Macro de grande, skopein de observar: observar o infinitamente grande e complexo. Tentar perceber por que razão a ave vive fascinada pela serpente que a paralisa e, afinal, faz dela a sua presa.
terça-feira
Assembleia de heterónimos… A força de Luís Marques Mendes
A força e a velocidade de Luís Marques Mendes
Na liça para suceder a Santana Lopes estão já na corrida Luís Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e, eventualmente, Manuela Ferreira Leite, que tem o patrocínio oculto de Cavaco Silva e de António Borges, um economista afamado que foi convidado e desconvidado por S. Lopes para um alto cargo na Caixa Geral de Depósitos.
Manuela Ferreira Leite será, provavelmente, uma lebre que acabará por apoiar Marques Mendes numa fase ulterior. Poderá ser uma secretária eficiente na arrumação do partido, mas faltam-lhe qualidades de liderança política, que objectivamente, Marques Mendes tem. Este tem uma visão integrada do país real, aliás, já o era no tempo de Cavaco quando no Parlamento era conhecido como o “laranja mecânica”, um workaolic, sempre ajudando e instruindo os seus colegas (ministros) a ensaiar as respostas no quadro da refrega parlamentar. É rápido, é culto, domina vários temas sem grande problema e, por isso, tem facilidade em descolar dos assuntos financeiros e económicos que, à partida, seriam apenas do domínio de Ferreira Leite. Tem ainda outra característica rara nos dias que correm: é politicamente solidário e muito empenhado na resolução dos problemas de incidência local, designadamente na autarquia de Oeiras onde tem uma especial responsabilidade.
Filipe Menezes, tem um problema grave. Tão grave que questiona sua própria termodinâmica: dá passos maiores que as pernas e tem um catálogo de lutas fratricidas que dividem mais do que unem. Se fosse avião nem sequer fazia o take-of, porque ao tentar descolar já as duas asas tinham entrado em conflito uma com a outra, e lá se ia o combustível que asseguraria a viagem.
No Porto e em Lisboa. por onde passa deixa mais um traço de desunião em chamas do que coesão. É um homem em guerra civil permanente consigo próprio. Agora está com Santana Lopes, mas objectivamente, contra Durão. Ora se Lopes elogia o trabalho de Durão e assume a sua herança, pela lógica das coisas, Menezes, fica numa posição insustentável. Amante do preto e agradado pelo branco. Isto em política é fatal. Hoje quer ser presidente do PSD. Ontem combatia o seu líder, Durão, que hoje Lopes elogia. Meneses é, assim, um poço de contradições e, mais grave, nem sequer se apercebe delas. E não ter consciência de um problema é o primeiro passo para o abismo. Salvo se se escolher o abismo para governar, reeditando o esquema político de Santana, que recorria ao improviso e cujos resultados são conhecidos.
Amanhã, quando tiver acabado a guerra civil no seio do PSD, poderá fazer as pazes com Rui Rio, que jamais o apoiará. Menezes é, pois, um nome para esquecer, salvo pelo próprio que o deseja ardentemente, talvez para ajustar contas antigas entre os “sulistas e os nortistas” – e sair pelas portas traseiras do país real com as lágrimas nos olhos, e salvo por seguranças que o imunizaram duma valente sova colectiva. Sim, porque o PSD enfurecido é pior que o circo da Roma antiga…
Esta é, sem dúvida, a pior das opções possíveis que estão em cima da mesa. Marques Mendes é, sem dúvida, o mais político dos actuais políticos do PSD para poder protagonizar uma oposição credível e ser alternativa nos próximos anos à governação socialista, que agora entrará em funções.
Meneses é um homem com alguma influência regional, Manuela Ferreira Leite seria, porventura, uma boa tesoureira do partido, mas é Marques Mendes quem corporiza o projecto mais sólido, é ele que tem uma dimensão mais nacional para arrumar a casa, fazer todos os trabalhos de casa e, num futuro próximo, assumir os destinos do país.
Contudo, as ideias e os projectos de ambos ainda não foram apresentados, mas o padrão de sucessivas substituições de protagonistas políticos sem que lhes correspondam efectivas mudanças de orientações políticas, é que é necessário evitar.
Mas é, sobretudo, pela experiência feita de provas dadas na política activa, que Luís Marques Mendes se pode posicionar como o agente político melhor colocado nesta Assembleia de heterónimos, cuja manifestação é mais o diagnóstico do imaginário fracturado (iniciado por Durão e agravado por Lopes) do que propriamente um projecto singular para modernizar e desenvolver Portugal.
Marques Mendes não será nem o tesoureiro do partido (Ferreira Leite), muito menos o seu coveiro (Meneses). Ele será, com o apoio de Marcelo e de milhares de quadros superiores, médios e intermédios qualificados deste país, o gestor de conflitos, o negociador hábil de consensos, o homem do aparelho mas sem perder de vista as correntes inovação e de modernização da sociedade que melhor integrará na gestão da polis.
Marques Mendes será, a nosso ver, a nova esperança de que Portugal espera e desespera, ante o caos gerado e multiplicado pela ineficácia política e a impreparação técnica, cultural e política deixada por S. Lopes nestes 4 meses que mais pareceram 4 anos.
Em suma: dos três candidatos, Marques Mendes é o que tem mais experiência política, mais carisma e dimensão e, sem dúvida, melhor preparação técnica e cultural para desbloquear Portugal e ser, por fim, uma oposição credível e imaginativa ajudando o PS a levar por diante as reformas mais importantes que estrangulam o país.
Além de tudo o mais, Luís Marques Mendes foi o único político com dimensão nacional a revelar coragem política para ir sozinho ao Congresso de Barcelos e dizer aos portugueses aquilo que a maior parte deles já sabia. É que Portugal estaria mal servido com S. Lopes.
Além de ter acertado no diagnóstico, foi o único político que o disse ao país em tempo útil. Por isso, além da coragem política tem também a legitimidade para se apresentar ao Congresso e ganhar o partido. Ganhar o partido primeiro para, daqui por uns anos, conquistar o país nesta rotatividade que faz da democracia o coração da modernização e o élan do desenvolvimento sustentado que Portugal desesperadamente precisa.
Outra das vantagens de Marques Mendes está patente nas imagens infra. É que ele tem uma invulgar capacidade de trabalho. Talvez superior à de Durão e Lopes juntos. É, na verdade, um workaholic. O que é uma vantagem nestes tempos de globalização competitiva...
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