sábado

Michel Eyquem de Montaigne. A soberba de Marcelo

Mesmo no mais alto trono do mundo estamos sempre sentados sobre o nosso rabo. MM
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- O candidato presidencial que andou a fazer intriga palaciana neste último quarto de século, apoiou Cavaco, Portas e Passos, e através deles a austeridade que nos empobreceu, habitou os écrans de Tv nas últimas décadas (promovendo-se); agora, pisca o olho à esquerda com o natural despudor dos cínicos. Ele é Marcelo. Talvez devesse ser mais comedido e humilde, e não fazer afirmações peremptórias, num tom categórico que contraria a natureza da democracia representativa - segundo as quais - afirma Marcelo: “Daqui a semanas sou Presidente da República” (link)

Com efeito, o candidato Marcelo goza dum conjunto de privilégios, até de natureza intelectual, que faz dele uma máquina falante - de todos os assuntos sem qualquer profundidade, embora o faça sem enfastiar o público. Isso, aliado à sua grande notoriedade, não faz dele, à partida, o melhor candidato a PR. Mas é o mais sensacional. 

Ele é até o único candidato a Belém que apresenta livros que nunca leu, porventura - em relação a alguns - nem as lombadas. O que também não deixa de ser um traço de carácter original na sua personalidade. 

Talvez não fosse despiciendo alguém lembrar ao catedrático em Direito Constitucional que, na linha do ensaísta Montaigne, estamos sempre sentados sobre o nosso rabo, não obstante a altivez com que falemos e, por outro lado, nada parece verdadeiro que não possa parecer falso. Em Marcelo, esta dualidade é uma constante. 

Para que este post não fique deserto de interesse ou utilidade cultural, anexamos uma imagem do quarto e do escritório do filósofo e político do séc. XVI.




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