sexta-feira

Marcelo é o melhor candidato à Direita nas eleições presidenciais

Marcelo é o melhor candidato à Direita nas eleições presidenciais

 



Quando falta pouco mais de um ano para as eleições presidenciais (Janeiro de 2016), são vários os nomes apontados como potenciais candidatos. Figuras como Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso, Santana Lopes ou Rui Rio, mais à Direita; ou António Guterres, Sampaio da Nóvoa, António Vitorino e Carvalho da Silva, à Esquerda.
Um estudo elaborado pela Eurosondagem - que o JN divulgará ao longo das próximas edições - testou estes oito presidenciáveis, simulando uma espécie de segunda volta. E é da leitura desses múltiplos duelos que resulta claro que Marcelo Rebelo de Sousa é, nesta altura, o candidato mais bem posicionado da área da Direita.
O professor que já foi líder do PSD vence claramente alguns desses confrontos. Nomeadamente quando é colocado frente a frente com Sampaio da Nóvoa, ex-reitor da Universidade Nova de Lisboa, que surgiu, nos últimos meses, como uma espécie de "plano B" do PS no caso de falhar a candidatura de António Guterres.
Alicerçado na visibilidade que lhe garante o programa dominical de comentário na TVI (sempre acima do milhão de espectadores), Marcelo esmaga (70,2%) o independente que António Costa levou ao Congresso do PS. Um resultado mais volumoso que o que arrancaria (64,9%) contra Carvalho da Silva que, apesar de situado mais à Esquerda, é mais conhecido, depois de muitos anos à frente da CGTP.
Mas se Marcelo Rebelo de Sousa revela força contra candidatos menos conhecidos ou mais à Esquerda, demonstra fraquezas quando o duelo é com políticos que entram melhor no eleitorado do Centro. É o caso no confronto com António Guterres - o único que António Costa já apoiou de forma inequívoca na corrida a Belém -, em que Marcelo sai derrotado (47,4%). Mas também perde (48,2%) com António Vitorino, o ex-ministro de Guterres e ex-comissário europeu.
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Estudo de opinião efetuado pela Eurosondagem S.A. para o Jornal de Notícias, de 17 a 21 de novembro de 2014. Entrevistas telefónicas, realizadas por entrevista-dores selecionados e supervisionados. O universo é a população com 18 anos ou mais, residente em Portugal continental e habitando em lares com telefone da rede fixa. A amostra foi estratificada por região (Norte - 20,3%; A.M. do Porto - 14,3%; Centro - 29,5%; A.M. de Lisboa - 26,0%; Sul - 9,9%), num total de 1033 entrevistas validadas.Foram efetuadas 1266 tentativas de entrevistas e, destas, 233 (18,4%) não foram concretizadas. Foram validadas 1033 entrevistas. A escolha do lar foi aleatória nas listas telefónicas e o entrevistado, em cada agregado familiar, foi o elemento que fez anos há menos tempo, e desta forma aleatória resultou, em termos de sexo (feminino - 51,8%; masculino - 48,2%) e, no que concerne à faixa etária (dos 18 aos 30 anos - 16,4%; dos 31 aos 59 - 52,6%; com 60 anos ou mais - 31,0%). O erro máximo da amostra é de 3,05%, para um grau de probabilidade de 95,0%.Um exemplar deste estudo de opinião está depositado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

FICHA TÉCNICA
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Obs: É curioso notar que Cavaco Silva granjeou apoio na sociedade no contexto da corrida a Belém explorando a valência de dois argumentos: a de que era um político a-político, ou seja, um político de perfil técnico (ou tecnocrático), logo mais "sério" que os demais políticos na sociedade portuguesa, acrescido do argumento de que era um economista infalível que poderia beneficiar muito o Governo, na "estruturação" das políticas públicas, com a sua experiência e até com a partilha de contactos internacionais, mercê de uma década de governação na qualidade de PM (1985-95).

Porém, e de forma lamentável, o país tem assistido, por acção e omissão, aos "benefícios" daquelas duas valências presidenciais, reduzidas apenas a coadjuvar o XIX Governo (in)Constitucional, ou melhor, a andar com ele ao "colo", evitando por inúmeras vezes a sua destituição, já que Passos Coelho inaugurou uma nova forma de fazer política em Portugal - assente em "Governar" grosseiramente contra os valores, princípios e normas da CRP, com total e reiterado desprezo pelos acórdãos do TC e, de modo geral, esbulhando e confiscando os salários e o património aos portugueses. Mas Passos Coelho não tem feito tudo isto sozinho, tem gozado da cumplicidade estratégica de Belém em cada OGE que tem feito, desde 2011. 

Porventura, será nesta dimensão que a experiência tecnocrática de Cavaco mais e melhor se tem revelado ao locatário de S. Bento, ainda que o saldo desse cômputo seja o empobrecimento acelerado e estrutural da economia nacional e dos portugueses, com destruição do seu tecido económico e social e obrigando cerca de 300 mil portugueses (apenas em 3 anos!!!), a maioria dos quais qualificados, a emigrar contribuindo, desse modo, também para um envelhecimento precoce da população portuguesa. Tudo condições que agravam o ciclo infernal do empobrecimento nacional. 

Numa palavra: Belém faz roteiros e emite certificados públicos (e em prime time) a atestar a honorabilidade de certos banqueiros cujos bancos entram em bancarrota; e o Governo (assistido por aquele a balões de oxigénio) governa aos biqueiros à Constituição da República Portuguesa, ainda que recolha a anuência de Belém nessa arte. Não é um, mas dois desastres para a política, a economia e a sociedade portuguesa - que tem vivido a MEDO de existir, conforme sistematizam alguns pensadores e ensaístas, de que destaco apenas duas referências: José Gil e Eduardo Lourenço. Certamente, autores (des)conhecidos por Belém e S. Bento. 

Com todo este legado negro, é-me difícil crer que aquele que iria dar cobertura a essa área sociológica do centro-direita, o âmbito das intenções de voto, no caso Marcelo Rebelo de Sousa, conseguia obter tão elevado score eleitoral. Quer contra Guterres, em que este certamente conseguiria concitar uma base de apoio superior a 52,6% (cfr. imagem supra), quer contra António Vitorino - ganhando este ao candidato da direita por 51,8%.

A ser assim, é legítimo perguntar por que razão esta sondagem apresentou estes resultados e não outros, porventura mais expressivos para os putativos candidatos do centro esquerda (Guterres e António Vitorino).

Creio que uma possível resposta a esta questão repousa na circunstância de muitos dos inquiridos não conseguirem fazer a distinção da função de Marcelo analista  e comentador, que aparece semanalmente no espaço público, daquela outra dimensão de Marcelo  - agente politico - em que, em rigor, a percentagem de apoios dos eleitores (ou dos inquiridos na sondagem!!) seria, provavelmente, menor. 

Ou seja, apesar de tudo, os inquiridos apreciam mais a vertente de Marcelo analista-comentador do que a do agente político, e talvez tenha sido essa bonomia natalícia que tenha permitido inflacionar tanto os resultados das intenções de voto conferidas ao eventual candidato presidencial apresentado pelo centro direita que é, aliás, uma hipótese profundamente contrária à vontade - objectiva e subjectiva - do alegado PM ainda em funções. 

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