quarta-feira

A quem aproveita em Portugal os ataques terroristas em Paris



É sabido que a opinião pública, mercê de acontecimentos trágicos e com efeito espectacular, geram efeitos na gestão da vida política e social das nações. Ora, Paris fica já ali, no ponto de intersecção de S. Bento e Belém. 

Infelizmente, e é lamentável pensá-lo e escrevê-lo, os trágicos acontecimentos terroristas de Paris, ocorridos na passada 6.ª feira, vieram aproveitar quem (?!), no Portugal político, se encontrava sob pressão para tomar decisões e conformar-se com elas, designadamente o PR e o governo demissionário de Pedro e Paulo, chumbado no Parlamento a semana a passada. 

Cavaco estava pressionado pelo chumbo no Parlamento em empossar o novo governo saído da nova maioria parlamentar, mas os acontecimentos de Paris vieram desviar o foco da opinião pública internacional e retirar a pressão sobre o ritmo de tomada dessa decisão no farol fundido de Belém; por outro lado, esse cadáver adiado do soit disant governo da dupla de meliantes Pedro e Paulo, goza de mais um mês de governo de gestão (impunemente), o que dará pretexto a cavaco para dizer aos portugueses: 

"estão a ver, afinal, o governo de gestão de Pedro e Paulo funciona em Portugal, e eu estive 5 meses nesse regime".

Sem querer, mas depois aproveitando a onda emocional e de compaixão que aqueles acontecimentos naturalmente suscitam na opinião pública internacional, Cavaco teve aqui o seu álibi político para adiar uma decisão cuja natureza seria inadiável, e a dupla de Pedro e Paulo viram nesses acontecimentos a bóia de salvação para fingirem que governam o Portugal que escaqueiraram durante estes últimos 4 anos.

Numa palavra: até já as acções de terrorismo globalitário ocorridas na Europa servem de pretexto para, em Portugal, o dito poder político institucionalizado, manietar o agenda-setting e definir os timings da decisão política para servir interesses mesquinhos, partidários e pessoais, e ajudar políticos em fim de ciclo a terminar com alguma dignidade institucional dois mandatos presidenciais verdadeiramente lamentáveis. 

Isto, a bem dizer, também é terrorismo: terrorismo político exercido sobre os portugueses. 

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