Dança da morte. Libido dominandi
Marcelo - o homem que fez cair o govermo. Precipitando-o...
- A modernidade da vida política lusa está sitiada: pressões, ajustes de contas e silêncios que, mesmo comprimidos, andam mais depressa do que as teorias que os explicam. Quando o globalismo reflexivo e a capsula da incerteza (Heisenberg) se apoderam dos agentes políticos, o resultado pode conduzir à ruptura: qual bolha financeira (Soros), numa lógica de expansão-contracção, que pode explodir a qualquer momento. No plano da Teoria das Relações Internacionais, K. Waltz explicou essa revolução copernicana, reflexo de mudanças rápidas e imprevisíveis. Smith, Pareto, Hayek e Hirschman mostram os efeitos não intencionais mas realizados por contraste com o poder de efeitos intencionais mas não realizados. Revelando que são as paixões e os vested interests que animam as sociedades, por vezes atraindo revoluções que as destroem.
- Esgotada a teoria, incapaz de prever factos, resta o recurso à memória do “caso Marcelo” aqui assimilado à tradição árabe cuja história espelha a interacção influente entre o cisne dos analistas, o governo e um grupo de media privado, justapondo ciência, poder e Kapital.
- A trama é a seguinte: dois príncipes defrontam-se numa batalha renhida. Um deles, o atacante, é vencido e feito refém. Sabia que lhe haviam de cortar a cabeça, a fim de manter firmes as leis da nação (agora que já não há império). Mas como se tratava de um príncipe de alta linhagem, o vencedor instalou-o magnificamente num dos palácios governamentais e mandou que o tratassem com qualidade: músicos, criados, bailarinas afadigavam-se em seu redor, de modo que o cativeiro mais parecia um concerto.
- Porém, o príncipe cativo, que sabia que ia morrer, conservava o rosto triste no meio da festa. Assim passaram semanas, meses, uma eternidade até ao dia em que o príncipe cativo faz chegar uma mensagem ao príncipe anfitrião – pedindo-lhe a graça duma morte rápida. No dia seguinte, o príncipe vencedor, magnânimo, convida o vencido para o seu palácio para usufruir da festa. Mas este, ante o desfecho trágico, pergunta ao vencedor: quando me darás tu a morte? “Qualquer dia” – responde o anfitrião.
- Entretanto, um homem mascarado e atlético, que trazia na mão direita um sabre reluzente, penetrou na sala e pôs-se a dançar. Dançava com tal força que a sua espada voava pelo ar e tilintava com terrível graça. Todos estavam fascinados com a exuberância da dança do “carrasco-bailarino”, salvo o príncipe cativo. Esta dança durou uma eternidade, até que o cativo, voltava a perguntar ao vencedor quanto tempo durará esta dança (da morte)? Quando é que mandas cortar a minha cabeça? O príncipe magnânimo respondeu-lhe, sorrindo: - Mas a tua cabeça já está cortada. Debruça-te um pouco para diante, verás, ela cai.
- Afinal, o que quer Marcelo? Senão revogar este PSD e reduzir o “partido do táxi” ao partido do “monolugar”. E a partir de que sede: S. Bento ou Belém? Não querendo Belém… Talvez fosse útil (re)ler Organizing Genius de W. Bennis, especialmente quando diz: “None of us is as smart as all of us”…
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