quarta-feira

Passos Coelho e Fernando Nobre reeditam uma farsa do ancien régime






O médico Fernando Nobre, que na década de 80 foi convidado a criar a AMI em Portugal, e onde fez um trabalho voluntário interessante, com o apoio de milhões de euros - estatais e comunitários - operacionalizados através da sua fundação familiar, incorre agora no mesmo erro, apenas para retribuir a gratidão política da deslocação da viagem do alegado PM ao Sri Lanka, donde o médico assevera estar vivo da silva e pronto para mais uma humilhação política, agora na sua vertente presidencial, integrada na sua considerada carreira de médico sem fronteiras. 

Afinal, o que faz correr Nobre para o abismo? 
Afinal, o que explica Passos Coelho querer submeter o seu amigo a esse renovado abismo?!

Nos últimos anos de vida de António de Oliveira Salazar, em que este já estava tomado pela doença e limitado nas suas faculdades, o ditador julgava que ainda exercia o poder e os seus ministros lhe obedeciam, como acontecera durante décadas a fio. Todos fingiam uma representação do poder para não desagradar ao ditador e, de certo modo, permitir-lhe continuar a gozar da ilusão do próprio poder. 

No fundo, os seus colaboradores queriam apenas ajudar o ditador a morrer em paz, mas ainda montado na cadeira do poder, que, curiosamente, acabou por o matar...

Neste caso, Fernando Nobre, que ainda por cima é médico e encontra-se na plenitude das suas faculdades mentais, parece estar apostado a caminhar apressadamente para o abismo, e o mais curioso é que nessa farsa colabora um alegado PM, que aqui personifica o papel de um dos ex-ministros de Salazar, ao fingir que desconhece o desfecho óbvio de mais um desastre político antecipado. 

Não deixa de ser curioso e irónico que tanto em ditadura como em democracia os agentes políticos, por variadas razões, algumas das quais remetem para os sete pecados capitais, se comportem da mesmíssima maneira. 

A conduta daqueles players, além de politicamente irrealista revela também que nada aprenderam com a história. E tanta incompreensão num espaço de tempo tão curto só pode denunciar uma coisa por parte daqueles figurantes: idiotice e primarismo político.

Até porque não é seguindo este caminho mais longo que Passos Coelho afasta Marcelo Rebelo de Sousa de Belém. Ou melhor, seguindo aquele caminho espinhoso e ridículo, Marcelo ainda vê encurtadas essas distâncias. 

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