Marcelo e os convites sensíveis e inteligentes
Marcelo tem marcado a agenda política nacional com os convites que tem feito para formar o seu gabinete em Belém e chamar a si assessores para as mais diversas áreas, da diplomacia à cultura.
Agora, na frente externa, voltou a surpreender pela positiva ao convidar para o seu 1º Conselho de Estado o Sr. Europa, Mário Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE) de que dependem os vários governadores dos bancos centrais dos países da UE. Para o efeito, Marcelo, "raposa velha", convidou também o próprio Governador do BdP, Carlos Costa que tem estado debaixo de fogo pela forma laxista, retardada e incompetente como tem "procurado resolver os problemas de regulação" do sector em bancário (inexistente em Portugal, dado que o BdP não se modernizou nem acompanhou as modalidades emergentes de corrupção de colarinho branco) e que se tem saldado num verdadeiro desastre literalmente pago pelo desgraçado do contribuinte. Os casos BES e Banif são os mais conhecidos e gritantes, mas há mais pelos quais o sr. C.Costa deveria responder, quer no Parlamento, quer em sede de Tribunal...
Ora, Marcelo conhecendo a delicadeza da situação porá em confronto o "patrão" e o "empregado" para daí extrair a orientação futura a tomar, dado que o Governo também não pode - no âmbito das suas competências e atribuições - demitir o Governador (como desejaria A.Costa), posto que o Governador, apesar das inúmeras solicitações nesse sentido, também não se demite. Além de incompetente, C.Costa é obstinado e está agarrado ao poder no BdP.
O tema da reunião do CE presidido por MRS são dois documentos essenciais que o Governo terá de entregar em Bruxelas: o programa de estabilidade e o programa nacional de reformas. Ora, como Portugal saiu de um resgate, nas condições e com os sacrifícios para a economia portuguesa e os portugueses que são conhecidos, justifica-se a presença do homem cujo cargo europeu tem mais poder e influência na actual Europa. No fundo, Mário Draghi representa o dinheiro da Europa (ou a Europa do dinheiro), daí o significado especial do convite de MRS ao presidente do BCE.
Com este convite Marcelo Rebelo de Sousa, habituado que está a criar factos políticos, assegura o impacto mediático a nível europeu do seu primeiro Conselho de Estado, sensibiliza as instituições europeias para os problemas e fragilidades da débil economia portuguesa e, com sorte, ainda consegue fazer com que seja Mário Draghi a demitir Carlos Costa, que é hoje mais a fonte do problema do que a solução da regulação financeira em Portugal. Por outro lado, MRS secundariza completamente o papel e o espaço de manobra do Governo português na questão da regulação (e da insustentabilidade do Governador à frente do BdP), além do facto de ser o próprio PR, MRS, quem irá, na 2ª semana de Abril, a Estrasburgo falar ao Parlamento Europeu.
Com esta iniciativa MRS marca o arranque da sua presidência: coloca na agenda europeia a questão da regulação; ajuda o Governo português a gerar consensos em torno das questões financeiras e económicas, de que depende o crescimento e desenvolvimento de Portugal; e procura fazer com Mário Draghi aquilo que Cavaco, há 1/4 de século fez com Jacques Delors, um amigo poderoso duma economia pequena, frágil e profundamente dependente das exportações.
Numa fase em que o €uro vive momentos de grande incerteza e risco conseguir fazer de Mário Draghi um amigo de Portugal, é um facto de extrema relevância do papel que Portugal irá assumir na Europa, e, ao mesmo tempo, o PR irá obrigar o PM, A. Costa, a negociar com as esquerdas (PCP + BE) os acordos necessários para consensualizar aqueles dois documentos que são da maior importância para o futuro de Portugal e dos portugueses.
Marcelo, de facto, está a sair melhor do que a encomenda e tem revelado uma excepcional capacidade de iniciativa política. Qualquer comparação com o PR cessante é fatal para o sr. Silva, que aqui pode aprender a fazer política, dado que MRS já fez mais por Portugal em 15 dias do que Cavaco numa década, que foi um tempo verdadeiramente perdido para Portugal e um lamentável erro de casting na política portuguesa, especialmente a partir do farol de Belém.
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