que o exercício da política consome intensas energias, mas neste caso é um quadro de emoções negativas e contagiosas que flúem na comunidade e nos insterstícios do poder.
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  • Bem sabemos, por outro lado, como reagem as populações que votam e decidem do destino das comunidades: o povo vota naqueles líderes que conseguem dominar as suas emoções, e quando estes não o conseguem fazer o povo - automáticamente - elege outro líder capaz de gerir essas próprias emoções. Geralmente, os líderes que não se auto-controlam e dão livre curso ao seu ressentimento ou até à irá e raiva que por vezes os tolhe, acabam sempre envoltos em condutas e em esquemas catastrofistas que ditam a morte política a curto prazo. Mas a lei da incerteza e a moderna teoria do caos acolhem excepções. Excepções hoje difíceis de ver, mas não impossíveis de intuir, a prazo..
  • Também aqui, seria prudente seguir o génio do séc. XX - Albert Einstein - Devemos ter cuidado para não fazer do intelecto o nosso deus. É certo que tem músculos poderosos, mas não tem personalidade. Não consegue liderar, só consegue seguir e servir.
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  • Ao invés, vemos TZ irradiando o que nela é mais autêntico: espírito de serviço/missão capaz de reconhecer e satisfazer as necessidades do concelho de Oeiras. IM é, assim, dominado pelo ressentimento e a ansiedade ficando desorientado e paralisado na sua liderança primal; TZ é encaminhada para a empatia, gestão de conflitos, catalisadora da mudança e a criação de laços para manter redes de relações activas. O narcisismo e o ressentimento orientam a acção daquele; o entusiasmo e a esperança guiam a acção desta. Um liberta emoções tóxicas; o outro tem de canalizar as emoções colectivas para caminhos positivos e limpar o caos. Um representa o passado; o outro o futuro. Eis como vejo IM vs TZ na luta por Oeiras. Uma luta que é política. Tão sómente política - tal como os argumentos (politológicos) aqui aduzidos.
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  • Mas a formação da opinião púbica (OP) que conta não é feita pelo somatório dos media, onde cada um revela preferências. A OP resulta da intermediação de comentadores qualificados que, assim, exercem na democracia representativa (DR) o papel que é atribuído aos partidos políticos (PP). Sucede, porém, que são esses comentadores que formatam a nomenklatura da agenda política, inserindo nela códigos e instruções para que um mapa seja seguido. Eis a perversidade: os PP não assumem as suas responsabilidades, e os comentadores ingerem-se nas responsabilidades governativas. Daí nasce uma confusão de géneros explosiva. Uma espécie de molotov da política à portuguesa. Por vezes, com muita pólvora e pouco potencial construtivo. Seria bom inverter a fórmula em prol das populações.
  • Enfim, um molotov entre a democracia de opinião (media) e a democracia de participação rima pouco. Depois, quando os governantes conseguem "furar" a barreira da democracia de opinião (comandada pelos grandes directores de jornais e estações de televisão) acabam por ficar prisioneiros da democracia corporativa - dinamizada pelos grupos de interesse organizados; e quando vencem estes interesses organizados são "baleados" pelos analistas de serviço que servem os interesses dos media e alimentam toda essa máquina de produção e destruição de informação, opinião e análise. E às vezes de coisa nenhuma. É, pois, um jogo perigoso, enredado, repleto de ilusões, dilemas, paradoxos e espelhos distorcidos. E quando se pensa que se está a ajudar um dos lados de uma compita política mais não se faz do que estar a coadjuvar objectivamente o outro lado da barricada. De forma ingénua e perversa. A vida, de facto, é, por vezes, tão estranha quanto surpreendente: por vezes, queremos comer uma banana e saí-nos outra coisa; outras vezes, queremos beber uma limonada - que faz bem à garganta e à voz - e somos estrangulados e morremos por constrangimento anelar reptilíneo. Infelizmente, a política, o empresariado e também os media - estão povoados desses perigos ocultos que urge descodificar e neutralizar. Nuns casos são determinados de forma consciente; noutros, de forma negligente. Noutros ainda, são movidos por impulso doloso. Em ambos os casos, esse laxismo de misturar informação com opinião, é grave.
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  • Acresce, por outro lado, que é mais fácil aparecer num canal televisivo ou povoar uma coluna de opinião do que atingir posições de liderança num partido. Por isso, os operadores que actuam nos media convergem mais com as práticas corporativas do que das carreiras políticas em democracia representativa (DR). Daí que o timing e o linkage do Expresso sobre IM para a gestão do significado pode, perversamente, alimentar um fenómeno de vitimização (potenciado pelo visado) e contribuir decisivamente para ajudar a colocar o ex-autarca no poder. O que não é nem inteligente nem sensato, mas decorre da tal ingenuidade mitigada com impreparação técnica, cultural e politológica em que, por vezes, mesmo os mais experientes incorrem. Apesar de nunca o admitirem, porque toldados pelo peso da idade, da alienação, da falha de leitura dos clássicos do pensamento político e, por último, da rotina que subtrai discernimento ao campo de visão deixando turva a realidade - que, dada a complexidade da vida política contemporâneam - cada vez mais exige lentes macroscópicas capaz de ler e decifrar os silêncios do poder.
  • Mas hoje vivemos num (re)admirável mundo novo: os partidos são penetrados por interesses particulares organizados fazendo com que os agentes políticos entrem em competição directa com os comentadores. Mas em vez destes se tornarem políticos, com a consequente responsabilidade democrática, são os políticos que têm de obter as competências dos comentadores, tornando-se profissionais do star-system. Mas o verdadeiro espectáculo é outro: www.live8live.com/ em busca da Globalização Feliz.
  • Por vezes queremos comer uma noz dentro dum figo e apanhamos um susto; noutras vezes, queremos uma sopa de legumes e saí-nos uma ovelha: mééééééééééééé))))))))))))))
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