Aníbal Cavaco Silva. Uma obra de Rui Paulo Figueiredo (lançado pela Hugin)
“O leitor tem à sua frente, que eu conheça, o primeiro estudo académico sobre Aníbal Cavaco Silva e a sua governação. Trata-se de um trabalho pioneiro sobre um período central da nossa democracia. (...) O livro de Rui Paulo Figueiredo traça um retrato rigoroso deste período”
- António Costa Pinto, no Prefácio.
- Este é um livro que nos fala da consolidação democrática no Portugal contemporâneo. Para o efeito, o autor fundou esse quadro intelectual numa teoria: a teoria do efeito de persistência. Fala-nos das origens do PSD, do aparecimento de Aníbal de Cavaco Silva, da luta pelo poder, dos governos de Cavaco, da economia e das finanças, da liberalização da vida económica e social portuguesa, do sistema financeiro, da reforma fiscal, da reprivatização das empresas públicas, enfim, dum conjunto de medidas e de políticas públicas que dizem respeito a todos nós: Habitação, Educação, Segurança social, Forças armadas, Comunicação social.
- Além de ser um livro eminentemente político, no sentido científico do termo, trata-se de um documento isento sobre esse período da nossa vida colectiva recente. Nessa perspectiva, é um fragmento de teoria da modernização social, que explica como a sociedade portuguesa evoluiu duma situação de debilidade estrutural para uma situação globalmente mais desenvolvida. No consumo, nos hábitos culturais, na alfabetização e na melhoria do padrão de vida que cresceu com a consolidação do próprio regime democrático português.
- Ora é esse efeito cumulativo de modernização económica, social e política, que o autor designa de efeito de persistência (democrática). A qual se consolidou com Cavaco Silva. Aliás, foi com ele que se acelerou essa dinâmica de modernização, designadamente na qualidade de Ministro das Finanças de Sá Carneiro, indispensável para a credibilidade do conjunto da política governativa.
- Curiosamente, o autor, apesar de ser um socialista, confere esse crédito a Cavaco Silva. O crédito da modernização de Portugal através de uma rigorosa política de reformas estruturais e de privatizações.
- São, portanto, exemplos destes (raros em Portugal) – de coragem e de honestidade intelectual – que a Academia precisa, e não de sectarismos endogâmicos que, ainda hoje, lamentavelmente, alimentam os esquemas freudianos de recrutamento do pessoal académico na dita universidade portuguesa. Esperemos que aqui também haja reformas, com ou sem Cavaco em Belém..
- Enfim, uma outra boa aposta da editora Hugin que fez com que a 1ª edição do livro esgotasse numa semana.
- Seria interessante solicitar ao próprio uma pequena reacção ao livro que certamente já conhece. Sendo sempre um exercício intelectual subjectivo e parcial, não deixaria de ser interessante, já com algum distanciamento sobre os factos, conhecer essa reacção, sobretudo em relação ao autor da obra, que, como referimos, é militante e quadro do PS.
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