A saudade, os perfumes e as rosas - para disfarçar a dor...
- Momentos há nas nossas vidas em que ficamos dramáticamente surpreendidos. Esperamos ouvir boas novas e somos confrontados com o termo da vida. Sem mais, abruptamente, e através do ecrã dum PC. Para o sinalizar alguém, também muito especial, nos lembra o valor da vida através da morte, e com ela a dor, a incompreensão, a raiva, a depressão, enfim, a saudade e o mais que a partida de um ente querido nos suscita.
- De facto, a morte deve ser dos maiores mistérios da vida. Não temos razão suficiente nem mundo que baste para compreender essas evasões definitivas da nossa realidade aqui na Terra. Guardando os que ficam apenas um manto de memórias, que adornamos como podemos para matar a dor da saudade e do afecto que já não há.
- Por isso, quando me perguntam o que gostaria de ser, respondo: um reconstrutor de vidas, um fazedor de impossíveis, um criador de milagres e, assim, recuperar a vida de todos os amigos/as que já partiram e fazer um enorme banquete gratuito onde possa - além do Pão e do Vinho bíblicos - distribuir rosas azúis, perfumes e fragâncias afirmando, afinal, que a morte é uma ilusão, uma tremenda mentira que nos contaram à nascença, porque se acreditássemos neste nosso duro e cruel destino, talvez não quiséssemos nascer ou viver. Só para diluir a dor daqueles que connosco viveram e conviveram e, um dia, resolveram partir sem aviso prévio nem notificação àqueles que cá ficaram - aguardando igual destino, num futuro incerto.
- Apenas aqui quero dedicar - post-mortem - estas simples palavras à amiga Júlia, uma grande Mulher, que simbolizava para mim a Vida, os aromas e as fragâncias, a Natureza, o lazer e as férias no sol algarvio e na Costa do Sol, como outrora se dizia.
- É assim que imaginamos essa pessoa plena de sensibilidade: irradiando luz, cor, inteligência e bondade e, afinal, somos confrontados com a triste notícia do seu desaparecimento. É triste e dramático. Chego mesmo a crer que o prémio que o nascimento concede à vida é nunca termos a coragem de pensar na morte, senão quando ela chega num raio e quase nos mata pelo imprevisto.
- Para essa grande Senhora, e para a filha dela, a X., que foi muito especial para mim (e ainda é), segue aqui o traço simples dum gesto sentido.
- Até sempre! Por entre rosas e frangâncias, e já com a dor da saudade.. Uma dor que um dia nos reserva igual destino, quem sabe no reencontro. Se Deus existe - afinal - porque é que Ele nos deu tão poucas provas da sua existência!?
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