quarta-feira

Tradição & Revolução - da autoria de José Adelino MALTEZ

Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us "Um império que já não há, uma língua que é futuro, dois regicídios, outros tantos magnicídios, três guerras civis, campanhas de ocupação e guerras coloniais em África, uma permanente guerra civil ideológica, três bandeiras, uma guerra mundial, seis constituições escritas, sete presidentes eleitos pelo povo, oito monarcas, a separação de nove Estados independentes e, muito domesticamente, quinze regimes, com duas monarquias e três repúblicas, sem que voltasse D. Sebastião, apesar dos heróis do mar e do nobre povo. Mais: oitenta eleições gerais, cento e vinte e tal governos, 13 233 dias de salazarquia, duzentas turbulências golpistas, cinco revoluções, outras tantas contra-revoluções, com restaurações, nostalgias, utopias e reviralhices. Oito dezenas e meia de chefes de governo, cerca de meio milhar de partidos e facções, várias congregações e outras tantas maçonarias, muitas fragmentações de um todo que resiste, com mais de cinco mil factos políticos seleccionados. E sempre a frustrada modernização de um Portugal Velho que quis ser reino unido e armilar, entre antigos regimes e jovens democracias. Graças à balança da Europa: desde El-rei Junot ao estado a que chegámos, com passagem por Évora-Monte, Gramido, Ultimatum, Grande Guerra, neutralidade colaborante, Vaticano, CIA, KGB e integração na CEE. Sobretudo, um povo sem rei nem lei e até sem sinais de nevoeiro".
Obs.: Tratar-se-á de mais um livro de história política (do séc. XIX mas com continuidade até aos nossos dias) que se arruma na prateleira após ter-se conhecido o índice? Preencherá uma lacuna nos estudos da área em Portugal - mitigando recursos intelectuais e epistemológicos que vão do Direito, à Filosofia, à História das Ideias Políticas, à Ciência Política, ao Direito Constitucional, à História das Instituições e às práticas e aos costumes sociais e políticos do Portugal de novecentos (mas com ressonâncias contemporâneas)? Haverá fronteiras rígidas e compartimentadas ou a sistematização que o autor nos oferece, jurista e politólogo de formação (e também poeta à solta nas horas vagas), aparece toda imbricada num misto de conhecimento, reflexão e sabedoria? Veremos a árvore ou a floresta? A conjuntura ou a estrutura? Identificaremos os pormenores da pequena política ou as correntes e tendências profundas dos grandes processos? Em caso afirmativo, comportarão tais ensinamentos lições para o presente? A esperança, à avaliar por outras obras do autor, e a contento dos que cultivam o saber nesta grande área que são as ciências políticas, é ajuizar se a referida obra - que será lançada esta 6ª Feira (28 de Janeiro) no Centro Nacional de Cultura (ao Chiado), e que contará com a apresentação de José Pacheco Perreira - proporciona um manancial de informação política, devidamente conectada às áreas de saber afins, oferecendo ao leitor um potencial narrativo que os termos (aparentemente antinómicos) - Tradição e Revolução - suscitam ao autor. Ou que, talvez, se poderia traduzir por Teoria da Mudança e Continuidade - com especial significado para o que se tem passado no Portugal político nestes últimos meses, ou até anos - em que os mandatos legislativos, ante as dificuldades, foram sistemáticamente interrompidos pelos seus agentes - sabe-se lá em nome de que interesses... Apenas conhecendo o título da referida obra e o draft que lhe empresta valor na contracapa que apanhei na Net, julgo tratar-se de mais um singular e inestimável contributo para o pensamento político contemporâneo, que terá a maior utilidade para agentes políticos, decisores (públicos e privados), estudantes universitários e comunidade científica e público interessado em geral. Ora é para dissolver estas incertezas intelectuais que julgo oportuno assistir a este lançamento público, cuja obra será apresentada por José Pacheco Pereira, um eminente historiador e politólogo do nosso País. Será caso para dizer: (...) Só a esfera, espera, me dá esperança. Só a esfera, espera, regenera, neste meu revolucionar, onde os regressos me dão avante, nesse abraço armilar que é raiz do mais além. (...) in Sphera, Spera, Sperança (Sopa das Letras, 2002)
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