Fisco trata pequenos e grandes contribuintes de forma diferente
Nota prévia: A "novidade" deste estudo radica no seguinte - no deserto continua a haver muita areia, e os oceanos estão repletos d´água..., o resto é o ar que flui pela atmosfera e que nos joga poeira para os olhos. É óbvio que o estudo deveria espelhar uma variável estrutural que condicionou tudo o resto nos últimos 4 anos, e que decorre da mentalidade (e acção) pidescas do XIX Governo (in)Constitucional, que transmite essas orientações estratégicas ao ministério das Finanças, e, este, por sua (avi)vez, mandata o secretário de Estado da Penhora & Confisco, o sr. Paulo núncio, cujo nome tem andado envolvido em actos persecutórios e de favor fiscal relativamente a certas empresas (amigas), a fim de punir os pequenos contribuintes e de criar regimes de excepção fiscal para os chamados contribuintes VIP. No caminho desta estrada de Damasco, o país ficou a saber que tem um alegado PM, Passos, que desconhecia que havia uma obrigatoriedade de as pessoas contribuírem para a segurança social, razão por que o próprio foi omisso durante anos a fio. E ainda é PM, pasme-se!!!
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Fisco trata pequenos e grandes contribuintes de forma diferente
FOTO ARQUIVO/GLOBAL IMAGENS
O pequeno contribuinte é tratado como um número
O trabalho da investigadora Ana Maria Evans, desenvolvido no âmbito de um estudo sobre "Valores, qualidade institucional e desenvolvimento em Portugal" que analisou o funcionamento e qualidade de seis instituições públicas e privadas, aponta para um hiato "entre o controlo apertado a que estão sujeitos os pequenos contribuintes e o tratamento mais tolerante dispensado às grandes empresas e às elites económicas".
Embora reconheça que a automatização dos cálculos e procedimentos de liquidação proporcionou "grande comodidade aos contribuintes que utilizam a plataforma eletrónica" das Finanças e reduziu os custos de contexto para a administração, a autora não deixa de comparar a máquina fiscal a um "rolo compressor" que penaliza os pequenos contribuintes.
"A proliferação de instrumentos sofisticados de controlo informático tem um impacto negativo sobre a equidade", sustenta Ana Maria Evans, sublinhando que "a administração é cada vez mais célere, controladora e eficaz na tributação dos pequenos contribuintes", mas que estes não dispõem de adequada defesa no caso de erros na tributação.
Ao contrário dos grandes contribuintes que "dispõem de recursos técnicos e financeiros para planear e reduzir a sua carga fiscal", apoiando-se numa indústria de consultoria fiscal que "proporciona aos seus clientes uma panóplia de instrumentos financeiros sofisticados e operações internacionais complexas que aproveitam omissões legais para evitar tributação".
A intransigência "relativamente ao cumprimento das obrigações fiscais pelo pequeno contribuinte resulta de uma combinação de fatores culturais, incentivos financeiros e limitações políticas", argumenta a investigadora, salientando que "prevalecem atitudes de desconfiança e a presunção de que o cidadão tenta evadir o fisco e, como tal, não tem razão quando protesta".
A desigualdade explica-se também pelas "omissões e cláusulas nas normas fiscais que ultrapassam a capacidade de intervenção da administração" e estão ligadas a escolhas políticas, com a aprovação de "reformas orgânicas e alterações substantivas em velocidade estonteante".
O estudo destaca ainda que "a elevada qualidade de atendimento" dos funcionários do Fisco não é correspondida pela "máquina" legislativa e os suportes informáticos: "o pequeno contribuinte -- e muito em particular o trabalhador por conta de outrem -- é tratado como um número; os processos e procedimentos que lhe dizem respeito são automatizados, com enorme eficácia e sem defesa em caso de erro, no contexto de um sistema judicial moroso".
A ausência de instrumentos que proporcionem uma defesa célere e imparcial às vítimas de erros "reproduz a perceção entre os cidadãos de uma administração que é injusta", autoritária e distante e "afeta a legitimidade da sua missão institucional".
Ana Maria Evans observa que a Autoridade Tributária "cumpre o seu mandato" no que diz respeito à sua capacidade de extrair recursos à população em geral, mas avalia negativamente a instituição devido à pressão fiscal desigual sobre os contribuintes.
"Há um desequilíbrio claro entre a rigidez de cumprimento imposta aos trabalhadores por contra de outrem, por um lado, e a proliferação de instrumentos sofisticados de planeamento e evasão fiscal por grandes contribuintes", apurou.
O trabalho, desenvolvido a pedido da Fundação Francisco Manuel dos Santos, baseou-se em informações recolhidas ao longo de um ano (entre 2012 e 2013) e foi coordenado pela professora da Universidade Nova de Lisboa Margarida Marques e pelo professor da Universidade de Princeton Alejandro Portes.
Entre outros dados, a análise de Ana Maria Evans baseou-se, em 170 horas de entrevistas concedidas por ex-dirigentes e funcionários de serviços de Finanças, ex-governantes, revisores e Técnicos Oficiais de Contas, fiscalistas e empresários.
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