terça-feira

O fim do CDS - por Luís Meneses Leitão -



Apesar de ter celebrado os seus 40 anos com pompa e circunstância, o CDS está à beira do fim. Na verdade, este partido tinha essencialmente como bandeiras políticas a defesa da família, a protecção dos pensionistas e a redução dos impostos. Quanto à defesa da família, o PSD acabou de apresentar um relatório sobre a natalidade que repescou antigas posições suas sem lhe fazer uma única menção. Em relação à protecção dos pensionistas, o CDS foi incapaz de os defender no governo, tendo aceitado que as pensões fossem devoradas pela contribuição de solidariedade, inicialmente transitória, mas que agora vai passar a definitiva. Finalmente, em relação à redução dos impostos, a ministra das Finanças conseguiu transformar num nado morto a reforma do IRS precisamente no momento em que o seu secretário de Estado a anunciava. É verdade que o líder do CDS exibe hoje o pomposo título de vice-primeiro-ministro, mas é meramente simbólico, pois já não tem qualquer influência no governo.



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Obs: Mais uma vez Luís Meneses Leitão põe o dedo na ferida. Neste caso, numa ferida defunta que nunca foi senão uma espécie de rameira de serviço do sistema político português, pois não podemos esquecer que o CDS, por várias vezes integrou o Governo da República - ora coligado com o PS, ora com o PSD - sem, de facto, ter ganho eleições legislativas. 

Ou seja, sempre foi um partido com uma influência política desproporcional, porque foi inflacionada a sua importância eleitoral relativa no quadro das pastas que governamentalmente ocupou no pós-25A. 

Além do facto, que é grave, e foi devidamente sublinhado no texto acima, de ter defraudado as legítimas expectativas que o seu tradicional eleitorado nele depositou. Numa palavra: o CDS sempre foi um embuste, nos últimos anos o partido dum homem só (Paulinho portas), com causas dignas, mas com uma pragmática única: a do poder pelo poder. 

E será essa mesma pragmática que, doravante, fará o funeral a este anacronismo do sistema politico-partidário português.

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PS: Além daquelas três bandeiras, outras houve, como a defesa da lavoura & pescas que, como sabemos, foram para o galheiro. Também aqui o embuste foi colossal. 

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