Macro de grande, skopein de observar: observar o infinitamente grande e complexo. Tentar perceber por que razão a ave vive fascinada pela serpente que a paralisa e, afinal, faz dela a sua presa.
segunda-feira
O regresso de Marcelo
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Marcelo regressou. Mais jovem, mais desconstraído, mais nutrido e também mais soft. Suavemente brilhante. Mas menos incisivo e contundente como, aliás, seria de esperar. O resultado eleitoral acalmou os ânimos dos portugueses, e depois do climax vem sempre o cigarro (para quem fuma). Depois o organismo acumula mais energias até ao momento crítico seguido da explosão. É biológico. É biopolítico.
A dupla Santana e Portas saíu de cena pelas portas traseiras. Foi enxovalhada nas urnas. Disse o que disse de Sócrates: um boneco programado vazio de ideias. E as que tem serão, porventura, sopradas por Guterres e Vitorino. Dizer mal de quê? De quem? Marcelo não é kamikaze nem faz crítica gratuita. Tem senso comum. E as contas políticas (já foram, em parte) saldadas, pelo povão de esquerda, que falou por ele expressivamente. Ou foi ele que, expressivamente, lhe antecipou a vontade quando geriu cirurgicamente a perseguição que lhe foi movida por uns players impreparados da política articulados por um empresário da Comunicação que não leu Maquiavel e gaguejava muito (e corava ainda mais) quando a jornalista lhe perguntou: afinal, pressionou Marcelo!?
Marcelo aparece soft, mas sem interlocutor à altura. Pergunta e responde ao mesmo tempo. Conduz a jornalista que, coitada, parece que é "consagrada", resta saber porquê e por quem. Ou, como refere Adelino Maltez, no seu blogue, por sinal dos melhores na área política em Portugal, é uma caixa de ressonância da vox do Professor.
Mas sempre pedagógico, preparado, articulado, sensivel às questões sociais do envelhecimento, da desertificação das cidades, do sofrimento humano, ou não fosse ele um crente confesso. Agora seria maior urgência que o interlocutor do professor se preparasse políticamente, sob pena de, amanhã, o professor aparecer no écran a falar sózinho para 2 milhões de portugueses, apesar do penteado da senhora que, para a semana, parece que regressa ao habitual. Mais valia, talvez, um pente 2 quando se assenta praça no Quartel-Geral de Abrantes - tudo como dantes...
Para quem tinha grandes expectativas ficou como aquele adepto de Santana Lopes, desmotivado, embaraçado, senão mesmo frustrado; para os mais realistas, a coisa não arrasou. Mas sempre podemos ler a biografia de José de Mello, senhor duma grande fortuna, mas a quem o dinheiro não roubou a qualidade da escrita, hoje indispensável para perceber a evolução do salazarismo para o marcelismo. Enfim, um livro para Moreira & Simão lerem ao serão numa tarde de Verão - e nunca digam que não.. Ou então, para Belmiro - que apesar da fortuna, não se exime a levar umas farpasitas - na farpela, com o devido respeito pelas compras que faço no seu supermercado, onde lhe tenho dado muito dinheirinho a ganhar.
Amanhã, lá estará o PS a pedir conselho educativo, reitoral e sensorial à velha duplas de restolhos que ainda olham para as pessoas com as pu-pilas dos olhinhos a piscar-a-piscar, fazendo-os sentirem-se gigantes mirando formigas de asa. As formigas da democracia contra os restolhos salazarengos que transitaram para a democracia e nunca se aposentam.
Mas tudo isto pode mudar, e Marcelo voltar a ser o l´énfant terrible doutros tempos. Mas para que isso aconteça temos de esperar. Esperar que Sócrates forme governo e mostre a cara do país-político e comece a governar. Só aí, então, os erros começam a ter lugar e a fazer carreira, e a análise a aguçar as facas para espetar nos factos vindouros.
Até lá o país real segue deprimente para o cabeleireiro da Isabel Queirós do Valle que, espero, para a semana tenha também o gosto de arrumar uma outra geometria capilar à senhora jornalista que, provavelmente, se fará acompanhar de gravador. Não já para concordar e servir de camara de eco roto, mas para gravar as respostas em directo e mostrar aos netos quando chegar a casa, pela calada da noite. Num teatro que, ao menos, podia ser melhor ensaiado, assim os 2 milhões de portugueses sempre pensariam que ninguém faltou aos ensaios.
Afinal, como vai ser ser o corte: misse e permanente, ou pente 2 e uma trança à hippie.!?
Saí um Martini para a mesa 4, on the rock's, please.
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