Um homem de princípios - por Eurico Heitor Consciência -
Um homem de princípios
Um dos maiores amigos que tive a
honra e a sorte de ter foi o Conselheiro José Saraiva, que partiu há quase dez
anos, e que foi Vice-Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, tendo sido Juiz
em Santarém, há cerca de 50 anos.
Foi o melhor Juiz que conheci:
pontualíssimo, inteligente, sabedor do Direito e da vida, arguto e dum
inultrapassável bom senso.
Respeitava toda a gente: os
colegas, os advogados, os funcionários, as partes e os réus dos processos criminais – que agora são chamados arguidos. E quando proferia uma sentença
condenatória fazia prédicas aos réus que eram verdadeiros modelos de
compreensão pelos problemas mais ou menos dramáticos dos homens que cometem
crimes. Tanto que, certa vez, em Portalegre, onde o Dr. Saraiva foi Juiz
Corregedor, houve um réu que, tocado pela prédica que o Corregedor lhe fez, não
se conteve e disse, quando o Corregedor se calou: Ó Sr. Dr. Juiz, vou condenado, mas vou feliz, tão contente com as suas
palavras…
Fizemos sólida amizade nos
Tribunais e fomos durante longos anos companheiros de fins de semana quando o
Dr. Saraiva, nomeado Desembargador da Relação de Lisboa, foi residir para
Cascais.
E conversávamos e às vezes
dava-me a honra de pedir a minha opinião sobre questões (que ele já resolvera,
mas fazia-me a cortesia de …).
Homem vertical e frontal, de
princípios e valores, mostrou-me dúvidas, certo dia, sobre se não cometera
erros graves na educação dos cinco filhos que tinha. Como calcula, tratei de lhes transmitir os princípios morais e sociais
e os valores herdados dos meus pais:
respeitar a verdade e os
outros e as coisas dos outros e,
Atalhei eu:
- Fez muito mal Sr. Dr.. Com 5
filhos que se dão bem, poderia ter-lhes assegurado ridente futuro. A todos.
Bastava que tivesse metido 3 na Juventude Socialista e 2 na Juventude Social
Democrata. Ou ao contrário, que tanto faz.
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posted by Macro at 21:59
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