Os refugiados, a economia e os direitos humanos e laborais
Muitos dos factos associados ao fenómeno dos refugiados e que são geradores doutros factos, ainda que indirectamente, remetem para a relação da economia europeia, ou alguma dela, com a "alimentação" duma economia de guerra que é imparável. Todos sabemos que a Alemanha é um dos países da Europa que mais acolhe refugiados de guerra, mas também é um dos países dessa miserável Europa, hoje à deriva e sem um rumo estratégico em inúmeras políticas públicas, que incentiva essa mesma economia de guerra. Como? Por via da exportação de produtos químicos para o fabrico de armas à Síria (entre 1998-2011), pelo que produção de armas tem um inegável peso nessas economias e alimentam muitos sectores e sub-sectores na economia alemã. O mesmo se diga das economias francesa, italiana e outras...
O outro lado negro desta economia de guerra, é que a Alemanha, curiosamente quem mais refugiados acolhe no seu país, é também o Estado que vê nos imigrantes (em geral) a matéria-prima fácil para rebaixar os chamados custos de produção do trabalho, a que se junta um enfraquecimento estrutural e funcional do papel das organizações de defesa dos direitos humanos (e dos trabalhadores em particular), o que faz com que todo esse capital humano que entra na Alemanha seja "carne para canhão" e ajude a engordar e a enriquecer a grande economia germânica.
Além disso, o factor religião está sempre do lado dos chamados poderes instituídos, pelo que fazem "panelinha" com os lobies dos sectores economico-financeiros que tendem a privilegiar sempre os interesses made in Germany em detrimento das demais economias, sejam elas europeias, asiáticas, africanas ou latino-americanas.
Os refugiados não são apenas um fenómeno com razões endógenas, resultantes dos processos de guerras civis, de ocupação e de até de actos de terrorismo globalitário. O engrossar desse fenómeno, e que hoje bate à porta dos territórios europeus por água, ar e terra - com as consequências e tragédias que todos conhecimentos, decorre também duma economia de guerra alimentada por uma economia europeia - intensivamente exportadora - e estreitamente ligada à economia de bem-estar desses países exportadores.
Enfim, estamos perante o efeito pescadinha de rabo na boca.
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