O fiasco do ajustamento - por Pedro Silva Pereira -
A Comissão Europeia diz que os cálculos da Ministra das Finanças estão errados e prevê que o Governo falhe por muito a meta do défice, que deverá ficar afinal bem acima dos 3%, violando os compromissos assumidos. O BCE confirma. E se o FMI discorda é apenas porque acha que será ainda pior: antecipa para 2015 um défice "marcadamente superior" ao do Governo (3,4% do PIB) e avança que, por este andar, nem em 2016 teremos um défice abaixo de 3%. Até o caseiro e sempre prestável Conselho das Finanças Públicas, órgão criado para validar a credibilidade do exercício orçamental, desta vez não conseguiu evitar dois "pequenos" reparos: não acredita no corte da despesa e não acredita na estimativa das receitas. E todos, incluindo a UTAO e o Conselho Económico e Social, liderado pelo social-democrata Silva Peneda - esse famigerado cabecilha da "brigada do resgate" - parecem concordar nisto: o cenário macroeconómico em que assenta todo o Orçamento é uma pura fantasia. A saraivada foi de tal ordem que, antes ainda deste Orçamento ser votado, a Ministra das Finanças já teve de admitir "ajustar" o ajustamento.
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Obs: Além da impreparação técnico-política na elaboração de orçamentos e na prossecução da boa governação - a falta de seriedade política em reconhecer o óbvio - a de que este orçamento é pura ficção e feito à medida para acompanhar à morgue o XIX Governo (in)Constitucional - obriga todas as instituições económicas e financeiras internacionais a chumbar este amontoado de falsas promessas, à semelhança do próprio Programa eleitoral comunicado por Passos Coelho à sociedade e com base no qual foi eleito.
Tudo neste antigo "cooperante" da Tecnoforma e fundador de Ongs para sacar subsídios à Europa - com a ajuda do engº Deus Pinheiro - é postiço.
Coelho - esse grande malabarista - tem dito e redito que não é demagogo, mas este soi-disant orçamento não é senão uma manta de retalhos para continuar a sobreviver políticamente, pois doutro modo Belém seria obrigado, imediatamente, a cortar o tubo de oxigénio que continua a alimentar artificialmente este prematuro amontoado de gente que alguns - prosaicamente - cunham de governo.
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