Marcelo está possuído por uma felicidade transbordante. A Ulmeiro é uma grande casa de cultura
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Obs: Nunca duvidei da genialidade simples de MRS, nos pequenos, médios e grandes gestos, apesar de não ter votado nele. Durante a campanha o ex-analista e antigo presidente do PSD era acusado de pensar uma coisa e de fazer, de dizer e fazer o contrário daquilo que pensava, enfim, de ser um actor mediático com uma conduta dúplice e um comportamento ambivalente na esfera pública.
Por essa dualidade, foi atacado politicamente. Todavia, e uma vez eleito PR - MRS faz questão de fazer aquilo que gosta, de manter os hábitos, e isso implica passear-se pelos lugares públicos que entende, e fá-lo pelos mais variados gostos e critérios. Hoje esteve numa livraria-alfarrabista, que é do melhor que há no sector livreiro. A Ulmeiro é uma casa de cultura, em Benfica, que já conta com uma longa história de vida e, por força de problemas decorrentes da falta de procura no mercado livreiro, pretende desenvolver campanhas para intensificar a venda de livros, hoje penalizada pelos acessos e os meios virtuais.
Sabendo da iniciativa, lá foi MRS, para surpresa de muitos. Contudo, o seu gesto caiu bem em todos quantos por lá o viram. Interagia com A, B, C e D até ao fim do alfabeto - procurando demonstrar, urbi et orbi, que ele, afinal, sempre foi igual a si próprio, antes, durante e depois do sucesso. Mas sobretudo agora - que é o "PR to be" - desejando obter de todos a aquiescência da sua presença, da sua bondade e afabilidade.
MRS procura ser, de facto e de iure, o PR de todos os portugueses desmentindo assim a natureza das críticas que lhe faziam acerca da sua postura, pensamento, conduta ou comportamento.
Porém, lembro-me que em tempos tentei assistir a uma aula de MRS, na Fac. de Direito. Lá me infiltrei, como se fosse aluno, e assisti à aula, e do início ao fim recordo o seu olhar sempre hostil e pendente à minha presença alí. Hoje, notei que MRS estava profundamente orgulhoso de si, estava tão cheio de si que não cabia dentro da sua vaidade, olhando para os outros a fim de encontrar um reflexo da sua imagem (narcísica) na face de quem estava, passava e falava. Ele até falava sózinho num diálogo não correspondido com os livros que abraçava, nos dois braços. Livros para oferecer...
Nunca duvidei da afabilidade de MRS, e nisso os portugueses também não colocarão reservas. Especialmente agora, em que MRS não cabe em si de feliz e contente. Uma condição que ele não consegue conter, por isso transborda e irradia de felicidade. No fundo, ele anda a preparar-se para a função de PR há mais duma década, qual pequeno monarca acompanhado com preceptor de luxe, e será sempre preferível ver MRS em Belém do que um ser estranho, anti-cultural e provinciano que se tem revelado avesso às coisas da cultura, como é - e tem sido - Aníbal - nos antípodas daquele.
Tudo visto e somado, e apesar de nunca ter votado em MRS, e amanhã também não votaria, sempre reconheci em MRS uma superioridade de inteligência e de experiência políticas muito acima da média e dos demais candidatos, e que só poderia ser contida e derrotada caso Guterres tivesse querido disputar a eleição presidencial. O que não aconteceu, especialmente porque Guterres tinha - e tem - uma outra agenda política internacional que não se desenhou há três meses...
Não obstante estes factos, que são o que são, e valem o que valem, não posso omitir aqui uma reflexão feita em tempos por Oscar Wilde, quando dizia que a Ética remete para o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. Já o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando encontra outra designação: o carácter.
MRS sabe, hoje, melhor do que ninguém, que desde que põe um pé na rua, é imediatamente escrutinado por tudo e por todos quantos o alcançam à vista. Condição e circunstância que fazem com que ele seja sempre como aquele "elefante que está no meio da sala" para recolher os aplausos dos que passam, e neste caso os aplausos são merecidos, já que se trata de ajudar a salvar uma casa de cultura que merece tudo menos definhar, sabe-se lá às mãos de quem...
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Etiquetas: Benfica, Casa de Cultura, Ulmeiro
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