Ter um projecto é a questão decisiva para um político...
Macro de grande, skopein de observar: observar o infinitamente grande e complexo. Tentar perceber por que razão a ave vive fascinada pela serpente que a paralisa e, afinal, faz dela a sua presa.
EVOCAÇÃO DO FILÓSOFO JOHN LOCKE
Da série: vai estudar, pá!!!
Todos os partidos têm um "Relvas". O cabrita é o relvas do PS
Confesso que nunca esperei ter de evocar o grande filósofo inglês, John Locke (pai do individualismo liberal) e de o relacionar com a ignorância funcional e a soberba do ainda ministro da Admn. Interna, e. cabrita cuja perniciosa acção política só nos pode levar a escrever o seu nome em letra pequena, muito pequenina.
Não valerá a pena dissertar muito acerca do séc. XVII, que foi marcado pelo antagonismo entre a Coroa e o Parlamento, controlados, respectivamente, pela dinastia Stuart, defensora do absolutismo, e a burguesia ascendente, partidária do liberalismo. Também não importará entrar na deriva segundo a qual esse conflito assumiu conotações religiosas e se mesclou com lutas sectárias entre católicos, anglicanos, presbeterianos e puritanos. Mais tarde, em 1640, aquela rivalidade económica entre os beneficiários dos privilégios e monopólios mercantilistas concedidos pelo Estado e os sectores que advogavam a liberdade de comércio e de produção, atingiu um pico.
Que se traduziu numa sangrenta guerra civil, pois o confronto entre o rei Carlos I e o Parlamento envolveu o país num banho de sangue que só terminou em 1649 com a vitória das forças parlamentares. Depois operou-se a revolução puritana, que culminou com a execução de Carlos I e a implantação da república na Inglaterra. Naturalmente, estes factos e dimensão histórica são completamente desconhecidos do ignorante cabrita que se tem aproveitado dos respaldo das funções de estado que ainda exerce para cometer as maiores barbaridades públicas, como mandar as forças policiais albergar imigrantes escravizados em propriedades particulares e sem o consentimento dos seus legítimos possuidores e proprietários.
Só mesmo um socialista de pacotilha, como o cabrita, se arroga o direito de dispôr assim dos bens alheios e com manipulação execrável das polícias. Claro que foi após os horrores da guerra civil, da consumação do regicídio e da instauração da férrea ditadura de Cromwell, que Thomas Hobbes, refugiado em França, publicou o Leviatão (1651). O livro era uma apologia do Estado todo poderoso que, monopolizando a força concentrada da comunidade, torna-se fiador da vida, da paz e da segurança dos súbditos.
Sucede, porém, que cabrita, mal comparado, há muito que já está queimado num governo muito desgastado, que, apesar de tudo, também é um governo minoritário, consequentemente, não se devia permitir a aventuras ou derivas autoritárias daquelas a que se permitiu em Odemira. Manipulando, simultaneamente, as forças policiais e os imigrantes escravizados aqui tratados como cães abandonados numa valeta gerada pelo Estado conduzido pelo sr. cabrita. O mesmo que agora simula preocupação com os seus direitos e condições de vida e de trabalho. E tutela ele o SEF e outros organismos superiores do Estado cuja incumbência devia zelar pelas condições dos imigrantes que são admitidos em território nacional e demandam Portugal para fazer trabalhos rejeitados pelos indígenas do rectângulo, os mesmos que vivem dos subsídios de Estado que este vai buscar aos impostos dos contribuintes.
J. Locke é considerado o defensor da liberdade e da tolerância religiosa, fundador do empirismo, doutrina segundo a qual todo o conhecimento deriva da experiência. A sua teoria da tábua rasa é, portanto, uma crítica à doutrina das ideias inatas, formulada por Platão e retomada por Descartes, segundo a qual determinadas ideias, princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem independentemente da experiência.
Contudo, o que é mais relevante em Locke para a nossa questão, que envolve o ainda ministro das polícias sem autoridade, o que é um contra-senso, é o seu Segundo tratado, um ensaio sobre a origem, extensão e objectivo do governo civil. Nele, Locke sustenta a tese de que nem a tradição nem a força, mas apenas o consentimento expresso dos governados constitui a única fonte do poder político legítimo. Este filósofo tornou-se célebre por este Segundo tratado, que, no plano teórico, representa um importante marco na história do pensamento político, e, a nível histórico concreto, exerceu enorme influência sobre as revoluções liberais da época moderna. É óbvio que quando se ouve o ainda ministro das polícias sem autoridade falar rapidamente se constata que a sua cultura política é nula, e de história do pensamento moderno também sabe tanto como o tratamento que os serviços de estrangeiros por si tutelados dispensam aos imigrantes em Portugal.
Daqui decorre que o sr. cabrita não percebeu, nem ninguém ainda do Largo do Rato lhe explicou, que a passagem do chamado estado de natureza para o estado civil se opera mediante um agente/mediador - que é o contrato social. Ou seja, em Locke o papel que o indivíduo ocupa é prévio quer à sociedade quer ao próprio Estado, donde resulta a sua concepção individualista em que os homens viviam originalmente num estágio pré-social e pré-político, caracterizado pela mais perfeita liberdade e igualdade, designado estado de natureza - que o sr. cabrita, na questão que envolve os imigrantes escravos de Odemira decadentemente personifica.
Este estado de natureza era, contudo, diverso do de T. Hobbes - modelado pela insegurança e violência. No estado de natureza de Locke era a paz, a concórdia e a harmonia que imperavam. E seria assim que devia agir um Estado que precisa da mão-de-obra imigrante, como o Estado português, cuja taxa de natalidade é negativa e na sua estrutura social já não dispõe de pessoas que queiram trabalhar na agricultura sob aquelas condições miseráveis, privadas de direitos sociais básicos, e, muitas delas, prisioneiras das máfias que as arregimentaram e lhes cativaram o passaporte para, desse modo, as controlar como gado em campo aberto. Tudo sob a conivência política e administrativa do alto ministério do sr. cabrita.
A teoria da propriedade em Locke utiliza ainda a noção de propriedade numa segunda acepção que, em sentido estrito, significa a posse de bens móveis ou imóveis. Se para T. Hobbes a propriedade inexistia no estado de natureza; em J. Locke, por contraponto, com a emergência da sociedade civil, a propriedade já tinha uma existência no estado de natureza, pelo que o Estado jamais poderia violar ou amputar essa liberdade de propriedade, que o sr. cabrita desconhecia, que é, de facto, uma instituição anterior à sociedade e também um direito natural que não poderia ser violado pelo Estado.
O sr. cabrita desconhecia, salvo se a teoria se lhe aplicasse a si directamente ou a familiares seus, que o homem era naturalmente livre e proprietário da sua pessoa e do seu trabalho. O trabalho era, na concepção de Locke, o fundamento originário da propriedade. E se esta era instituída pelo trabalho, também não seria o Estado, socialista ou neoliberal, que se arrogaria o direito de lhe impôr limitações ou condicionamentos. Naturalmente, se é o trabalho que provoca a diferença de valor em tudo quanto existe, em certa medida, é essa teoria do valor-trabalho que, mais tarde, originará as teorias desenvolvidas por David Ricardo e Adam Smith, economistas maiores do liberalismo clássico, a que o sr. cabrita é rotundamente alheio.
Ora, foi para superar um conjunto de inconvenientes - como a violação da propriedade (da vida, da liberdade e dos bens) que, segundo Locke, os homens se uniram e estabeleceram livremente entre si o chamado contrato social, o qual realiza a passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil que o sr. cabrita revelou, grosseiramente desconhecer e desprezar. O que num verdadeiro socialista é inaceitável, quanto mais num agente político ferido de morte, impreparado e que governa com os pés, como se viu no caso da morte do cidadão ucraniano, um ministério tão sensível como a tutela das polícias e da administração interna.
Em Locke, ao invés de Hobbes - em que os homens firmam entre si um pacto de sujeição para preservar as suas vidas e transferem para o Leviatão essa mega-competência coerciva, - o contrato social é, antes, um pacto de consentimento em que os homens concordam livremente em formar a sociedade civil a fim de preservar e consolidar ainda mais os direitos que possuíam originalmente no estado de natureza. Significa isto, e o Supremo Tribunal Administrativo veio confirmar essa mesma razão jurídica aos proprietários da ZMar, que no estado civil os direitos naturais inalienáveis do ser humano à vida, à liberdade e aos bens estão melhor protegidos sob o amparo da lei, do árbitro e da força comum (desempenhada pelos tribunais) do que da vontade autoritária dum ministro errático que não sabe o que pensa, diz e faz e já provou, à náusea, que é impreparado para o desempenho do lugar.
Acresce ainda a circunstância, que o sr. cabrita ignora, pelas limitações intelectuais de que é portador, que no que diz respeito às relações entre o governo e a sociedade, Locke afirma que, quando o Executivo ou o Legislativo violam a lei estabelecida e atentam contra a propriedade, o governo deixa de cumprir o fim a que fora destinado, tornando-se ilegal a sua acção e degenerando em tirania. E o que define esta é o exercício do poder para além do direito, visando o interesse próprio e não o bem público ou o interesse geral de que viria a falar mais tarde J. J. Rousseau. Enfim, realidades alheias, ou "alheiras", à pobre mente dum ministro que só o é pela hiper-cunha dum PM que teria problemas em engolir o seu orgulho em demitir aquele nado-morto da política à portuguesa e, simultaneamente, assumir uma derrota política que manifestamente não quer reconhecer perante os adversários políticos. A. Costa prefere antes sacrificar o país para se poupar a si e ao lamentável ministro que ampara na queda há mais de um ano (1 ano!!!).
Numa palavra: o direito de propriedade é um direito inalienável do indivíduo, como o direito à vida, à liberdade. No seu conjunto integram o cerne da sociedade civil. Aqueles direitos como que preexistem ao Estado, e este radica o seu poder e legitimidade no consenso, de subordinação do poder executivo ao legislativo, de um poder limitado pela lei, i.é, pelo Direito (de resistência, se necessário for!!!).
O Estado não tem sabido zelar e recuperar o seu imenso património imobiliário, muito dele em péssimas condições e devoluto, e procura transferir esse ónus para os desgraçados dos contribuintes que já estão carregados pela maior carga fiscal de que há memória em Portugal no pós-25A. Seria esse mesmo património imobiliário, uma vez recuperado, que deveria servir para dar condições de habitabilidade condignas aos indígenas e também aos imigrantes que nos procuram para melhorar as suas condições de vida e de trabalho. Mas é precisamente isso que o Estado do sr. cabrita não faz, dando um péssimo exemplo à sociedade e a todos quantos assistem a esta grosseira violação dos direitos humanos perpetrada por um governo que se diz cultor e promotor daqueles mesmos direitos humanos - que permite sejam violados à saciedade, como um esgoto que polui o ambiente a céu aberto...
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Etiquetas: Direito de propriedade, incompetência Cabrita, John Locke, Liberalismo, trabalho escravo Odemira
Nota prévia: A vida de Maradona encerra uma dupla lição: por um lado, revela a brutal determinação e talento que consagrou a sua carreira, fazendo dele um dos maiores futebolistas do séc. XX, especialmente tratando-se de um miúdo oriundo de um meio extremamente pobre e cujo ideal, confessadamente, consistia em comprar uma casa para os pais; por outro lado, a sua vida traduz também tudo aquilo que um futebolista não deverá nunca fazer: entregar-se ao vício, ficar prisioneiro de organizações criminosas, ser imaturo e irresponsável nas suas relações privadas, tamanho foi o seu ego - que coexistia com uma personalidade e um carácter frágeis, inseguros e sem rumo. Maradona foi tudo isso, para o melhor e para o pior. Creio, contudo, que o balanço não foi lá muito positivo, pois perdeu coisas que nem o dinheiro nem a fama do futebol conseguem comprar, como os afectos e o respeito da família, dos amigos e da sociedade. Além duma vida breve que, porventura, poderia ter sido mais alongada acaso não tivessem sido cometidos os conhecidos excessos.
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Why Maradona’s life and death has reverberated throughout the world.
Diego Maradona has died — and with him died one of the greatest soccer players of all time.
In many ways, Maradona exemplified all things Argentine. He rose from extreme poverty to unprecedented wealth, only to squander much of that wealth.
Maradona’s great skills were accompanied by an overextended ego and inability to live in the “real world.” The admiration paid to him by non-Argentines accompanied by their equal loathing of his blatant disrespect for the rules of the game.
All of that was on full and laser-focused display in the quarter-final match between Argentina and England during the 1986 World Cup in Mexico.
In that match, Maradona’s legacy was cemented forever by his two goals against the English: The first one is notorious because it was scored irregularly with his hand, to which he readily admitted (but also vainly referred to as “the hand of God”).
And then, there was the eternal majesty of his second goal. Maradona ran like a ballet dancer for 60 yards, out-dribbling five English opponents as if they were cardboard cutouts — before leaving goalkeeper Peter Shilton on his backside and sending the ball into the net.
Argentina won the match 2:1 and eventually the World Cup against Germany. But the combination of the two goals against England led the French newspaper L’Equipe to describe him as “half-angel, half-devil.”
Maradona’s arc of life, in a remarkable way, is a reflection of Argentina’s modern history.
After adopting a new constitution in 1853 and introducing institutional reforms, Argentina rose from a poor country to one that was among the most developed countries in the world by the beginning of the 20th century.
In fact, in 1913, Argentina’s GDP per capita stood at 72% of that of the United States. Argentina held a great deal of promise for its citizens. And many Argentines have continued to live in that dream world although its time has long passed.
Following the 1930s, Argentina fell into a steep and steady decline and today its GDP per capita is a mere 18% that of the United States.
In the main, this decline is due to sheer and continuous economic mismanagement — as well as unreasonably high expectations by the Argentine people.
Under Juan Perón — and countless presidents after him — Argentina, therefore, resorted to infinite borrowing to live in the world it once knew.
At this juncture, it is for nearly a century that Argentina has been a very pale shadow of its glorious former self. Argentina is addicted to consumption and debt.
Worse, it is a serial debt defaulter — funded over and over again by the international financial community apparently still blinded by the country’s long-gone golden days.
In Argentina’s case, the glorious past of once being one of the largest economies in the world has lived in the minds of Argentines forever — except that the “footballing” days of Argentina’s economy have long been over. But the thirst for the heydays never subsisted.
This borrowed money is Argentina’s drug to maintain a lifestyle of a rich nation. Argentines soak it up and live — for brief periods of time — in relative luxury reliving their “footballing” days, only to crash yet again when they must pay the bill. What follows are times of economic and – yes — national depression.
Likewise, Maradona, who was born in poverty, became a very successful footballer with seemingly unlimited potential.
He dazzled audiences globally by providing a seemingly impossible combination of the unstoppable forward power of a mighty bulldozer with the utter grace of a fast-footed ballet dancer. For that, Maradona was rewarded with countless awards — and loads of money.
From the Olympus of being the best footballer in the world, he went on a downward tailspin, addicted to drugs supplied by a sheer endless list of dealers. His health declined, cocaine caused heart disease and he suffered from his first heart attack at the age of 43.
Between his active career and his ultimate and premature death, Maradona was aided and abetted by so many who wanted to bathe in his former glory.
They awarded him with well-paid coaching jobs for which he was always under-qualified. Without them, his reckoning with reality might have come early and his defeat from drugs and alcohol might have been avoided.
But Maradona’s influence even extended beyond the soccer field into economics and history.
Perhaps the most amazing tribute to Maradona came in 2005, when Lord Mervyn King, then Governor of the Bank of England, explained in a speech how Maradona’s two goals against England perfectly explained monetary policy.
The first one, according to Lord King, summed up the old “mystery and mystique” approach to central banking. It was “unexpected, time inconsistent and against the rules.”
As for the second goal, Lord King saw it as a parallel to “the power of expectation in the modern theory of interest rates.” Maradona’s 60-yard dash outplaying five English opponents was only possible, King explained, because he ran in a straight line when all English players expected him to verve either left or right.
And in King’s view, successful monetary policy could work in a similar way if central banks stayed focused on their goal and defied market expectations.
In that way, central banks were able to influence economic outcome without changing rates by much, as the Bank of England — according to King — had successfully demonstrated in years prior.
It is no surprise that the former Governor of the Bank of England saw this analogy, given the historically contentious relationship with Argentina and the sting of the 1986 defeat through — as many English see it — Maradona’s act of fraud.
From the Argentine perspective, the 1986 World Cup quarterfinal also was far more than a regular — albeit important — football game.
Its result was an act of revenge. Maradona’s irregular first goal, and the pride with which he defended the unfairness of it, was payback — small as it was — for Britain’s military victory over Argentina in 1982 during the Malvinas/Falkland Islands conflict.
That short war over a set of islands off the shore of Argentina, but under British control is as unforgotten by Argentines as Maradona’s “hand of God” goal is by the English.
The British victory galled all Argentines, who have historically considered the Malvinas as their national territory.
Winning the World Cup four years later, most importantly by beating England in the process and doing so — in part — through an irregular goal by the country’s God-like figure (Maradona) soothed the hurt national feelings of many Argentines over the loss of the Malvinas — populated by just 3,000 people and 500,000 sheep.
Maradona is often placed with Pelé, Messi and Cristiano Ronaldo as one of the four best soccer players ever.
That debate is a futile one. All were and are unique players with vastly different skill sets. Nobody can beat Pelé on his effortless, elegant play. Nobody can beat Messi on unmatched combination plays with his teammates.
Nobody can beat Cristiano on his scientific, self-obsessed approach to personal fitness that keeps him as valuable at 35 as he was 10 years ago. And nobody can replicate the sheer magic when Maradona caressed the ball.
But in one sense, and without any intent on his part, Maradona stands out. His impact has been felt way beyond the hundred yards long soccer pitch.
In his case, this was not due so much through contributions to charities which many players support. But simply because of the euphoria and the tragedy that defined his life.
And yes, today Argentina is crying for him and may a little bit for itself.
in The Globalist.
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Etiquetas: Construção Civil, corrupção, futebol, justiça, Política
Por muitas e variadas razões valerá a pena reler Raul Brandão, não apenas a sua passagem lapidar da primitiva infâmia..
O autor diz que nessa vila esquecida pelo tempo, deixada num abandono profundo, e que bem podia ser o Portugal contemporâneo: “…aqui se enterraram todos os nossos sonhos…”.
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Etiquetas: A Hubris de António Costa e a surpresa do PR na Autoeuropa