UM CASO PERDIDO. Por Luís Meneses leitão -
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Ao contrário do que sucedia no tempo de António José Seguro, em que era seguro que o PS iria ganhar as próximas eleições legislativas, hoje, com António Costa, todas as apostas são possíveis em relação ao próximo resultado eleitoral. A explicação para isso é simples. Seguro tinha tido o cuidado elementar de romper com o passado de Sócrates, enquanto que Costa assumiu, quando se candidatou, querer reabilitar esse passado. Foi esse o objectivo principal da sua candidatura, e daí o apoio total dos socráticos do PS, que Costa fez questão de voltar a chamar, mal assumiu o cargo. Hoje parece evidente que a candidatura de Costa no PS era especialmente uma forma de lançar Sócrates para Belém, o que os socráticos sabiam que com Seguro seria completamente impossível.
A prisão de Sócrates destruiu essa estratégia e António Costa, embora esteja rodeado de socráticos, fez questão de isolar o PS do processo em que Sócrates estava envolvido. Apesar de se ter declarado amigo de Sócrates, só foi a Évora no último dia do ano e ainda hoje não lá voltou, enquanto que Mário Soares tem lá ido constantemente. O problema é que se Costa não vai a Évora, Évora tem vindo constantemente ter com ele, com as sucessivas comunicações que Sócrates faz sair, uma delas um ataque pessoal duríssimo a Passos Coelho, e que eclipsam completamente as frouxas declarações políticas de Costa. Por outro lado, o facto de o processo de Sócrates estar a decorrer nesta altura e envolver situações relativas ao período em que Sócrates foi primeiro-ministro é completamente mortal para quem queira precisamente elogiar o governo anterior e criticar o governo que se lhe seguiu. Terá sempre a resposta que Passos insinuou quando foi criticado pelas suas falhas na relação com a segurança social.
A estratégia de Costa para resposta a este problema complexo foi totalmente infantil. Resolveu atrasar o relógio vinte anos para os eleitores se esquecerem do governo de Sócrates e pensarem que vamos voltar aos governos de Cavaco Silva. Só que Cavaco Silva saiu em 1995, e grande parte dos eleitores, ou não tinha nascido, ou não se lembra nada desse tempo. Por muito que António Costa queira, não é António Guterres a querer substituir Cavaco Silva. É António Costa a querer substituir Passos Coelho, que foi para o governo devido ao desastre que foi o governo de Sócrates, que António Costa defendeu até ao último minuto em que esteve no poder e que queria voltar a defender hoje.
A única hipótese de o PS ganhar as eleições era romper com o passado e apresentar um conjunto de rostos completamente desconhecidos do eleitorado. António Costa foi buscar velhos rostos e acha que está a regressar ao combate político de há vinte anos. António Costa é um caso perdido, e vai arrastar o PS com ele.
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Obs: Será mesmo assim?! para já, PSD mais CDS ainda não batem o PS, de acordo com as sondagens conhecidas. Seja como for, medite-se nos argumentos do articulista cuja virtualidade é fazer pensar no estado da arte actual do PS e da sua liderança.
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