A força de acreditar deu nisto...
Se Passos coelho tinha ainda alguma veleidade de passar pelos intervalos da chuva política em Portugal o Banif, e os estragos que veio inflingir à economia real e a cada um dos contribuintes, deitou por terra definitivamente essa veleidade de agente político ultra-liberal, mal formado, arrogante, compulsivamente mentiroso e tecnicamente impreparado. Tudo traços de carácter que Passos lavrou a lazer na vida pública nacional, e os portugueses, todos eles, não esquecem isso, certamente, para mal dos nossos pecados.
Apesar de não se conhecerem actos de gestão de natureza criminosa no Banif, à semelhança do que se conhecia no BPN (banco criado à sombra do cavaquismo e para financiar as campanhas do PSD) e do BES (cujo ex-DDT/Ricardo Salgado foi o principal financiador das campanhas eleitorais de Cavaco Silva, facto que hoje este procura ocultar) - tal não significa que tais actos não possam vir a desocultar-se, já que é estranho o facto de os planos de reestruturação do banco apresentados em Bruxelas (oito, ao que se sabe!!) foram todos vetados pela UE.
Ou seja, as imparidades do banco e a sua congénita incapacidade em honrar os seus compromissos junto do Estado, que o capitalizou em largas centenas de M€, fez com que Bruxelas olhasse para esse "elefante branco" (o Banif) e pedisse responsabilidades ao Governo de Passos Coelho, o qual varreu o lixou para baixo do tapete, já que a sua efectiva resolução implicaria duas coisas que Passos & Mª Luís Albuquerque (Miss Swaps") - sempre evitaram à outrance: (1) beliscar a "saída limpa", a qual veio a revelar-se um lodo; (2) e não comprometer a lógica das eleições, dando tudo a todos e na expectativa de manipular a informação e, por essa via da mentira cirúrgica, literalmente enganar mais uma vez os portugueses.
É óbvio que esta estratégia não pode durar sempre, pois a mentira tem a perna curta, e nunca se pode enganar todos sempre, ainda que se enganem alguns várias vezes.
Neste quadro de mentira institucionalizada e de adiamento sine die do problema do Banif, porque as eleições estavam à porta e, Passos, afinal, não se estava a "lixar para as ditas eleições", o que fizeram o PM, a ministra das Finanças (discípula de Schauble) e Carlos Costa, o ex-guardador de tacos de golfe do engº João de Deus Pinheiro - que acabou por sair mais incompetente do que o próprio PM cessante. Na verdade, o que esta toika fez foi, literalmente, congelar o assunto até que se conhecesse o resultado das eleições legislativas.
Entretanto, o tempo foi passando e Bruxelas não só não vota em Portugal, como manda efectivamente no perfil do relacionamento que o Estado deve ter com a banca.
Bruxelas informou que a "mamadeira" acabara; a TVi, por outro lado, e como gosta de "sangue noticioso", meteu no ar uma notícia que veio a revelar-se verdadeira, apesar da intenção de o Banif processar a estação de tv de Queluz, mas isso não evitou que os depositantes acorressem ao banco e levantassem as suas poupanças, os que conseguiram...
De súbito, três coisas acontecem: Passos Coelho é enterrado (politicamente vivo); o Banif dissolve-se e os depositantes não querem ter mais nenhuma relação com o seu velho banco, com sede na Madeira; e o contribuinte é, mais uma vez, esbulhado na sua qualidade de vida, já que é a ele que lhe será imputada esta gestão ruinosa de um banco privado que passou a público por via de uma injecção de capital a fim de o salvar.
Três mil milhões de €uros é uma quantidade astronómica de dinheiro, cerca de 400€ a cada português, é o montante para pagar essa factura gerada pelos accionistas e com os quais os contribuintes nunca tiveram que ver.
Por último, uma palavra a António Costa, para sublinhar a sua habilidade em encarar o problema de frente e, coagido por Bruxelas, agir rapidamente em ordem a proteger os depositantes e os postos de trabalho dos funcionários do Banif, mas ser-lhe-ia pedido que ele não fosse só habilidoso. Ou seja, a um PM, que tem aspirações de estadista, ele deveria ter sabido proteger os contribuintes, e não sacrificá-los por via de mais impostos, que é o que inevitavelmente sucederá.
Um PM, qualquer que ele seja, deve saber acautelar o funcionamento das instituições, mas não consta nesse guia político que entre o equilíbrio de interesses entre os aforradores e os contribuintes escolha sacrificar estes (em maior número) em benefício daqueles (em menor número).
Integrar o Banif na CGD, como se aventou, seria, porventura, uma opção que visaria poupar o esbulho aos contribuintes, mas mais uma vez o medo que Portugal tem da UE fez com que, afinal, António Costa não se portasse de modo diverso daquele praticado pelo seu antecessor.
Tanta autonomia para isto...
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