quarta-feira

TEATRO POLÍTICO

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Em “Zoo Story”, um vadio encontra um burguês, e toda a peça narra o confronto destruidor dos dois homens num clima de homossexualidade difusa. Representante do teatro do absurdo, Edward Albee (dramaturgo americano) avança, em 1961, com “The American Dream”, em que a personagem do filho adoptivo é extraída da experiência pessoal do autor, denunciando ferozmente todas as obsessões da consciência americana: sexualidade, psicanálise, culto do corpo e do look, gel nos fios de arabe dos cabelos e dentes limpos. É sob a sátira destes costumes e do comportamento feminino, que transparece uma enorme misoginia. A evocação deste flash, intimamente ligado ao universo da política pela esfera da representação, que visa tornar presente o que está ausente, é, apenas, um sinal do equilíbrio instável que tolhe o homem nas suas várias facetas. A descredibilização galopante dos políticos (e da política), associada ao psicodrama constante a que recorrem para iludir os eleitorados e ganhar eleições, encontra um elo recorrente nas peças de teatro que emergem, agora, aos olhos do público como uma espécie de espelho reflector dos nossos costumes. Portanto, o teatro constitui um outro meio de descoberta da verdade para os indecisos da política que estão a atravessar a ponte em Portugal. Com os crocodilos a assistir, de boca e olhos bem abertos aguardando que a ponte parta… Interrogo-me porque razão, hoje, certos figurantes da política lusa procuram impregnar os adversários com íntimas associações freudianas, como se o teatro fosse um espelho deformador (e não reflector), repleto de mentiras e automatismos da vida quotidiana, a que o dramaturgo recorre frequentemente para fixar estilos e padrões de vida. Já os figurantes da política, na linha dum outro dramaturgo e autor de romances e livros para criança (Miguel S. Tavares), destroem por recurso ao boato e, assim, fazem da arte política (dos costumes) o pior dos teatros possíveis nesta terra do absurdo. Afinal, como é que chegámos até aqui? E porquê? Talvez com Bertolt Brecht vislumbremos uma (possível) resposta: é que o teatro (em Portugal) emigrou dos recintos fechados para se revelar como representação política de ponta para estabelecer uma comunhão não meramente passiva, ma reflexiva, entre os actores e os espectadores. Hoje quem quiser ia ao teatro não precisa de ir às salas de espectáculo, basta ligar a TV, ouvir a rádio e ler a imprensa neste teatro puro de entretenimento – também conhecido como teatro de consumo de massas, ao ar livre...
  • Nota: este flash é dedicado a todos os "dramaturgos", que não fazem política…